Wesley Amaral afirma que não vê o divórcio como solução fácil e encoraja vítimas de violência a buscar transformação de vida com coragem e fé em Deus
Por Patrícia Esteves
Uma pregação do pastor Wesley Amaral, da Igreja Casa da Sabedoria, em Samambaia do Sul, Distrito Federal, repercutiu nas redes sociais por ele orientar mulheres vítimas de violência doméstica a se separarem de seus agressores e confiarem no sustento de Deus. A mensagem se tornou viral, com Amaral destacando que Deus estaria ao lado dessas mulheres em sua decisão de deixar um relacionamento abusivo.
Durante o sermão, Amaral afirmou que, ao permanecerem em um casamento abusivo por dependência financeira ou por causa dos filhos, as mulheres demonstrariam falta de confiança em Deus. Segundo ele, o mesmo Deus que as sustenta por meio do marido também as apoiará se elas decidirem sair do relacionamento. “Você precisa mostrar a esse homem que tem um Deus que cuida de você e dos seus filhos”, afirmou.
O pastor negou que estivesse promovendo o divórcio como uma solução simplista, enfatizando, em vez disso, a necessidade de coragem e de “mudança de vida” para aquelas que enfrentam parceiros violentos. “Se ele não quiser mudar de vida, você tem que ter posicionamento e coragem para mudar”, completou, encorajando as mulheres a depositarem sua confiança em Deus. A pregação gerou discussões nas redes sociais, com algumas pessoas apoiando a orientação dada por Amaral e outras criticando sua postura em relação ao divórcio.
Dados sobre violência doméstica entre evangélicos no Brasil e no mundo revelam uma realidade alarmante e complexa. No Brasil, um estudo da Universidade Presbiteriana Mackenzie mostra que cerca de 40% das mulheres evangélicas sofrem algum tipo de violência em suas próprias casas, com muitos agressores também professando a fé evangélica. Esse número reflete a amplitude do problema entre pessoas de diferentes denominações religiosas e destaca que, em muitos casos, a violência não é discutida abertamente dentro das comunidades de fé.
Internacionalmente, a violência doméstica também afeta mulheres de diversas religiões, incluindo as cristãs. Embora não existam estatísticas precisas para todos os países, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e outras instituições apontam que fatores culturais e sociais muitas vezes influenciam a perpetuação da violência, mesmo em contextos religiosos. Em diversas culturas, ainda há uma normalização de comportamentos violentos, que são perpetuados por interpretações culturais ou religiosas que limitam o papel e a voz das mulheres.
Esses dados sugerem que, além do apoio legal, campanhas educacionais e de conscientização são essenciais para combater a violência doméstica em contextos religiosos. Nesse contexto, entidades e igrejas têm promovido discussões e projetos para quebrar o silêncio sobre o tema, buscando alternativas de acolhimento e apoio às vítimas.
Assista ao vídeo da ministração do Pr. Wesley Amaral
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