A pregação, o ensino, a cura, a libertação e a restauração das pessoas necessitadas são aspectos do ministério de Cristo que devem constituir a agenda básica e prioritária da igreja
Por Joarês Mendes de Freitas
Atualmente, a maioria das igrejas evangélicas desenvolve uma multiplicidade de ministérios. Quanto maior a congregação, maior também é o número de atividades em que envolve os seus membros. No geral, essa diversidade ministerial guarda relação com as necessidades identificadas no contexto da igreja, bem como o potencial de recursos humanos presente no grupo.
De acordo com o Novo Testamento, cada crente é um servidor do reino e sabemos que a igreja, longe de ser uma casa de repouso, é uma oficina de trabalho. Paulo diz que: “Nós somos cooperadores de Deus” (I Coríntios 3.9). Esse mesmo apóstolo, ao utilizar a figura do corpo humano como ilustração da comunidade cristã, vê cada membro com uma função específica (I Coríntios 12.12-26). Logo, essa abundância de ministérios há que ser celebrada, porque significa uma expansão nas áreas de influência da igreja e, ao mesmo tempo, o envolvimento de um maior número de pessoas.
No entanto, nessa questão existe algo que muitas vezes passa despercebido, em especial pelos líderes. Com tantos ministérios, é fácil perder a visão do que é essencial e prioritário. Desse modo, se a gente olha para o ministério exercido por Jesus, vemos como Ele era estratégico em suas ações. Basicamente o seu trabalho estava focado em três aspectos: nosso Senhor pregava, ensinava e curava. Fazia isso por toda parte, tanto nas cidades quanto nos povoados menores (Mateus 9.35-36). Será que Jesus não fazia outras coisas? Com certeza que sim, no entanto as evidências são de que nessas três áreas estava o seu foco principal.
Wayne Cordeiro, no livro A Igreja Irresistível, menciona o que aconteceu em sua própria igreja, no Havaí, em tempos passados. Ele diz: “Reconhecemos que a conclusão das tarefas e a manutenção das nossas operações semanais se tornaram mais importantes do que qualquer outra coisa” (p.47).
Wayne oferece uma informação que deve nos preocupar: “Nunca houve necessidade maior de mais igrejas cumprirem o seu papel do que agora. Temos cerca de 370 mil delas nos EUA e gastamos algo em torno de 75 bilhões de dólares anuais em produtos destinados às igrejas (dados de 2012). Contudo, o impacto espiritual sobre as nossas cidades costuma ser insignificante” (p.21).


“Quando a igreja se mantém fiel à sua vocação, ela se torna um fator terapêutico na sociedade, capaz de levantar toda uma nação ou império a um nível superior de vida sadia” (Ray Stedman, Igreja: Corpo Vivo de Cristo, p.18).
Jesus se dedicava à pregação (proclamação da Palavra de Deus), ao ensino (ministério didático), à cura, libertação e restauração das pessoas necessitadas. Esses aspectos do ministério de Cristo devem constituir a agenda básica e prioritária da igreja.
Para escapar daquilo que chamamos “Ativismo ministerial”, responder a algumas perguntas pode nos ajudar. Por exemplo: por que estamos fazendo isso (qual a motivação)? Para que o fazemos (qual o objetivo)? A qual necessidade estamos respondendo? Isso faz parte das nossas prioridades? Este é o tempo certo para fazer?
Joarês Mendes de Freitas é pastor emérito da Primeira Igreja Batista em Jardim Camburi, Vitória, ES
“Com tantos ministérios, é fácil perder a visão do que é essencial e prioritário.”