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quinta-feira, 25 abril 2024

O poder transformador da família

Foto- adobestock.com

Os pequenos gestos que se aprendem em casa são capazes de transformar o modo de pensar e agir de uma comunidade inteira

O ambiente familiar é um lugar de intimidade entre pais e filhos para o ensino e o exercício de gestos e atitudes de respeito e cordialidade. Um simples bom dia, um pedido de desculpas, o compartilhar de uma preocupação e o acolhimento uns dos outros dão base para que o ecossistema da família influencie o ecossistema externo, gerando vida entre os que os cercam.

A família tende a conquistar um bom espaço de influência na medida em que ama e cuida de seus membros enquanto crescem, para que se recusem a participar de ações que levem a todo tipo de morte, seja ela física, espiritual, ambiental ou social. A cultura de morte é fruto de um ambiente social e político que quer formar uma nova ordem social a partir da desconstrução da cultura cristã, que é baseada na família como sede de uma cultura da vida. Enquanto a cultura da morte relativiza conceitos fundamentais e motiva a legalização do aborto, a sexualização precoce de crianças e outros muitos comportamentos “modernos”, porém antibíblicos, é papel da família e, especialmente do cristão, mobilizar os que estão à sua volta para uma resposta ao relativismo, cuja influência destroi as bases da fé bíblica.

Na família cultivam-se os primeiros hábitos de amor e cuidado pela vida, como o uso correto das coisas, a ordem e a limpeza, o respeito pelo ecossistema local e a proteção de todas as criaturas. A família é o lugar da formação integral, e do amadurecimento pessoal. O pastor e terapeuta Gilson Bifano explica que “com certeza uma das funções da família é educar os seus membros para o convívio social. Vivemos bem na sociedade a partir do momento em que vivemos bem na família.

Quando na família cultivamos valores como respeito, justiça, liberdade, amor, paz, honestidade, vamos com certeza fazer com que os membros da família levem para sempre esses valores, para o resto de suas vidas.

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É o legado que a família pode e deve transmitir para a sociedade”.. O pastor e gestor organizacional Usiel Carneiro acredita que de fato estamos vivendo uma cultura de morte. “A expressão talvez pareça exagerada a muitos. Mas estamos, sim! Quando saboreamos a morte do bandido, quando pouco nos importa a preservação do ambiente, quando não agimos para proteger os que são atacados por puro preconceito e coisas semelhantes, podemos até dizer que não estamos cultuando a morte, mas na prática estamos, porque estamos criando um tipo de vida que fortalece a presença da morte.

Que contribui para que, com mais facilidade, mortes evitáveis seja consumadas. O amor é a fonte de tudo mais que se faz necessário para que o ecossistema familiar se mantenha saudável. Basta ver como uma família trata as pessoas que a servem, como o empregado doméstico, o porteiro do prédio, o lixeiro. Basta ouvir as conversas espontâneas a respeito das questões ligadas a raça, orientação sexual, posicionamento político etc.”

O poder transformador da família
“Quando saboreamos a morte do bandido, quando não nos importa a preservação do ambiente, estamos criando um tipo de vida que fortalece a presença da morte” – Usiel Carneiro, pastor e gestor organizacional

O que nos rodeia

Tudo está interligado no planeta, e o meio ambiente resulta da relação entre a natureza e a sociedade humana, compondo tudo que nos rodeia. Assim como o ecossistema natural, que se constitui e desenvolve apoiado nas interações entre todos os seres vivos entre si e com seu meio ambiente, assim também é o ecossistema familiar, que forma o ambiente básico no qual os membros da sociedade crescem e se desenvolvem. Tanto os ecossistemas terrestres e aquáticos como a sociedade, que é um gigantesco ecossistema constituído por famílias, precisam interagir como um organismo saudável e equilibrado. E ser saudável, para os cristãos, é formar-se em torno dos conceitos e práticas ensinados por Jesus.
Usiel Carneiro explana que a família é um conjunto social e, como tal, parte da vida que se desenvolve neste mundo.
Deve ocupar-se, lidar com os temas e desenvolver posicionamentos. “É um absurdo pensar que uma família não considere sua responsabilidade com o planeta. Não somente isso! Uma família precisa sofrer a influência da vida ao seu redor, de perto e de longe. Um ambiente familiar em que a guerra da Ucrânia não importa porque é lá e não aqui, está posicionando-se de forma pobre e pouco saudável diante da vida. Assim como as mais diversas questões que afetam a vida: a pobreza, a violência, a educação, a democracia etc. Somos falhos. O que precisamos evitar é a maldade que toma lugar nas famílias. Ela deve ser evitada.”
Gilson Bifano recorre às Escrituras Sagradas como fonte de inspiração para destacar o cuidado com o que nos rodeia. “Quando lemos a Bíblia, nos deparamos com uma ordem dada por Deus à primeira família, que é cuidar e lavrar a terra. Está lá, no livro de Gênesis. Os pais devem ensinar isso aos filhos; quando passeiam, por exemplo, a respeitar a natureza não jogando lixo pela estrada. Podem plantar árvores com os filhos, ou fazer uma caminhada numa trilha recolhendo lixo e falando da importância da natureza. Jesus se apropriou muito da natureza para ensinar lições aos seus discípulos. “Olhai as aves dos céus, os lírios dos campos”, por exemplo.
Nesse texto, não apenas somos ensinados sobre o sustento, mas também a cultivar um olhar contemplativo. Sem esquecermos que Jesus estava presente e também participou da criação do mundo (João 1.1-3). O apóstolo Paulo fala claramente aos Romanos (8.18-22) que a natureza, a criação, também será redimida no Dia de Cristo”, ensina o pastor. Outro exemplo bíblico foi citado pela pastora Maria Cristina Nunes, de São Leopoldo (RS). “Quando Jesus fez a multiplicação de pães e peixes, depois de todos alimentados, recolheram as sobras em 12 cestos cheios.
Ele mandou recolher as sobras deixando o lugar que ocuparam limpo e abençoando outros com o que sobrou. Aqui em casa, por exemplo, ensinamos que devemos fazer separação do lixo seco e orgânico, economia de água ao lavar a louça, apagar as luzes que não estão sendo usadas. São pequenas ações que contribuem com o meio ambiente.”, relatou. “O ensino de Jesus, o Evangelho, tem em si um espírito, ou seja, um jeito de olhar e lidar com a vida. E o espírito do ensino de Jesus nos leva a isso. É preciso ser muito reducionista e simplório para negar essa relação”, conclui o pastor Usiel.

O poder transformador da família
“Com certeza uma das funções da família é educar os seus membros para o convívio social” – Gilson Bifano, pastor e terapeuta

O poder influenciador da família

Como base da vida social, a família torna-se um espaço fundamental para a formação das pessoas para o bom convívio social e para uma relação de zelo com o meio ambiente. Deve-se desenvolver a vida cotidiana fazendo do ambiente familiar um influenciador sobre a maneira de pensar, agir e mostrar a identidade, uma vez que a família é, por natureza, o lugar de preparo para o ingresso ao convívio social. “A família tem um espaço e influência garantidos pelas circunstâncias da vida”, diz Usiel Carneiro. “Se ela conseguirá fazer do seu ente alguém que ela quer que ele seja, é uma outra questão.
Há pessoas que contrariam suas famílias e isso pode ser ótimo, quando são famílias tóxicas e que orientam mal para a vida. Há quem as contrarie e isso seja lamentável, quando desviam-se de perspectivas saudáveis e bem orientadas para a vida. A família tende a conquistar um bom espaço de influência na medida em que sabe amar e respeitar seus membros enquanto crescem. Ou seja, na medida em que sabem lidar com o crescimento dos filhos e nutrem perspectivas saudáveis de vida.
A importância da família na formação é inegável historicamente e biologicamente. Infelizmente, nem todos têm uma família de fato. Há os excluídos, há os abandonados…”, argumenta o pastor. A pastora Maria Cristina lembra que é importante ter cuidado para não querer ensinar o que não vivemos. “Como diz a frase de Ralph Waldo Emerson: ‘O que você faz fala tão alto que não consigo ouvir o que você está dizendo’. É na família se ensinam princípios e valores. É muito triste ver alguns pais que esperam que na escola se ensine o que eles não souberam ensinar em casa.
A escola transmite ensinamentos para formar bons profissionais; a família ensina valores e princípios inegociáveis para formar bons seres humanos. Quando temos famílias funcionais, que tenham princípios cristãos – não digo perfeitas, pois isso não existe -, estas podem formar seres humanos fortes e bem estruturados, que venham a contribuir muito com a sociedade”, sustenta. Esses valores não devem ser apenas teóricos, mas práticos, vividos na ambiência do lar. “Os pais devem ser exemplos para os filhos na vivência desses valores. Com isso, os filhos irão, com certeza, reproduzir essas práticas na sociedade”,
afirma Gilson Bifano.

O poder transformador da família
“A escola transmite ensinamentos para formar bons profissionais; a família ensina valores e princípios inegociáveis para formar bons seres humanos “ – Pastora Maria Cristina, de São Leopoldo (RS)

Mais amor para mais saúde

O amor e o diálogo são os requisitos mais básicos e fundamentais para que um ecossistema familiar se mantenha saudável em meio à generalização de uma cultura da morte que tem avançado também no Brasil. Conceitos que contrariam os valores cristãos estão entranhados nos Poderes constituídos, nas universidades, na mídia em geral. E o antídoto é o amor, por ser a fonte de todo o bem, e o diálogo, por permitir que todos se sintam ouvidos e acolhidos. “O problema é que entendemos mal o que significa amar.
Há quem fira em nome do amor.
Mas apesar das incompreensões, creio que o amor é o que de fato encaminha pessoas ao viver saudável. É preciso receber amor, dar amor e aprender a fazer as coisas por amor. O amor precisa estar mais presente. Talvez alguém considere pouco demais. Mas o amor é a fonte de tudo mais que se faz necessário para que o ecossistema familiar se mantenha saudável”, defende Usiel. Maria Cristina acrescenta outro requisito basilar para que um ecossistema familiar se mantenha saudável: que cada uma aprenda a ter uma comunicação saudável. “Que todos tenham espaço para serem ouvidos e se sintam acolhidos ao comunicarem suas falhas ou conquistas.
Que se sintam amados e fazendo parte da família. Assim, quando acontecer algum desentendimento ou desconforto, a família consegue se ajustar de maneira leve e assertiva, evitando que haja espaço para rancores, falta de perdão e consequentemente desequilíbrio na família. Para lidar com o desequilíbrio é preciso o reconhecimento da necessidade de ajuda, pedir a Deus que lhe ensine a falar e a se expressar de forma assertiva, que lhe ensine a perdoar, que lhe ensine a amar como Cristo amou a igreja”, ela conclui.

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