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sábado, 20 abril 2024

Paulo Maximiano e os princípios bíblicos para o dinheiro

Paulo Maximiano, especialista na área de finanças, explica que se lidarmos com o dinheiro de acordo com os princípios das Escrituras, nossa comunhão com Cristo ficará mais íntima.

 Criado em 1985, o Ministério de Finanças Crown é conhecido mundialmente pelos cursos oferecidos a pequenos grupos sobre como ser um cristão que administra bem suas contas. No Brasil, o pastor Paulo César Maximiano é o diretor-executivo da entidade, pela Universidade da Família (UDF).Nesta entrevista, ele traz orientações para a boa gestão do dinheiro e do trabalho, sem que haja perda da ligação com Deus.

Como conduzir as finanças à maneira de Deus?
O dinheiro é o principal rival de Cristo pelo nosso amor. Precisamos entender quem é Deus. Será que Ele realmente é nosso provedor? Confiamos totalmente nEle e somos fiéis em tudo o que determina em Sua Palavra? Hoje muitas pessoas querem um Deus imediatista, que resolva seus problemas. Muitos querem cura, bons empregos, dinheiro no bolso. É importante entendermos que Deus dá a cada um conforme Ele quer; nosso papel é sermos “mordomos fiéis” do que Ele colocou em nossas mãos. Uma das primeiras atitudes que devemos ter é o arrependimento pela quebra de princípios de Sua Palavra e, através disto, confessarmos a Ele nosso pecado. Muitos acham que finanças e Deus são coisas distintas, porém falar sobre finanças é falar sobre caráter. E o Senhor, por meio de Sua Palavra, nos diz que devemos ser santos assim como Ele é (I Pedro 1:15,16). Jesus equipara a maneira como lidamos com o dinheiro à qualidade de nossa vida espiritual. Em Lucas 16:11, diz: “Assim, se vocês não forem dignos de confiança em lidar com as riquezas deste mundo ímpio, quem lhes confiará as verdadeiras riquezas?”. A verdadeira riqueza da vida é um relacionamento íntimo com o Senhor.

Se lidarmos com o dinheiro de acordo com os princípios das Escrituras, nossa comunhão com Cristo ficará mais íntima. Isso é ilustrado na parábola dos talentos, em Mateus 25.21, quando o Senhor congratula o servo que administrou o dinheiro fielmente: “Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu Senhor”. Podemos entrar no gozo de um relacionamento mais íntimo com o Senhor, à medida que lidamos com o dinheiro à maneira de Deus

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Quais as orientações para que um cristão endividado mude de vida e saia do sufoco?
A Bíblia não diz que dívida é pecado, mas desencoraja essa prática. Romanos 13.8 diz: “A ninguém fiqueis devendo coisa alguma”. Em Provérbios 22.7, a Palavra de Deus nos fala: “Assim como os pobres são dominados pelos ricos, quem pede dinheiro emprestado se torna escravo de quem empresta”. I Coríntios 7.23 relata: “Vocês foram comprados por um alto preço, não se tornem escravos de homens”.
Quero listar aqui alguns passos importantes para sair das dívidas: 1º: Ore – Em II Reis 4.1-7, temos a história da viúva e do azeite. Sabemos como Deus proveu aquela mulher que estava em uma situação muito difícil, porém ela obedeceu, buscou ajuda, confiou no Senhor, trabalhou, vendeu o azeite e ainda sobrou para que vivesse com seus filhos. O mesmo Deus que proveu sobrenaturalmente aquela viúva está interessado em vê-lo fora das dívidas. Ele pode agir imediatamente, como no caso da viúva, ou lentamente. Em qualquer uma das situações, a orientação é fundamental.
2º: Venda o que não estiver sendo usado – Avalie os bens para determinar se pode vender algo para ajudá-lo a sair da dívida mais rapidamente.
3º: Decida quais dívidas pagar primeiro – As dívidas com juros mais altos, como cartão de crédito e cheque especial, são prioridade. Também pode escolher eliminar seu débito com financiamento de veículo e empréstimos estudantis ou até mesmo começar a tentar antecipar seu financiamento imobiliário.
4º: Estratégia bola de neve – Pague o cartão de crédito que tem o menor saldo devedor; dessa maneira você será encorajado a continuar os pagamentos de forma exponencial. Após pagar o primeiro cartão, use o valor desse pagamento para pagar o segundo cartão com menor valor devido, e assim por diante. Essa é a estratégia bola de neve em ação! Depois, concentre-se em liquidar as dívidas de consumo da mesma forma que liquidou as de cartão.
5º: Considere obter uma renda adicional – Muitas pessoas têm emprego que não produzem renda suficiente para pagar suas dívidas. Um emprego temporário em tempo parcial pode fazer grande diferença.
6º: Controle o uso do cartão – Somos diariamente levados por uma onda de ofertas de crédito e de cartões de crédito. Geralmente gastamos um terço a mais quando usamos o cartão de crédito, pois temos a sensação de não estarmos gastando dinheiro. Se você não consegue pagar todo o saldo devedor no fim do mês, faça uma cirurgia plástica em seu cartão! Qualquer tesoura afiada faz isso!
7º: Contente-se com o que você tem – A indústria da propaganda usa métodos poderosos para fazer com que os consumidores comprem. Frequentemente, o objetivo da mensagem é criar descontentamento com aquilo que temos. I Timóteo 6.5,6 diz: “Homens cuja mente é pervertida e privados da verdade, supondo que a piedade é fonte de lucro. De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento”.
8º: Considere uma mudança radical de vida – Muitas pessoas abaixaram significativamente o padrão de vida para sair das dívidas de uma forma mais rápida. Algumas venderam suas casas e se mudaram para casas menores; outras alugaram um apartamento. Outras pessoas venderam carros com pagamentos altos e compraram veículos mais baratos. Em resumo, sacrificaram temporariamente o seu padrão de vida para tornarem-se livres das dívidas. 
9º: Não desista – Nunca desista de seus esforços para sair das dívidas. Isso pode requerer trabalho árduo e sacrifício, mas vale todo o esforço necessário para alcançar a liberdade. 

Muitas vezes vemos pessoas comprando sem necessidade, adquirindo bens de consumo que não vão usar ou simplesmente para um prazer momentâneo. Qual a palavra ou o direcionamento para um cristão que tem esse vício?
Na verdade, creio que falta o exercício dos frutos do Espírito: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão e domínio próprio. O domínio próprio é o freio de nossas paixões carnais, é o controle de nossos desejos. Muitas vezes compramos o que não queremos, com o dinheiro que não temos, para impressionar quem não conhecemos. Somos facilmente induzidos pelo marketing, compramos sem necessidade, por isso a importância do exercício dos frutos do Espírito em nossas vidas.

Hoje em dia muitas pessoas perdem o controle do consumo, e isso acaba afetando a sua relação com o Espírito Santo, com a igreja. O que fazer para não entrar nessa situação e, se acontecer, como sair disso e melhorar a vida emocional e espiritual?
A falta de controle nos leva muitas vezes a entrar em dívidas e com isso acabamos quebrando princípios da Palavra de Deus. Todas as vezes que os princípios são quebrados, consequentemente temos um afastamento do Senhor. Não podemos dizer que somos íntimos na relação com Cristo se não estamos vivendo Seus princípios; isso seria incoerente. A única maneira que vejo para não entrarmos em uma situação como essa é a obediência, e isso vemos em Deuteronômio 28:1-2 “Se atentamente ouvires a voz do Senhor teu Deus, tendo cuidado de guardar todos os Seus mandamentos que hoje te ordeno, o Senhor teu Deus te exaltará sobre todas as nações da terra… virão sobre ti e te alcançarão todas estas bênçãos… emprestarás a muitas gentes, porém tu não tomarás emprestado”.

O ano de 2015 foi complexo economicamente. Muitas famílias foram afetadas por esse momento devastador. Como fazer agora, ainda estando no meio do olho do furacão da crise econômica, para se estabilizar à luz da Bíblia?
Estamos sim vivendo dias difíceis, e isso não está perto de terminar; temos uma dívida interna imensa, taxas de juros extremamente elevadas, desemprego e outros fatores. Agora é um momento de eliminarmos todos os gastos extras, guardarmos dinheiro, diminuirmos despesas (com toda a família envolvida), como disse anteriormente, fazermos todo o esforço para sairmos das dívidas e, lógico, procurarmos viver de acordo com os princípios financeiros bíblicos. A crise vem para todos: os que são cristãos, os que não têm religião definida e até para aqueles que se consideram ateus. A grande diferença é que muitos que não seguem fielmente os princípios financeiros bíblicos acabam ficando no meio da crise e, para aqueles que são fiéis, o Senhor prometeu que nunca nos abandonaria e que nunca faltaria nada. Gosto muito de uma frase do Dr. Larry Burket (fundador do Ministério de Finanças Crown): “Mesmo se vier a crise e nós não tenhamos nada para colocar sobre a mesa, ainda assim viveremos do sobrenatural de Deus”.

Normalmente os filhos seguem o modo de agir dos pais. Existe fórmula para orientar os filhos a evoluir e lidar melhor com o dinheiro do que os pais?
A Palavra de Deus diz: “Ensina a criança ‘no’ caminho”, e não ‘o’ caminho. Nós pais devemos andar no caminho correto para que nossos filhos também possam andar no caminho certo. O caráter da criança, segundo a psicologia, desenvolve-se na primeira infância, até seus 6 ou 7 anos. Em estudos recentes, chegou-se à conclusão de que o caráter financeiro também se desenvolve nesse período e, depois, nós somos uma reprodução do modelo implantado. Pais e mestres gastam anos preparando os jovens para se tornarem bons profissionais, mas investem poucas horas para ensiná-los sobre o valor do dinheiro e como usá-lo quando estiverem exercendo suas carreiras. Existem três maneiras eficazes de ensinar princípios bíblicos para nossos filhos, são elas:
Exemplo: Os filhos absorvem as atitudes dos pais como uma esponja absorve a água. Os pais precisam ser exemplos de como lidar com o dinheiro de maneira sábia. Paulo reconheceu a importância de ser exemplo quando disse: “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo” (1 Coríntios 11:1). Podemos ensinar aquilo em que cremos, mas somente conseguiremos reproduzir aquilo que somos: “Todo aquele, porém, que for bem instruído será como seu mestre” (Lucas 6:40). 
Comunicação verbal: Devemos instruir os nossos filhos nos caminhos do Senhor, assim como Ele encarregou os israelitas “Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te” (Deuteronômio 6:6-7). 
Experiência: Os filhos precisam ter oportunidades de aplicar o que eles ouvem e veem em casa. Aprender a lidar com o dinheiro faz parte da educação dos filhos, e os pais não podem delegar essa responsabilidade. 

Nas empresas, como tratar o negócio à maneira de Deus, evitando a ingerência e a falência?Todos nós estamos sujeitos a passar por esse processo, porém temos que entender por que Deus nos deu um negócio. Todo negócio deve gerar lucro, com certeza, mas será que temos um negócio somente para deixar uma herança aos nossos filhos ou somente para ter uma vida melhor? Tenho a certeza de que o Senhor coloca em nossas mãos riquezas para que possamos ser bênção na vida de outras pessoas e, por meio disso, contribuir para que a grande comissão seja cumprida.  Muitas vezes usamos a lógica para tratar de negócios e quase nunca ela se harmoniza com a Palavra de Deus. O excesso de dívidas e juros frequentemente torna os negócios vulneráveis e na maioria das vezes a falência se dá pelo excesso desses itens. O empresário ou gerente cristão enfrenta um cenário nada favorável, no qual a corrupção e a falta de honestidade imperam em todos os setores. Entretanto, os princípios de Deus para os negócios não são oferecidos aos moldes de restaurantes self-service. 

Em outras palavras, você não pode simplesmente escolher os que mais lhe agradam e ignorar aqueles que você não gosta. A Palavra de Deus estabelece uma estrutura inteira, ou seja, uma fundação na qual os negócios devem funcionar. Você pode edificar um negócio (ou uma casa) sem uma fundação sólida, mas quando os ventos sopram e as ondas batem, tudo vem abaixo. A Palavra de Deus é a Rocha sobre a qual os negócios têm de ser fundados. “Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha; e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, que não caiu, porque fora edificada sobre a rocha” (Mateus 7:24-25).

E quais os personagens bíblicos que são bons exemplos quando falamos desse assunto?
Em Provérbios 31, vemos a mulher virtuosa. Podemos falar de José, Daniel (quando morou no palácio), Jacó, Abraão, Salomão, o rei Davi e muitos outros, porém observe que todos também erraram em suas vidas, cometeram pecados. O importante é entendermos que não precisamos ser como esses homens, e sim como o Deus desses homens. No Antigo Testamento, o Senhor prometeu riquezas a eles, porém Jesus Cristo nos prometeu a morada eterna.

Muitos, querendo buscar uma vida melhor para a família, exageram no trabalho e acabam se esquecendo do restante. Como Deus trata e orienta situações como essa?
Durante a nossa vida, uma pessoa gasta em média 100 mil horas trabalhando. Uma pesquisa recente mostrou que um homem, em média, muda de emprego a cada quatro anos e meio, e uma mulher, a cada três anos. Tédio, salários inadequados e outras incontáveis pressões contribuem para esse alto nível de descontentamento. Eclesiastes 9:10 diz: “Tudo quanto te vier às mãos para fazer, faze-o conforme as tuas forças”. Nas Escrituras, o trabalho árduo é encorajado, enquanto a preguiça é condenada. O seu trabalho deve ser de tal nível que as pessoas nunca relacionem a preguiça com Deus. Contudo, o emprego precisa ser equilibrado com outras prioridades da vida. Se o trabalho demanda tanto do seu tempo e de sua energia que você negligencia o seu relacionamento com Cristo ou com sua família, então está trabalhando demais, é preciso avaliar se é um trabalhador compulsivo. Êxodo 34:21 diz que temos que trabalhar seis dias e descansar um. Muitas vezes, quando estamos sob pressão financeira ou para entregar um projeto ou similar, isso parece não soar bem. O descanso pode se tornar uma questão de fé. O Senhor pode fazer com que os seis dias de trabalho sejam mais produtivos do que sete.

No fim de ano, famílias sempre exageram, porque recebem o 13º e gastam como se não houvesse amanhã. Aí vêm matrícula, material escolar, IPTU, IPVA e outras tantas contas. Como fazer para se preparar para esses momentos e não repetir os erros no próximo ano?
O brasileiro não tem o costume de poupar, mas sim de gastar. Muitas pessoas consideram que poupar é somente para a compra de uma casa ou de um bem de maior valor. Errado! Devemos aprender a guardar uma parte do que ganhamos todos os meses; dessa forma conseguimos livrar boa parte das responsabilidades que temos neste período. Se você quiser tirar férias, comece o planejamento no primeiro semestre, se possível ainda em maio ou junho. Junte todos os meses, e você acabará tendo um bônus no final do ano para pagar seu combustível, sua hospedagem, etc… Isso também serve para outros encargos que temos no início do ano. O seu 13º é para algo extra, e não para pagar dívidas, sejam do ano que passou ou sejam do ano que está iniciando.

Outro detalhe importante é que muitos pensam que devem começar a poupar quando tiverem um valor ou montante considerável. Esse é outro erro comum cometido. Você deve começar a poupar o que você tem, sejam R$ 5,00, sejam R$ 10,00 ou mais. O pouco em fidelidade se torna muito.

Temos visto muitas notícias de corrupção praticadas por evangélicos. Isso começa com os pequenos delitos que muitas vezes não achamos que são pecado, mas são. O que dizer para as pessoas como alerta para evitar essa prática?
Muitas pessoas usam o termo: “Todo mundo faz”. Quando o Senhor fala em Mateus 22.14 “Muitos são chamados e poucos os escolhidos”, Ele não falou todos, Ele falou muitos, e dos muitos somente poucos serão escolhidos. Obedecer a Cristo e à Sua Palavra é uma decisão que cada um deve tomar, para que possa naquele dia em que estiver diante do Senhor ouvir: “Servo bom e fiel.

A matéria acima é uma republicação da Revista Comunhão. Fatos, comentários e opiniões contidos no texto se referem à época em que a matéria foi escrita.  

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