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quinta-feira, 18 abril 2024

Onze de setembro, fanatismo e reconciliação

Nos momentos de dor podemos reafirmar nossa fé em Cristo e desistir de qualquer ímpeto mundano. A redenção é obra de Cristo, o ministério da igreja é a reconciliação

Por Davi Lago

Os vinte anos dos atentados terroristas de onze de setembro de 2001 completados hoje mostram o absoluto fracasso e total incapacidade de promover uma sociedade próspera através do fanatismo político e religioso.

Originado no vocabulário religioso latino, o termo “fanático” passou da ideia de “inspirado pela divindade” para designar certo comportamento intransigente por parte de facções religiosas no período da Reforma protestante.

De acordo com William Cavanaugh, Philip Melanchthon foi a primeira figura a utilizar o termo fanaticus homo como oposto de societas civilis, ou seja, a ideia de fanático como oposto de civilizado.

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Vale ressaltar o contexto: Melanchthon e Lutero mobilizaram o termo “fanático” para descrever a atuação política radicalizada dos anabatistas, grupo de protestantes liderados por Thomas Müntzer. Diferentemente dos luteranos, os anabatistas defendiam uma ruptura total entre seu grupo religioso e as autoridades seculares.

Assim, “fanático” seria aquele incapaz de compatibilizar suas crenças e condutas com a ordem secular. No curso dos debates filosóficos e políticos que se sucederam com as guerras de religião na Europa, outras acepções foram acrescentadas.

John Locke apresentou uma ideia bem demarcada ao contrapor fanatismo e tolerância. Ou seja, fanático seria aquele incapaz de tolerar o diferente. Tempos depois, Voltaire retomou a acepção lockeana, enfatizando o caráter místico e delirante do fanatismo. Immanuel Kant, por sua vez, apontou o caráter irracional do fanatismo, ampliando seu uso do campo religioso para o campo político.

No século vinte, a antropóloga Margaret Mead afirmou que o fanatismo é um fenômeno pan-humano e uma possibilidade sempre que houver um campo de escolha entre visões alternativas de vida.

Deste modo, há pelo menos dois elementos muito comuns nas concepções modernas de fanatismo: devoção exacerbada por uma crença e hostilidade ao restante das crenças. como Amós Oz afirmou: “muitos fanáticos nem sequer têm um self, ou qualquer vida privada. Eles são 100% públicos. Uma síndrome comum é uma combinação de interminável autopiedade com uma crença ardente numa redenção instantânea”.

Como disse Billy Graham na Catedral Nacional em 14 de setembro de 2001, o mundo só se constrói se entendermos que precisamos uns dos outros. O caminho cristão é o caminho da reconciliação. Nos momentos de dor podemos reafirmar nossa fé em Cristo e desistir de qualquer ímpeto mundano. A redenção é obra de Cristo, o ministério da igreja é a reconciliação.

Davi Lago, Capelão da Primeira Igreja Batista de São Paulo

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