O impacto das igrejas negras e latinas nas discussões sobre o aborto pode redefinir os rumos do debate pró-vida
Por Patrícia Esteves
Ao longo da história, diferentes grupos cristãos já se levantaram em defesa da vida, buscando conscientizar a sociedade sobre o valor de cada ser humano desde a concepção. Embora o movimento pró-vida tenha sido inicialmente impulsionado pela Igreja Católica e, posteriormente, fortalecido pelos evangélicos, especialistas apontam que a participação ativa das igrejas negras e latinas nos Estados Unidos (EUA) pode representar uma nova fase dessa luta, trazendo um impacto transformador.
A chamada “Terceira Onda” do movimento pró-vida propõe que igrejas cristãs afro-americanas e latinas assumam um papel de protagonismo contra o aborto. Para John Ensor, pastor evangélico e líder no movimento pró-vida há mais de 30 anos, a influência dessas comunidades pode ser determinante para o fim da indústria do aborto. “Aos nossos irmãos e irmãs cristãos negros e latinos, pertence a honra de nos liderar à vitória na abolição do aborto e no estabelecimento da retidão na terra”, afirmou Ensor.
Qual o histórico?
A história do movimento pró-vida pode ser dividida em fases. A primeira onda surgiu no final dos anos 1960, com a Igreja Católica tomando a dianteira na luta contra a legalização do aborto. Na década de 1970, a segunda onda ocorreu com a adesão dos evangélicos, que passaram a atuar na conscientização e na criação de centros de apoio para mulheres em situação de vulnerabilidade.
Agora, Ensor acredita que a terceira fase será marcada pela ação das comunidades cristãs negras e latinas. Isso porque os dados mostram que essas populações são as mais impactadas pelo aborto. Estatísticas revelam que mulheres negras e hispânicas representam apenas 33% da população feminina nos Estados Unidos, mas são responsáveis por 63% dos abortos realizados nos EUA. Para Ensor, isso reflete um direcionamento da indústria do aborto para os bairros urbanos onde essas comunidades estão inseridas.
União de forças
Além do impacto demográfico, há também um fator histórico que influencia a participação das igrejas negras no movimento pró-vida. Alguns líderes cristãos afro-americanos enxergam essa causa como algo pertencente aos brancos, devido ao passado de injustiças sociais, de acordo com Ensor. “Os pastores negros com quem conversei descartam amplamente a causa pró-vida como uma ‘questão branca’. Alguns foram honestos o suficiente para me dizer que se ressentem do fato de que as pessoas que agora pedem os direitos civis de crianças não nascidas descendem de pessoas que descartavam os direitos civis de adultos afro-americanos”, explica.
Entretanto, para aqueles que se dedicam à causa da vida, o desafio é superar essas barreiras e unir forças em favor da proteção dos mais vulneráveis. “A posição pró-vida é simples: é errado matar intencionalmente seres humanos inocentes. Já que o aborto mata intencionalmente um ser humano inocente, o aborto é errado”, afirma Ensor. Ele ressalta ainda que a conscientização dentro das igrejas pode ser um passo fundamental para mudar essa realidade.
Ao longo da história, homens e mulheres de fé se levantaram contra injustiças, e a luta contra o aborto é vista por muitos como mais um capítulo dessa missão. Assim como muitos dedicam sua vida às causas humanitárias, muitos cristãos acreditam que a defesa da vida desde a concepção é um compromisso inegociável. Com informações de Christian Post