Caso expõe crescente violência anticristã e impunidade em ataques liderados por milícias extremistas Fulani
Por Patricia Scott
O sequestro e assassinato do pastor James Audu Issa, líder da Igreja Evangélica Winning All (ECWA), na região de Ekati, estado de Kwara, oeste da Nigéria, voltou a evidenciar a brutalidade enfrentada por cristãos no país. Mesmo após o pagamento de um resgate de 5 milhões de nairas (cerca de US$ 3.125), o pastor foi encontrado morto no deserto no dia 2 de outubro, mais de um mês após ter sido levado à força de sua residência dentro do complexo da igreja.
Segundo moradores locais, o crime foi cometido por homens armados identificados como parte de milícias Fulani — grupo étnico majoritariamente muçulmano, presente em várias partes da África Ocidental. Os sequestradores inicialmente exigiram 100 milhões de nairas, mas após negociações com familiares e membros da comunidade, o valor foi reduzido.
Contudo, após receberem o montante, os criminosos exigiram mais dinheiro e, antes que qualquer acordo adicional pudesse ser feito, tiraram a vida do pastor. “É uma crueldade sem limites”, relatou Peter Kolo, morador da região. “Ele era um homem pacífico, morto por causa da fé que professava.”
O reverendo Romanus Ebeneokodi, porta-voz da denominação ECWA, lamentou a tragédia em um comunicado breve: “Este pastor inofensivo foi morto, como tantos outros, deixando para trás esposa, filhos, comunidade e igreja em profunda dor”.
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Padrão alarmante de violência religiosa
Embora nem todos os membros do povo Fulani estejam envolvidos com extremismo, organizações internacionais alertam que facções radicais têm adotado estratégias semelhantes às de grupos jihadistas como Boko Haram e ISWAP (Estado Islâmico na Província da África Ocidental). Um relatório do Parlamento Britânico (APPG) já havia apontado, em 2020, que certos grupos Fulani demonstram intenção clara de atacar cristãos e destruir símbolos da fé cristã.
Na Nigéria, especialmente na zona centro-norte, ataques sistemáticos contra aldeias cristãs têm sido associados a tentativas de tomar terras agrícolas e impor uma agenda religiosa islâmica, em meio ao avanço da desertificação e escassez de recursos para os rebanhos.
De acordo com a Lista Mundial da Perseguição 2025, da organização Portas Abertas, a Nigéria é o país mais letal para cristãos em todo o mundo. Das 4.476 mortes registradas por causa da fé cristã, 3.100 ocorreram no país africano — cerca de 69% do total global.
O relatório também destaca o colapso da segurança em diversas regiões do país, especialmente no norte, onde o controle do governo é limitado e os cristãos enfrentam sequestros, violência sexual, execuções e invasões armadas. Novos grupos jihadistas, como o Lakurawa, afiliado à Al-Qaeda, têm surgido com armamento avançado e estratégias expansionistas, ampliando o rastro de sangue para outras regiões.
O assassinato do pastor James Audu Issa é mais um retrato trágico de um cenário que já se tornou cotidiano para os cristãos na Nigéria. A impunidade alimenta a violência, e os sequestros para resgate se tornaram uma indústria lucrativa nas mãos de grupos armados.
A comunidade internacional continua sendo instada por organizações de direitos humanos e liberdade religiosa a pressionar o governo nigeriano por respostas efetivas. Enquanto isso, cristãos em várias regiões do país continuam vivendo sob risco constante — por simplesmente professarem sua fé. Com informações The Christian Today

