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terça-feira, 19 março 2024

O que é o autismo, e como lidar com ele?

Foto: Reprodução

Hoje, dia 02 de abril, é comemorado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Entenda o transtorno que muitos portadores dessa condição sofrem!

O Transtorno de Espectro Autista (TEA) envolve um grupo de problemas do neurodesenvolvimento, de início precoce (antes dos 2-3 anos de idade), e que se caracteriza por dois aspectos principais: dificuldade de interação social e de comunicação.

Segundo o Center of Deseases Control and Prevention (CDC), órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, uma criança a cada 100 nasce com o TEA. A instituição informa, que o aumento é grande: há alguns anos, a estimativa era de um caso para cada 500 crianças. Estima-se que 70 milhões de pessoas no mundo tenham autismo, sendo 2 milhões delas no Brasil.

Para dar mais visibilidade a causa, a Organização das Nações Unidas (ONU) definiu o tema central do Dia Mundial de Conscientização do Autismo (no original, em inglês: World Autism Awareness Day), celebrado todo dia 02 de abril, desde 2008.

A organização argumenta que, para muitas pessoas no espectro do autismo, o acesso a tecnologias assistenciais a preços acessíveis é um pré-requisito para poder exercer seus direitos humanos básicos e reduzir ou eliminar as barreiras à sua participação em igualdade na sociedade.

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DIAGNÓSTICO

De acordo com o médico psiquiatra, doutor em Medicina pela Universidade de Würzburg, Alemanha, e Membro Filiado do Instituto de Psicanálise da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, prof. Dr. Mario Louzã, o diagnóstico começa pela observação do comportamento da criança.

O que é o autismo, e como lidar com ele?
Dr. Mario Louzã

O médico explica que uma criança sadia começa a interagir com outras pessoas em torno dos 4-6 meses de idade. A medida que a criança cresce, o amadurecimento permite que a interação com outras pessoas se torne possível antes da aquisição da linguagem e da fala.

Estas evoluções ao longo dos primeiros anos de vida dão indicações do progressivo aumento da capacidade de interação social da criança. Já a autista, se mostra indiferente à interação social, e não expressa a reciprocidade no contato com outras pessoas. Tem grande dificuldade na comunicação verbal e não-verbal, e parece desligada do ambiente em torno de si. A linguagem corporal e o contato visual com outras pessoas são prejudicados.

Numa idade maior, o desinteresse em brincar com outras crianças é ainda mais nítido. Normalmente, ela se isola e se fixa em uma única atividade, com ritualização de movimentos repetitivos. Outra característica é a dificuldade de seguir rotinas, além de apresentar hipo ou hiperatividade aos estímulos sensoriais.

Mario Louzã afirma que o autismo, propriamente dito, não é tratado com medicamentos. Estes são utilizados quando há outros sintomas associados ao autismo, como ansiedade, Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), depressão, transtorno obsessivo compulsivo, agitação, irritabilidade, distúrbios do sono, entre outros. Para cada situação, há uma medicação específica.

Sobre efeitos colaterais, depende do medicamento, da dose, da idade da criança e de outros fatores. Como são vários remédios de classes terapêuticas diferentes, fica difícil generalizar os efeitos colaterais. Também há indicação de psicofármacos para casos mais leves.

O que observar

Anna Maria de Souza Marques Cunha, é diretora da equipe Envolve, sediada em Vitória (ES), que atua com autismo e quadros assemelhados, com base em ABA (do inglês, Applied Behaviour Analysis). Para ela, o diagnóstico precoce é essencial, porque quanto mais cedo o tratamento se inicia melhor o prognóstico do indivíduo com TEA. “O diagnóstico é feito pelo médico através de observações clínicas, contando com apoio de uma equipe multidisciplinar composta por profissionais como psicólogos e fonoaudiólogos”, explica a especialista.

O que é o autismo, e como lidar com ele?
Psicóloga Anna Maria de Souza Marques Cunha

Mestre em Psicologia do Desenvolvimento e pós-graduanda em Análise do Comportamento Aplicada ao Autismo, Anna Maria aponta alguns sinais de alerta na infância:

a) Falha no contato visual;
b) A criança não atende quando chamada pelo nome;
c) Comprometimento ou ausência de fala;
d) Atraso na comunicação gestual (por exemplo, a criança não aponta);
e) Ausência de compartilhamento da atenção com o outro;
f) Falha na imitação;
g) Presença de brincadeiras repetitivas e estereotipadas e déficit em dar função aos brinquedos.
h) Presença de outros comportamentos repetitivos.

Ainda segundo a psicóloga, as principais características do tratamento consistem em: a) ensinar habilidades em passos menores de modo a garantir que o aprendiz seja bem sucedido; b) apoiar-se na motivação do aprendiz; c) avançar em seu ritmo de aprendizado.

“Somos uma equipe de psicólogos com experiência e formação direcionadas à atuação com indivíduos com atrasos no desenvolvimento. A intervenção desenvolvida pela Envolve é baseada nos princípios da Análise do Comportamento. Nossa intervenção, portanto, é realizada de forma individualizada, pois cada pessoa é única, já que cada um tem uma história única de relação com o seu ambiente. Acreditamos na potencialidade de cada um!”, conclui Anna Maria.

INTERAÇÃO COM A SOCIEDADE

E como facilitar a integração do autista na sociedade? “Infelizmente, ainda há muito preconceito, principalmente por parte das crianças, que não têm o poder de compreensão de um adulto, e excluem o autista. Por incrível que pareça, há até mães e pais que evitam a amizade de seus filhos com as crianças portadoras do TEA, o que é uma triste ignorância”, afirma Mario Louzã.

Para quem tem filho autista, a melhor dica é motivá-lo a levar uma vida normal, na medida do possível. Incentive-o nas atividades, estimule-o a fazer tarefas em casa e, quando ele perceber suas próprias limitações, explique que as pessoas são diferentes, e que tem gente que consegue fazer certas coisas, e outras, não. Se for o caso, há escolas que têm maior preparo para integrar um autista em uma classe comum.

Mesmo quando ele já for maior e tiver ciência do seu autismo, nunca o deixe pensar que é incapaz ou inferior a outras pessoas. De acordo com o psiquiatra, o apoio da família é sempre o melhor tratamento para qualquer tipo de transtorno.


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