Compreendendo a visão bíblica sobre o destino eterno e a lembrança dos que partiram, o cristão em uma percepção diferenciada sobre a morte
Por Patrícia Esteves
Em 2 de novembro, Dia de Finados, muitos dedicam o dia a se lembrar daqueles que já partiram. Esse sentimento de saudade, que persiste com a perda de entes queridos, é natural e humano, mas o que a Bíblia ensina sobre a morte, a vida eterna, e o papel dessa lembrança? O entendimento cristão sobre o destino final da alma traz uma perspectiva única para os fiéis, oferecendo tanto esperança quanto um direcionamento claro sobre a continuidade da vida após a morte, segundo os ensinamentos bíblicos.
O pastor Adilson Neves, da Comunidade Shekinah, em Brusque/SC, destaca que a Bíblia não proíbe a lembrança dos mortos e, ao contrário, traz orientações sobre a eternidade. Segundo ele, “o Finados para os evangélicos é um dia de celebrar a vida eterna em Cristo porque a morte não é um fim, nem significa perder; mas, ganhar. Jesus afirmou que no céu não haverá nem choro, nem dor, nem lágrimas; mas, uma vida sem sofrimentos e como um marco da vitória que o próprio Jesus promoveu e gerou na cruz do Calvário e na sua própria ressurreição”.
“Para os mortos salvos em Cristo há a promessa da ressurreição, e aos perdidos a condenação eterna”, disse o pastor. Essa dualidade entre a vida eterna e a separação final aparece em diversos trechos bíblicos, como em Hebreus 9:27, que enfatiza que “aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo”. Essa ideia reforça a noção de que, uma vez que a vida termina, a sorte de cada um está decidida.
Nos Salmos 146:2-4, encontra-se o ensinamento de que a vida e os planos terrenos terminam com a morte física: “Quando o espírito deles se vai, voltam ao pó; naquele mesmo dia acabam-se os seus planos”. Para o pastor, esse versículo destaca a limitação humana diante da eternidade e confirma que “não é possível interferir na vida após a morte”. Essa compreensão ressalta que orações por mortos não alteram seu destino eterno, uma vez que o juízo já foi determinado.
Outro ponto que ele aborda é a parábola de Lázaro e o rico, relatada em Lucas 16:19-31, onde Jesus ensina sobre a existência de dois destinos distintos após a morte: bem-estar e sofrimento. “Cada qual ficará no lugar da sua escolha em vida,” enfatiza Neves, em artigo escrito para Comunhão (em 2 de novembro de 2022) apontando para a clareza de Jesus em ensinar que não existe comunicação entre mortos e vivos, nem oportunidade de mudança depois da morte. Essa mensagem é confirmada quando Jesus diz que “os que morrem no Senhor gozarão de felicidade eterna” (Apocalipse 14:13), enquanto aqueles que escolheram viver fora do propósito de Deus enfrentarão tormento consciente.
No entanto, o Dia de Finados também pode ser visto como um momento de reflexão sobre a vida eterna que Jesus prometeu aos que o seguem. Ele reforça que Jesus já garantiu um lugar aos seus: “Na casa de meu Pai há muitas moradas […] Vou preparar-vos lugar” (João 14:2-3).
Para Adílson Neves, “Jesus afirmou que no céu não haverá nem choro, nem dor, nem lágrimas; mas, uma vida sem sofrimentos”. Assim, enquanto se lembra daqueles que partiram, o cristianismo encoraja a focar na esperança e na promessa de que, em Cristo, a morte não tem a palavra final. Sempre há esperança para aquele que crê.