Descubra como a prática da oração pode ativar o cérebro, regular emoções e promover equilíbrio mental e espiritual
Por Patrícia Esteves
A busca por alívio diante do estresse e da ansiedade tem levado muitas pessoas a explorarem diferentes caminhos que promovam a saúde mental. Afinal, quem não gostaria de conseguir se acalmar e viver de maneira mais tranquila? Entre as práticas mais antigas e profundamente enraizadas em diversas tradições religiosas está a oração. Mas o que antes era considerado apenas um exercício espiritual, agora também é reconhecido pela ciência como uma ferramenta de autorregulação emocional.
Estudos recentes têm apontado que a oração é capaz de ativar áreas específicas do cérebro, especialmente o córtex pré-frontal, região associada à inteligência emocional, ao autocontrole e à empatia. Segundo a neuropsicanalista Dra. Quézia Anders, essa ativação proporciona equilíbrio emocional e melhor resposta aos desafios da vida. “A oração pode ser considerada uma técnica terapêutica, pois ativa o nosso cérebro, especialmente as áreas pré-frontais. Se é o pré-frontal que é o centro da inteligência emocional e regula as nossas emoções, e essa é a área que está sendo ativada quando oramos, então estamos ativando justamente a área que conecta todo o nosso cérebro e todo o nosso corpo. Com isso, teremos mais equilíbrio emocional”, explica.
Além disso, ela conta que um estudo realizado em 2017 com participantes luteranos no Reino Unido revelou que aqueles que tinham fé apresentavam uma menor percepção de dor, reduzindo-a em até 20%. Esse dado reforça as palavras de Paulo: “Não estejais inquietos por coisa alguma; antes, as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica com ação de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus” (Filipenses 4.6-7). A oração, além de aliviar dores emocionais e físicas, traz uma paz que transcende o racional.

No entanto, a Dra. Quézia alerta que o benefício da oração exige atitudes práticas. “A prática espiritual também requer comportamentos. Não adianta orar e esperar que tudo mude instantaneamente. É preciso cuidar do corpo, dormir bem, alimentar-se de forma saudável, fazer exercícios e buscar decisões sábias. Tudo isso potencializa os efeitos da oração”, enfatiza. Esse equilíbrio entre fé e responsabilidade pessoal reforça a visão de que a saúde mental precisa de um cuidado holístico.
Quando questionada sobre a interação entre oração e terapia, a especialista ressaltou que ambas são complementares. Para ela, a combinação de práticas espirituais com o acompanhamento terapêutico acelera o processo de autoconhecimento e recuperação emocional. “A pessoa que ora, lê a Bíblia e tem o seu tempo com Deus, quando entra na terapia, melhora muito mais rápido. Ela consegue identificar traumas, entender como chegou até ali e avançar em seus relacionamentos”, afirma a Dra. Quézia.

“Como eu perguntei brincando no lançamento do meu livro: ‘Gente, se vocês soubessem de um remédio que tem uma chance de melhorar a sua dor, vocês não tomariam?’. O nome desse remédio é oração”, conta ela sobre o momento de contato com o público no lançamento de seu livro “Neurociências e Espiritualidade”. Além de escritora, Dra. Quézia Anders é Biomédica, Mestre e Doutora (PhD) em Neuropsicofarmacologia pela Universidade Federal do Espírito Santo, atua como Neurocientista e Neuropsicanalista.
As descobertas da ciência mostram que a fé, aliada ao cuidado emocional, pode ser um caminho eficaz para uma vida mais plena. A oração, além de ser um ato de entrega a Deus, revela-se também como uma prática que ativa o cérebro, a inteligência e promove equilíbrio. Jesus declarou em João 10.10: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância”. Para aqueles que buscam essa plenitude, a oração pode ser um primeiro passo em direção a uma vida transformada, tanto no corpo quanto na alma.