Nesse cenário, investidores buscam fazer hedge no ouro, um ativo de segurança
Por Matheus Andrade (AE)
O contrato mais líquido do ouro fechou em alta nesta quinta-feira, ainda repercutindo a tom “dovish” (mais leve) do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) em sua decisão de política monetária na quarta-feira, assim como a coletiva do presidente da instituição, Jerome Powell. A postura da autoridade monetária, sinalizando que apenas aumentará os juros quando a economia estiver recuperada, abre espaço para a inflação.
Nesse cenário, investidores buscam fazer hedge no ouro, um ativo de segurança. No entanto, ao longo da sessão, a alta do dólar, que torna o metal mais caro para detentores de outras divisas, limitou os ganhos.
Na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o ouro com entrega prevista para abril subiu 0,31%, a US$ 1.732,5 a onça-troy.
Durante o pregão, o ouro chegou a operar acima dos US$ 1.750 a onça-troy, o que ocorreu pela primeira vez desde o começo de março, segundo o Commerzbank.
O banco alemão aponta que o ouro se valorizou “significativamente” desde o anúncio da decisão do Fed, que constituiu, segundo os analistas, “uma rejeição de um princípio fundamental da política monetária, nomeadamente a abordagem preventiva da inflação”.
Esta é uma mudança importante em linha com a nova estrutura de política monetária do Fed que foi anunciada no ano passado, avalia o Commerzbank, já que em 2020 a autoridade monetária passou a adotar uma abordagem mais flexível sobre a inflação.
O banco alemão acredita que o movimento possa ter também outras motivações. “No entanto, vemos o aumento do preço do ouro de antemão como um sinal de força relativa e de crescente desconfiança no sistema financeiro no Fed”. “Vemos o ouro não apenas como um porto seguro no médio a longo prazo, mas também como uma proteção de capital e hedge de inflação, e prevemos preços mais altos”, projeta o Commerzbank.