A justificativa do órgão é que o ministro da Educação afirmou, em 2020, que adolescentes homossexuais procedem de famílias desajustadas
Por Patricia Scott
A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou, nesta segunda-feira (31), o ministro da Educação, Milton Ribeiro, ao Supremo Tribunal Federal (STF) por homofobia. A queixa tem como base uma entrevista ao Estado de São Paulo, quando afirmou, na ocasião, que adolescentes homossexuais decorrem da falta de atenção de pais e mães. Cabe à Corte decidir se Ribeiro se tornará réu no processo, sob relatoria do ministro Dias Toffoli.
“Acho que o adolescente, que, muitas vezes, opta por andar no caminho do homossexualismo, tem um contexto familiar muito próximo, basta fazer uma pesquisa. São famílias desajustadas, algumas. Falta atenção do pai, falta atenção da mãe. Vejo menino de 12, 13 anos optando por ser gay. Nunca esteve com uma mulher de fato, com um homem de fato, e caminhar por aí. São questões de valores e princípios”, opinou Ribeiro na entrevista concedida no dia 24 de setembro de 2020.
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Ao desqualificar homossexuais publicamente, segundo a PGR, Milton Ribeiro, que é pastor, ofende tanto os integrantes desse grupo quanto seus familiares. Declarações de pessoas em posição de poder e influência, de acordo com a denúncia, como é o caso de ministros de Estado, induzem a sociedade a ter como legítima a prática de comportamentos violentos contra a comunidade LGBTQIA+.
“Ao afirmar que adolescentes homossexuais procedem de famílias desajustadas, o denunciado discrimina jovens por sua orientação sexual e preconceituosamente desqualifica as famílias em que foram criados, afirmando serem desajustadas, isto é, fora do campo do justo curso da ordem social”, ressaltou o vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros.
Milton Ribeiro, no ano passado, em sua defesa justificou: “Naturalmente eu tenho minha liberdade também de opinião e ali eu estava me referindo não propriamente aos adolescentes, mas às crianças. Eu respeito muito as opções como ministro de Estado. Como pastor, eu tenho minhas próprias convicções, mas, como ministro de Estado, eu sou ministro de todos“.