Governo vai propor restrição ao uso de celulares nas escolas, mas especialistas destacam a importância do uso consciente da tecnologia
Por Patrícia Esteves
O debate sobre o uso de celulares nas escolas tem ganhado cada vez mais destaque, e está longe de acabar, especialmente com o recente anúncio do governo federal de que está elaborando um projeto de lei para proibir o uso de celulares nas salas de aula. O tema também tem sido debatido na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados e visa a proibir o uso desses dispositivos tanto em instituições de ensino públicas quanto privadas. A medida faz parte de um pacote de ações do Ministério da Educação (MEC), e está prevista para ser apresentada nas próximas semanas.
A proposta estará fundamentada em estudos que apontam os efeitos negativos do uso descontrolado da tecnologia no ambiente escolar, incluindo a queda no rendimento acadêmico e a interferência na socialização entre os alunos.
Uma pesquisa recente realizada pelo Instituto Locomotiva e QuestionPro apontou que 80% dos adultos brasileiros são favoráveis à proibição do uso de celulares nas escolas. Entre os pais, o apoio é ainda maior, chegando a 82%. A percepção de que o uso indiscriminado dos aparelhos deve ser restringido se estende também a 72% dos entrevistados que não têm filhos, e a aceitação da medida é especialmente alta entre os maiores de 61 anos, com 87% de apoio.
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Como criar filhos em um mundo cheio de pornografia? - Três dicas para proteger e equipar os filhos em tempos de desafios muitos morais “Este é um consenso generalizado na sociedade; não há divergência significativa entre gênero, idade ou perfil socioeconômico”, afirma Gabrielle Selani, gerente de Pesquisa Quantitativa do Instituto Locomotiva sobre os dados que, segundo ela, revelam uma crescente preocupação com o impacto do uso de dispositivos eletrônicos, especialmente entre crianças e adolescentes.
A pesquisa do Instituto Locomotiva também aponta que 90% dos entrevistados acreditam que as crianças, atualmente, estão menos interessadas em brincar ao ar livre devido ao uso excessivo de telas (celulares e televisão). Além disso, 69% acham que a idade ideal para ter o primeiro celular é a partir dos 13 anos, mas 86% dos entrevistados reconhecem que os jovens desejam ter o aparelho muito antes disso. Esse dado sugere que, além de regular o uso de celulares nas escolas, é necessário atentar também para o tempo de exposição às telas e o conteúdo acessado pelos jovens fora do ambiente escolar.
A preocupação com o uso excessivo de celulares entre os estudantes não se restringe apenas ao impacto no desempenho acadêmico, mas abrange também aos efeitos psicológicos e sociais. Os entrevistados da pesquisa mencionaram diversos efeitos negativos associados ao uso precoce e descontrolado dos dispositivos, como o aumento da ansiedade, distúrbios do sono, depressão, isolamento social e crescimento de casos de cyberbullying. “Essa questão impacta toda a sociedade e exige uma abordagem abrangente para mitigar os efeitos do uso descontrolado de telas”, complementa Gabrielle Selani.
