Os líderes cristãos nunca foram acusados, formalmente, e sequer tiveram direito a julgamento
Por Patricia Scott
Na Eritreia, recentemente, três pastores – Haile Nayzgi, Kiflu Gebremeskel e Meron – completaram duas décadas de prisão. A informação é da Global Christian Relief, organização que apoia cristãos perseguidos no mundo.
“É inconcebível que esses [pastores] permaneçam presos em condições horríveis”, afirmou o Frank Wolf, da Comissão dos Estados Unidos sobre Liberdade Religiosa Internacional (USCIRF), acrescentando que “outros líderes da igreja eritreia não devem sofrer o mesmo destino. A segurança e o bem-estar dos prisioneiros de consciência religiosos precisam ser uma prioridade para a comunidade internacional”.
Mesmo sem nunca terem sido acusados formalmente por um crime, eles estão presos. Os pastores também não conseguiram apoio jurídico e sequer tiveram um julgamento.
Os líderes cristãos, assim como centenas de cristãos, estão detidos injustamente devido à fé no país da África Oriental. A Eritreia está na 4ª posição na Lista Mundial da Perseguição 2024, da Missão Portas Abertas, que elenca os 50 piores lugares para o cristão viver.
O missionário Todd Nettleton, apresentador da rádio Voz dos Mártires nos EUA, conheceu dois dos pastores presos: Kiflu Gebremeskel e Haile Nayzgi.
“São semanas longe de suas famílias. As crianças que eram muito pequenas quando os pais foram presos agora estão formadas na faculdade. Quantos marcos familiares esses dois cristãos perderam?”, comentou Todd.
Ele afirmou ainda: “Como pai e avô, eu choro ao pensar em todos os momentos significativos que eles sacrificaram por causa de Cristo e de seu reino. Se você é cristão, peço para que ore por eles”.
Perseguição aos cristãos
Um país de particular preocupação “por ter se envolvido ou tolerado violações particularmente graves da liberdade religiosa”, desde 2004, de acordo com a USCIRF.
“A Eritreia é como uma prisão gigante. O país está cheio de cadeias. É como a Coreia do Norte”, ressaltou Berhane Asmelash, um pastor eritreu.
Mesmo com a forte perseguição que enfrentam, os crentes eritreus permanecem firmes na fé. “Nada nos vem sem a vontade de Deus. Através da perseguição a igreja cresce”, declarou um pastor local, não identificado.
A Eritreia possui 1,8 milhão de cristãos dentre os 5,6 milhões de habitantes. Somente as igrejas Ortodoxa Eritreia, Católica Romana e Luterana podem funcionar no país. Cidadãos que frequentam outras denominações correm o risco de serem presos, sob forte vigilância do governo.
Cabe destacar que os cristãos detidos enfrentam condições terríveis na prisão, incluindo tortura e abuso sexual, conforme a USCIRF. Muitos são mantidos em contêineres, que são deixados na selva, com os prisioneiros enfrentando calor extremo durante o dia e baixas temperaturas à noite. Com informações de Global Christian Relief