Não imaginaria que uma peste tão terrível pudesse nos fazer reviver o que os meus antepassados escravos viviam
Pandemia, pandemia, pandemia…
E pensar que sem você eu fui feliz um dia
Com parentes e amigos me encontrava os abraçava e sorria
Tudo isso agora é lembrança do que passou um dia
Não imaginaria que uma peste tão terrível pudesse
Nos fazer reviver o que os meus antepassados escravos viviam
Sem direito à liberdade, à terra ou ao salário pelo que produziam
Ao contrário, dos senhores de escravos apanhavam e sofriam
Pandemia, pandemia, pandemia…
Até quando terei que suportá-la, padecendo o que eu mais temia
Ficar confinado em casa como um pássaro engaiolado que assovia
Olhando as notícias de infectados e mortos,
Sinto a sensação de estar em uma noite sombria
Que me provoca imensa agonia
Então me pergunto: porque fazes isso conosco, oh pandemia, pandemia…?
Mas não adianta insistir porque
“apesar de você amanhã há de ser outro dia”
Você vai findar e nós vamos voltar a ter alegria
De nos reunirmos e nos abraçarmos uns aos outros
Com esfuzia
E assim viveremos nesta terra onde estão todas as crias
Esperando que alguma lição tenhamos aprendido com os efeitos da pandemia
Continuaremos vivendo e convivendo uns com os outros
até a vinda do Senhor ocorrer um dia
Quando, então, secará toda lágrima, saudade e dor
E, aí sim, eternamente viveremos na luz do Criador
Sem sentir medo, mas transbordamento de amor,
No céu com os anjos, arcanjos e querubins
Entoando uma linda e harmoniosa melodia
Que canta “pandemia, pandemia aqui no céu achei que não existia”
Até ser contaminado pela eterna alegria
Enfim não teremos mais medo
Nem nostalgia
Somente, paz, amor e a contagiante pandemia…
… de alegria
Bento Adeodato Porto é Procurador Federal aposentado