O evento, organizado pela Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior da Assembleia Lgislativa do estado, também teve a participação do ex-procurador Deltan Dallagnol
Uma audiência pública realizada nesta terça-feira (21) na Assembleia Legislativa do Paraná debateu a transparência e a ética na gestão pública. O evento, organizado pelo presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior, deputado Fábio Oliveira (Podemos), reuniu nomes como o ex-procurador da República Deltan Dallagnol e o pastor, teólogo e escritor Lourenço Stelio Rega.
Coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol falou sobre a necessidade de haver no Brasil instituições que limitem as pessoas, além de regras que realmente funcionem.
“Existe mal dentro do homem. É o que, no ambiente cristão, a gente conhece como pecado original, “ser caído”. Existe nas pessoas um instinto de buscar o próprio interesse. Nós precisamos de instituições que limitem as pessoas, para que elas não caminhem na direção errada. Nós devemos buscar o melhor do ser humano, mas esperar dele o pior. Nós precisamos ter regras que funcionem, e uma Justiça que tenha uma espada pra punir quem age mal”, disse.
Dallagnol afirmou que, se o sistema não mudar, a corrupção continuará existindo no Brasil. “O sistema correu solto por tempo demais e foi ocupado por pessoas que tiveram incentivos diversos. Nós temos, hoje, um ex-condenado por corrupção na presidência da República”, comentou.
O pastor Lourenço Stelio Rega falou logo depois de Deltan Dallagnol e deu uma verdadeira aula sobre ética.
“Ética tem a ver com costume e caráter. Dinheiro não corrompe, mas, sim, revela o caráter. Na minha vida privada, eu tenho que desenvolver um caráter ético. O ser humano nasceu para decidir. Ao tomar decisões, quais são os referenciais dessa decisão? O ponto de partida da ética é: em qual fundamento eu me baseio para tomar uma decisão? E até uma não decisão é uma decisão. A ética é como um GPS que precisa ser calibrado com o satélite correto, que são os nossos princípios, que estão no nosso interior, na nossa alma, no nosso caráter”, explicou.
Rega destacou a urgência de a ética fazer parte da gestão pública e ressaltou que os gestores não podem misturar o público com o privado.
“Quando eu aplico a ética à gestão pública, isso envolve alguns procedimentos. Ao exercer uma função pública, eu não posso fazê-lo como a procurar uma ação entre amigos. A ética contempla a gestão com competência, a integridade, a coerência e a priorização do cumprimento da lei”, citou.
Para o pastor, os cidadãos precisam assumir o papel de construtores efetivos da realidade.
“O Brasil é um país que pode dar certo, apesar de muitos desejarem o contrário. Temos criatividade, mas precisamos ter esperança. Não podemos continuar apenas como consumidores da realidade, precisamos assumir o papel de sujeitos históricos participantes da construção da nossa vida. Precisamos de uma reinvenção do que é o Brasil e do que é o brasileiro. Fé, esperança e amor formam o tripé da sustentabilidade de uma nação”, ressaltou o pastor.