O tema será abordado na próxima terça-feira (16), durante o “Café de Comunhão”, realizado na cidade de Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo
Por Patricia Scott
Um estudo recente revelou que, devido ao esgotamento pós-pandemia, muitos pastores nos Estados Unidos consideraram abandonar o ministério. O levantamento, divulgado no início de 2024 pelo “Instituto Hartford de Pesquisa Religioso, foi desenvolvido como parte do projeto “Explorando o Impacto da Pandemia nas Congregações”.
A partir do estudo, os especialistas compartilharam que mais de quatro em cada 10 pastores entrevistados em 2023 pensaram em deixar a congregação pelo menos uma vez. Assim como mais da metade pensou em abandonar o ministério. Cerca de 1.700 pastores, de mais de 40 denominações, foram ouvidos.
No Brasil, o estresse e o esgotamento mental e emocional também têm impactado a vida de muitos pastores. Em 2021, pesquisa divulgada pela Envisionar, consultoria para formação de lideranças, aponta que 7% dos entrevistados se consideram muito estressados, 41% disseram estar estressados, 44% consideraram-se pouco estressados e apenas 8% responderam não ter estresse. Apesar de o estresse vir de diferentes áreas da vida do líder, a parte ministerial é responsável por grande parte dessa carga. Entre o público entrevistado, havia representantes das cinco regiões do país de denominações de diferentes vertentes – históricas (50%), pentecostais (28%) e independentes ou comunidades (22%).
Como resposta a essa realidade, a revista Comunhão realiza, no próximo dia 16 de abril, terça-feira, às 8h30, o “Café de Comunhão” com o tema “Pastor, quem cuida de você?”. O evento será no Cerimonial Bom Gosto, em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo. Um momento de comunhão, boa música com Alessandra Rangel e Banda Comunhão, além da ministração da Palavra com o pastor Gedimar de Araújo, coordenador nacional do pastoreio de pastores do MAPI e líder sênior da Igreja Ágape em Vitória (ES).
“Quando o pastor não é cuidado, ele sofre, e todos ao redor dele também sofrerão. Muitos, entretanto, não se deixam ser cuidados. Isso ocorre porque eles têm a falsa ideia de que, sendo pastores, não precisam de mais ninguém”, ressalta o pastor Gedimar de Araújo, acrescentando que, assim, “preferem manter uma máscara de perfeição”.
O líder religioso observa, ainda, que a resistência dos pastores ao cuidado está relacionada à desconfiança, ao medo de transparência e à vulnerabilidade gerados por abusos e feridas, além do individualismo, da insegurança, do orgulho e da falta de tempo. “Escondem fraquezas, em lugar de compartilhá-las e buscar superá-las”.
Gedimar destaca que o pastor é uma pessoa sujeita a vulnerabilidades, erros e esgotamento como qualquer outro indivíduo. Desse modo, precisa também de cuidados, inclusive para dar o exemplo. Até porque não se sente livre para esse tipo de compartilhar com as ‘ovelhas’ e com os liderados. “A solidão é uma fortaleza que erguemos para nos proteger de feridas e decepções. Queremos manter outros do lado de fora de nossa vida”.
Orientação do Espírito Santo
Ao compartilhar da mesma visão, o pastor Josué Gonçalves, que desenvolve o programa PDP (Pastor Discipulando Pastor), pontua que Timóteo era pastoreado por Paulo, com quem mantinha frequente contato. Quando o apóstolo, inspirado pelo Espírito de Deus, impulsionou o seu discípulo a cuidar de si mesmo e da doutrina (1 Tm 4.16). “Quem lê as cartas percebe o cuidado pastoral para as diversas áreas do coração de Timóteo, ao falar de uma boa consciência e de uma fé sem fingimento, ao encorajá-lo a selecionar o que ocupava seus pensamentos e conversas”.
Na visão de Gonçalves, é importante compreender que, antes de ser pastor, o líder é um irmão em Cristo que também carece de pastoreio. “Todos temos pontos cegos. Há situações que, simplesmente, não enxergamos. No convívio da igreja, esses pontos podem ser evidenciados, mas pode ser que ninguém se atreva a sinalizá-los para o pastor, e ele fica vulnerável, exposto ao ridículo do próprio pecado (ou debilidade), sem que o ajudem”, avalia e emenda: “Falar a verdade em amor deve ser prática comum da igreja. Mas ter uma pessoa experiente para acompanhar a nossa vida é um privilégio que não deve ser abandonado, mas, sim, buscado. Todo pastor deve ter um pastor, alguém a quem ele preste contas”.
Sendo assim, diz o pastor Josué, sem generalizar, com exceção de calamidades e luto, o esgotamento dos ministros é causado pela inversão das prioridades. Ele lembra que Jesus ensina a viver ao resumir a Bíblia em dois mandamentos (Marcos 12.30,31). “Se os praticarmos, provavelmente, resolveremos 80% dos esgotamentos”.
Gonçalves aconselha os pastores a buscarem, no momento de oração, o auxílio do Espírito Santo, para que possam encontrar a pessoa certa para o suporte de que necessitam. “Creio que Deus tem esse apoio para os pastores. Há muitos que já estão aposentados, que foram jubilados por idade e que teriam muito prazer de ajudar os jovens ministros em suas lutas e em seus desafios”.
Serviço
Evento: Café de Comunhão
Tema: Pastor, quem cuida de você?
Realização: Revista Comunhão
Dia: 16 de abril
Hora: 8h30
Local: Cerimonial Bom Gosto
Endereço: Rua João Sasso, 1 – Paraíso – Cachoeiro de Itapemirim (ES)
Confirmação da Presença: [email protected]/(27)99261-1507 [WhatsApp]