Descubra como a oração pode fortalecer a saúde mental, reduzir o estresse e promover equilíbrio emocional, segundo a Bíblia e a neurociência
Por Patrícia Esteves
Muitas pessoas buscam estratégias para manter o equilíbrio emocional. Além de exercícios físicos regulares, um bom sono, alimentação saudável e momentos de lazer, a espiritualidade também desempenha um papel essencial nesse processo. A oração, por exemplo, não apenas fortalece a fé, mas também promove paz interior, reduz a ansiedade e traz clareza em meio às dificuldades.
Estudos indicam que a conexão com Deus por meio da oração pode diminuir os níveis de estresse e contribuir para uma mente mais equilibrada. Assim, além dos cuidados com o corpo e a mente, cultivar a vida espiritual é uma maneira eficaz de enfrentar os desafios diários com mais serenidade.
Mais do que um hábito religioso, a oração nos aproxima de Deus e proporciona alívio em tempos de incerteza. Ao entregar nossas preocupações a Ele, encontramos direção, esperança e uma paz que vai além das circunstâncias.
A Bíblia ensina que orar não deve ser apenas um ritual, mas um meio de comunhão sincera com Deus. Jesus nos deixou o exemplo da oração do Pai Nosso (Mateus 6:9-13), demonstrando que podemos nos achegar ao Senhor com humildade, gratidão e confiança. Além disso, as Escrituras nos encorajam a orar sem cessar (1 Tessalonicenses 5:17) e a lançar sobre Deus todas as nossas ansiedades, pois Ele cuida de nós (1 Pedro 5:7). A oração não se limita a pedidos, ela é um diálogo que fortalece a fé e renova a esperança.
Além do impacto espiritual, a oração também se revela uma ferramenta valiosa para a saúde mental. Estudos mostram que essa prática pode reduzir o estresse, diminuir a ansiedade e fortalecer áreas do cérebro ligadas à empatia e ao autocontrole. Quando oramos, nosso cérebro libera substâncias como dopamina e serotonina, responsáveis pelo bem-estar e equilíbrio emocional.
Além disso, a oração regular pode reconfigurar padrões de pensamento negativos, tornando a mente mais resiliente. Isso confirma o que a Bíblia já nos ensina: quando entregamos nossas preocupações a Deus, encontramos descanso para a alma (Filipenses 4:6-7).
O impacto da oração no cérebro e nas emoções
A ciência tem demonstrado que a prática regular da oração ativa áreas específicas do cérebro relacionadas à inteligência emocional e ao controle das emoções. “Se o córtex pré-frontal é o centro da inteligência emocional e regula nossas emoções, e essa é a área ativada quando oramos, então estamos estimulando justamente a parte que conecta todo o nosso cérebro e corpo. Com isso, teremos mais equilíbrio emocional”, explica a neuropsicanalista Quézia Anders.
A oração também pode ser um recurso de autorregulação emocional. Em momentos de tristeza, raiva ou ansiedade, recorrer à fé traz alívio e clareza. No entanto, Quézia ressalta que a oração deve estar acompanhada de ações concretas.
“Muitas vezes, queremos orar e sentir um alívio imediato, mas a espiritualidade também exige atitudes. Vou orar, entregar ao Senhor, mas também vou me cuidar: dormir bem, ler a Bíblia, tomar boas decisões, me exercitar, me alimentar bem. Tudo isso contribui para a inteligência emocional”, destaca a neuropsicanalista, que também é Biomédica, Mestre e Doutora (PhD) em Neuropsicofarmacologia pela Universidade Federal do Espírito Santo, além de atuar como Neurocientista e Neuropsicanalista.
Reconexão com o propósito e resiliência emocional
Manter uma vida de oração pode fortalecer a resiliência e o propósito de vida. “As pessoas que acompanho e que possuem uma espiritualidade ativa e saudável apresentam melhoras significativas. Mas é importante destacar que nem toda espiritualidade é saudável”, afirma Quézia.

Ela reforça que uma fé genuína vai além da religiosidade mecânica e deve ser vivida de maneira equilibrada. “Existe a possibilidade de estar na igreja e não ter uma espiritualidade saudável. Sobre isso, além do meu livro Neurociências e Espiritualidade, recomendo Espiritualidade Emocionalmente Saudável, que aborda essa diferença entre uma vivência espiritual positiva e uma que pode ser prejudicial”, sugere a especialista.
A prática constante da oração está diretamente ligada à capacidade de enfrentar desafios com serenidade. “Quem mantém uma espiritualidade ativa melhora. No meu livro, trago estudos que mostram que pessoas com práticas religiosas tendem a ter uma melhor qualidade de vida. Mas é essencial lembrar que não se trata apenas de um ritual. A fé e a oração podem auxiliar nos desafios psicológicos? Sim. A oração ativa o nosso cérebro e nossa inteligência emocional”, conclui Quézia.
Diante de tantos benefícios, cultivar uma vida de oração pode ser um caminho para alcançar paz, equilíbrio e fortalecimento espiritual. Mesmo com uma rotina intensa, separar alguns minutos diários para essa prática pode fazer toda a diferença. A Bíblia nos lembra em Filipenses 4:6-7: “Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os seus corações e as suas mentes em Cristo Jesus.” Que tal dar esse passo hoje?

