Para Rodolfo Capler, há uma compreensão equivocada sobre fé e bênção associada ao “resultado imediato” como sinal de aprovação divina ou oportunidade concedida por Deus
Por Patricia Scott
Pesquisa do Datafolha revela que os evangélicos são menos propensos a participar dos tradicionais jogos de azar. De acordo com o estudo, a proporção de evangélicos que apostam em loterias ou no jogo do bicho (ilegal no Brasil) é menor do que entre os católicos.
Entre os evangélicos, 19% costumam jogar na Mega-Sena e outras loterias da Caixa Econômica, 9% apostam na Loteria Federal e 4% participam do jogo do bicho. Já entre os católicos, os índices são significativamente mais altos: 36% jogam na Mega-Sena, 15% na Loteria Federal e 10% no jogo do bicho.
A pesquisa foi conduzida nos dias 5 e 6 de novembro, em 113 municípios brasileiros. Entre os 1.935 entrevistados, 51% se identificam como católicos, com uma margem de erro de três pontos percentuais, para mais ou para menos, nesse segmento.
Os evangélicos representam 24% do total, com uma margem de erro de cinco pontos percentuais, devido ao tamanho menor da amostra. O restante da amostra se distribui entre pessoas de outras religiões ou aqueles que afirmam não seguir nenhuma crença, totalizando 13%.
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“Em tempos de dificuldade financeira, muitos se deixam seduzir pela ideia de que podem transformar pouco dinheiro em grandes ganhos. Essa dinâmica acaba dialogando, infelizmente, com uma compreensão equivocada de fé e bênção, que visa o ‘resultado imediato’ como um sinal de aprovação divina ou uma oportunidade dada por Deus”, avalia o pastor Rodolfo Capler, líder da Igreja Batista Alternativa em Piracicaba (SP).
Dentro desse contexto, Capler acredita que a igreja precisa, primeiro, educar os fiéis sobre os perigos das apostas. É importante abordar o tema em sermões, estudos bíblicos e conversas pastorais, explicando que a confiança no sustento de Deus não passa por essas práticas, mas por trabalho honesto e administração sábia dos recursos. “Além disso, é fundamental fortalecer a teologia da contentação e da dependência de Deus, combatendo a mentalidade de ‘ganhos fáceis’”, avalia.
Outro ponto destacado pelo pastor tem relação com a igreja oferecer apoio prático. Segundo Capler, muitas vezes, quem se envolve com apostas está lidando com crises financeiras ou emocionais. “A igreja pode ser um espaço de acolhimento, ajudando essas pessoas a reconstruírem suas finanças e sua confiança em Deus”. Rodolfo admite ser um desafio, mas também uma oportunidade para “reafirmar os valores do Evangelho em um mundo marcado por ilusões e promessas vazias”.
