A prática, muito comum no Novo Testamento para tratar de enfermos, apesar de quase cair em desuso atualmente, ainda é utilizada por algumas igrejas.
Por Cristiano Stefenoni
Em tempos de tecnologia, com medicamentos e tratamentos cada vez mais modernos, a “unção com óleo”, muito comum na época do Novo Testamento, tem caído em desuso pela maioria das igrejas evangélicas atualmente. Contudo, essa prática possuía uma finalidade específica no passado que, dependendo da situação, pode ser utilizada no presente.
De acordo com o pastor José Ernesto Conti, da Igreja Presbiteriana Água Viva no bairro Estrelinha, em Vitória, a Bíblia fala na unção com óleo para uso nos doentes. Porém é necessário entender dois pontos importantes:
“Primeiro, o óleo no tempo de Jesus também era utilizado para fins medicinais. A parábola do bom samaritano mostra isso (Lc 10:25). Segundo, Tiago nos afirma que seria a ‘oração da fé’ que salvaria o enfermo (Tg 5:15) e não a unção com óleo. É importante saber que Deus pode curar com ou sem óleo, com ou sem remédio. A vontade do Senhor sempre é soberana e Ele não tem nenhuma obrigação de curar alguém só porque usou óleo”, explica Conti.
Outro ponto abordado pelo pastor é quanto ao uso indiscriminado dessa prática, como se houvesse ali algum poder especial com garantia absoluta de sucesso, o que, do ponto de vista bíblico, isso não procede.
“Muitas igrejas evangélicas transformaram essa prática em algo ‘especial’ como se Deus tivesse a obrigação de curar todos que foram ungidos. Não somos nós, por maior que seja nossa fé, que damos ordem a Deus ou exigimos algo para simplesmente mostrar nosso poder pessoal. Deus não tem compromisso com esse tipo de ritual”, alerta.
Porém, o pastor ressalta que a unção com óleo pode ser utilizada em alguns casos específicos, principalmente, com os enfermos, e deve ser feita exclusivamente por um pastor.
“No Velho Testamento a unção com óleo servia para identificar os escolhidos de Deus para uma determinada missão. No Novo Testamento, vemos que a unção com óleo serve apenas para enfermos. Qualquer uso diferente disso acaba criando um misticismo impróprio para o cristão. E Tiago recomenda que essa prática seja feita pelos presbíteros (Tg 5:14)”, afirma.
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Mesmo assim, o pastor José Ernesto orienta que o caminho mais seguro para qualquer tipo de enfermidade é “buscar todos os recursos que a medicina possui e orar com toda a fé possível diante de um Deus misericordioso”.
Por último o pastor alerta para o cuidado em não transformar algo específico e sagrado em práticas “místicas” com intuito “milagreiro” apenas para dominar a fidelidade de alguns irmãos à igreja.
“Infelizmente é dessa forma que algumas denominações e/ou igrejas enxergam a unção com óleo e com isso acabam acorrentando muitos cristãos incautos, fazendo que essa prática bíblica se torne um amuleto ou simpatia no meio evangélico”, finaliza.