Olhar narrativas bíblicas pela ótica secular não faz sentido, pois o protagonista redentor não é o homem, é Deus. O homem é uma criatura a ser redimida
A Bíblia é a Palavra de Deus. Portanto, ela é um livro único e incomparável. Foi por meio dela que o Criador decidiu comunicar-se, ao longo dos séculos, com a criatura que possui a Sua imagem e semelhança (Gênesis 1:26), o homem.
Na Bíblia, o homem tem as orientações necessárias à redenção de sua alma. Nela, se você for uma pessoa curiosa, certamente, não encontrará respostas para todas as perguntas, mas aquelas relativas à sua salvação eterna estão todas lá.
As Escrituras Sagradas contêm gêneros literários distintos. Dentre eles, podemos mencionar narrativas, salmos, evangelhos, parábolas e epístolas, sem esquecermo-nos de que existem outros.
Resumidamente, aqui tratarei das narrativas. Trata-se de uma técnica de descrição de acontecimentos frequentes nas páginas bíblicas, principalmente em Atos dos apóstolos e no Velho Testamento, em torno de um terço de todo o seu conteúdo.
Esse tipo de comunicação requer atenção especial por parte do receptor, para se evitar desvios, haja vista os riscos elevados (Não descartados nos demais gêneros) de se impor ideias alheias ao conteúdo, em vez de captar o seu real significado.
O ponto básico para entender as narrativas bíblicas tem a ver com o foco. Observá-las pela ótica da cosmovisão secular não fará sentido, porque o protagonista redentor não é o homem, é Deus. O homem é uma criatura a ser redimida.
Elas estão longe de serem alegóricas. São descrições cênicas de enredos reais, contendo lições significativas, perfeitamente acessíveis a todos nós, apresentadas a partir dos desígnios de nosso Criador.
Originalmente, na antiguidade, elas destinavam-se aos ouvintes, e não a leitores como nós. Isso é perfeitamente compreensível, visto que naquela época não havia a imprensa escrita.
Com esse entendimento, sem fragmentá-las, devemos trabalhar a exegese, se possível identificando os parágrafos, a fim de que a hermenêutica não seja inconsistente. Assim, as narrativas bíblicas nos legarão lições extraordinárias que edificarão as nossas vidas.
Embora a divisão seja apenas didática, quando lemos e indagamos como eram as coisas quando o texto foi escrito, entramos no campo exegético. Investigando o seu propósito para nós, adentramos o campo hermenêutico.
Um estudo acurado das narrativas bíblicas mostra-nos que o “ter” dos personagens tem menor relevância que o “ser”. Por exemplos: força física, beleza e bens materiais tem um peso infinitamente menor que fé, amor e obediência.
Essa é a perspectiva sobrenatural do protagonista redentor, Deus. Afinal, o que Ele deseja de nós? O profeta é claro ao dizer que Deus espera a prática da justiça, o amor à benevolência, e um caminhar humilde com fidelidade a Ele (Miquéias 6:8).
Por isso, bem-aventurados são todos aqueles que observam e praticam as orientações da Palavra de Deus, em contraste com os meros expectadores descompromissados que não passam de enganadores de si mesmos (Lucas 11:28 e Tiago 1:22).
É muito importante que, diligentemente, conheçamos e prossigamos conhecendo o nosso Deus (Oséias 6:3). Tal é possível examinando e obedecendo às escrituras, porque nela encontramos a Vida Eterna, pois são elas que testificam de Jesus (João 5:39).
Os obedientes são agraciados, porque a herança outorgada por Deus é a Vida Eterna. Isso é redenção. Os desobedientes são amaldiçoados e, como consequências por suas condutas repreensíveis, receberão a morte eterna. Isso é perdição (Mateus 25:31-46).
Clovis Rosa Nery é psicólogo, pesquisador e escritor.