Deus nos fez diferentes, diversos, assim é com as igrejas e as denominações. Aliás, não haveria nenhuma virtude na unidade se fôssemos iguais
Por Joarês Mendes de Freitas
Na principal oração que fez com os seus discípulos, Jesus pediu que eles permanecessem unidos. Sua súplica ao Pai em João 17, foi em favor dos que estavam com ele, mas incluía também os que viriam a crer no futuro (v 20). Eu e você fomos alvos daquela oração de Jesus.
O desejo de Jesus foi bem expresso nos versos 11, 21, 22 e 23: “Para que sejam um, assim como somos um; para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti; para que eles sejam um, assim como nós somos um; Que eles sejam levados à plena unidade”.
Na sua intercessão, o Senhor Jesus recorreu ao paradigma mais elevado. Ele usa como referência a perfeita unidade que há entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. São três pessoas distintas entre si, mas intrinsicamente unidas de modo que, em essência, temos um só Deus.
O alvo de Cristo para a sua igreja é este: “que sejam um, que vivam em unidade, que permaneçam unidos”. Os resultados desse estilo de vida sonhado por Jesus para os seus discípulos são claros em sua oração.
Observamos em nossa época uma igreja dividida, fragmentada, separada por barreiras e preconceitos, e não vemos sinais de algum esforço, especialmente das lideranças para se construir a unidade. Isso mostra o quão longe estamos de ver a súplica do Senhor se cumprindo nos nossos dias.


“A oração de Jesus ‘que todos eles sejam um… para que o mundo creia’ (João 17.21) é uma palavra direcional para nós hoje (…) estou convencido de que quanto mais largo o acordo que tivermos entre os cristãos, maior será o nosso poder espiritual como igreja” (Peter Wagner, A Igreja Saudável, p. 75).
A estrada para a unidade passa pelo arrependimento e confissão dos pecados da inveja, da vaidade, do orgulho, da discriminação, do isolamento, da falta de amor, da concorrência, do proselitismo e de outras atitudes que impedem a unidade.
A construção da unidade no corpo de Cristo exige também a reconciliação e o tratamento de traumas e feridas causadas por discórdias, contendas e mágoas, algo típico das divisões entre igrejas e denominações.
Ismael dos Santos diz que “O projeto unificador de Deus para sua igreja tem sido constantemente adulterado (…) O denominador comum existe. Tornamo-nos irmãos a partir do que nosso Senhor Jesus já fez. Entretanto, temos negado, com base em pormenores ingênuos e periféricos, o poder unificador da cruz” (Ultrapassando Barreiras, p. 215).
A unidade não demanda o abandono da diversidade. Deus nos fez diferentes, diversos, assim é com as igrejas e as denominações. Aliás, não haveria nenhuma virtude na unidade se fôssemos iguais. O grande desafio é que vivamos unidos em meio às nossas diferenças.
- Trabalhar pela unidade significa:
- compreender que o reino é maior do que a Igreja e a denominação;
- que somos cooperadores e não competidores;
- que ninguém tem o monopólio da verdade;
- que trabalhamos pelos mesmos objetivos;
- que embora tenhamos diferenças nos aspectos secundários, podemos estar em acordo
- quanto aos princípios fundamentais da fé cristã.
Joarês Mendes de Freitas é pastor emérito da Primeira Igreja Batista em Jardim Camburi, Vitória-ES