A amizade pode ser a base mais sólida para um casamento duradouro e feliz. Mas como fortalecer esse vínculo e cultivar um relacionamento verdadeiro?
Por Patrícia Esteves
No início de um relacionamento, o amor passional muitas vezes se destaca como a força que une duas pessoas, mas, ao longo do tempo, é a amizade que se torna a base sólida sobre a qual o casamento se sustenta. Como escreve o autor cristão Gary Thomas em seu livro Sacred Marriage: “O casamento não foi criado para nos fazer felizes, mas santos”.
Isso significa que a amizade verdadeira e profunda entre os cônjuges é um dos pilares que fortalece o relacionamento, permitindo que ambos cresçam não apenas como parceiros, mas também como indivíduos mais próximos de Deus. Esse vínculo vai além do afeto superficial e se torna a chave para um casamento saudável, longo e feliz.
“Amizade é a base que sustenta e fortalece o amor no casamento. Quanto mais se tornam amigos, mais cresce o desejo de estar juntos, compartilhar interesses e aprender um com o outro. Casamentos saudáveis são construídos sobre respeito mútuo, prazer em estar na companhia do parceiro e uma comunicação profunda”, explica Magali Leoto, missionária da SEPAL, psicóloga clínica e membro sênior do Corpo de Psicólogos e Psiquiatras Cristãos (CPPC).
O desenvolvimento de uma amizade verdadeira entre os cônjuges permite que ambos compartilhem interesses e sonhos, reforçando o desejo de estar juntos e enfrentar a vida lado a lado. Nesse cenário, o respeito e a admiração pelo outro não são apenas discursos, mas atitudes diárias que refletem o compromisso e o cuidado mútuo. Para muitos casais, essa convivência amigável é o que determina a força e a durabilidade da relação, e não apenas o romantismo ou a atração física.
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O segredo da amizade no casamento para um amor duradouro - A amizade pode ser a base mais sólida para um casamento duradouro e feliz. Mas como fortalecer esse vínculo e cultivar um relacionamento verdadeiro? Outro aspecto fundamental da amizade conjugal é o prazer genuíno em passar tempo com o outro. Retomar práticas que marcaram o início do relacionamento, como longas conversas e atividades em comum, pode reacender a chama da convivência. Ao compartilhar momentos e reviver experiências, o casal amplia o conhecimento mútuo, indo além da superficialidade e buscando um entendimento mais profundo das particularidades de cada um. Essa intimidade, além de aproximar o casal, contribui para um relacionamento mais saudável e sem a sensação de competitividade, tão comum em relações nas quais falta parceria.
O compromisso em “ouvir o coração” do outro também é essencial para manter a amizade e a união no casamento. Nesse sentido, praticar a empatia e o perdão, especialmente durante discussões ou momentos de tensão, fortalece a conexão emocional. Avaliar as próprias atitudes e reconhecer o valor do ponto de vista do outro contribui para uma convivência pacífica e evita o acúmulo de ressentimentos. Manter o diálogo aberto e respeitoso é fundamental para que os cônjuges não apenas expressem suas opiniões, mas também escutem e valorizem as percepções e sentimentos do parceiro.
Há ainda um elemento prático e simbólico na amizade conjugal: o gesto de expressar afeto em pequenos atos cotidianos. São os detalhes – como um toque de carinho, uma palavra de encorajamento ou até um sorriso – que lembram ao outro o quanto ele é valorizado. Essas demonstrações de afeto e reconhecimento são elementos vitais para manter o vínculo e solidificar a parceria ao longo dos anos.
“É essencial que haja respeito mútuo, não apenas nas palavras, mas principalmente nas atitudes do dia a dia. Além disso, deve existir prazer genuíno em estar na companhia um do outro, como no início do relacionamento, revivendo as práticas que os uniram. O conhecimento profundo sobre o outro é imprescindível – chega de superficialidades! A ideia de ‘mudar sempre de parceiro’ só trará mais vazio e superficialidade à sua vida. Busquem também pontos em comum, como preferências, sonhos e até aversões. É essa conexão verdadeira que fortalece o relacionamento”, expressa Magali.
“Mostrem consideração constante um pelo outro, respeitando e valorizando, mesmo quando houver discordâncias. Expressar afeição de maneira sutil, nas pequenas atitudes diárias, fortalece o vínculo. Nunca se vejam como inimigos ou competidores, pois vocês são parceiros de vida. Discordar é apenas apresentar um ponto de vista diferente, e isso não deve ser visto como uma forma de humilhar, mas sim como uma oportunidade de crescimento juntos”, complementa.
Casais que se tornam verdadeiros amigos encontram, na amizade, um refúgio para as adversidades e uma fonte contínua de alegria e conexão. Cultivar essa amizade é um exercício constante de respeito, paciência e dedicação, mas os frutos dessa prática se traduzem em relacionamentos fortalecidos e cheios de significado. “Não apele para o ‘deixa prá lá’, agindo como uma criança, fugindo sempre de uma conversa madura – que todo adulto deve aprender a manter”, destaca Magali. A amizade entre cônjuges não só contribui para um casamento duradouro, mas também promove um amor que, ao invés de se desgastar com o tempo, floresce e se renova a cada dia.
Checklist da amizade com o “mozão”:
Respeito mútuo na prática e não apenas no discurso – O respeito deve ser vivido no cotidiano, com atitudes concretas.
Prazer em estar na companhia um do outro – Voltar às práticas que marcaram o início do relacionamento, cultivando momentos de felicidade juntos.
Conhecimento profundo do outro – Superar superficialidades e investir no conhecimento profundo e verdadeiro sobre o parceiro.
Ter preferências e peculiaridades mútuas – Encontrar pontos em comum, como gostos, esperanças, sonhos e até aversões.
Permanente consideração um pelo outro – Respeitar e valorizar o parceiro, mesmo em momentos de divergência de opinião.
Expressar afeição de forma sutil – Demonstrar carinho nas pequenas ações cotidianas, reforçando a conexão emocional.
Não ver o parceiro como inimigo ou competidor – Encarar as divergências como pontos de vista diferentes, sem humilhar o outro.
Ouvir o coração do outro – Estar disposto a ouvir críticas construtivas e usar o “filtro do equilíbrio” para entender as preocupações do parceiro.
Evitar a mentalidade de “deixa pra lá” – Enfrentar as dificuldades de forma madura, buscando sempre um diálogo respeitoso e construtivo.
