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terça-feira, 29 DE abril DE 2025

O Estado de Israel é o Israel bíblico? Pastores respondem

Foto: Wikimedia Commons/Pixabay

Eles ponderam que, ao longo do tempo, houve mudanças no contexto geopolítico, mas a igreja deve apoiar a paz, a justiça e a compaixão

Por Patricia Scott

Desde 7 de outubro de 2023 o mundo observa atentamente Israel, em razão do conflito com o grupo extremista Hamas, financiado pelo Irã e atuante principalmente na Faixa de Gaza. Os terroristas atacaram o território israelense durante um festival de música eletrônica, assassinando cerca de 1.200 israelenses e sequestrando outras centenas nesse dia. Ainda há dezenas de reféns na Faixa de Gaza sob controle dos militantes.

A guerra entre Israel e Hamas devastou a região, onde a maioria da população é palestina. Supostamente, mais de 42 mil pessoas, a maioria civis, perderam a vida até então, e o conflito forçou quase toda a população a se deslocar. Milhares vivem em tendas improvisadas, sem acesso a água potável, comida suficiente e com um sistema de saúde praticamente inexistente.

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Nessa situação, Israel tem sido acusado de violar leis humanitárias e foi denunciado ao Tribunal Penal Internacional. No entanto, a guerra se expandiu desde que o Hezbollah, um grupo paramilitar islâmico também terrorista e que atua no Líbano, envolveu-se como aliado do Hamas. Em resposta, Israel tem atacado o território libanês para atingir posições da organização.

Dentro desse contexto, ao redor do mundo tem havido debates quanto ao posicionamento de Israel, que permanece resistente a acordos de cessar-fogo propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU). Entretanto, no ambiente evangélico, em grande parte das igrejas o apoio ao país continua irrestrito, justificado por questões bíblicas. Isso suscita uma pergunta pertinente: qual a diferença entre o Israel bíblico e o Estado de Israel?

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“Considerando o contexto geopolítico, o Estado de Israel não representa plenamente o Israel bíblico, e por isso não devem ser confundidos”, afirma o pastor Acyr de Gerone Junior, que é pós-graduado em Ciências da Religião e Doutor em Teologia, acrescentando que “é importante lembrar que o Israel atual não se afasta totalmente do Israel bíblico, pois há judeus no Estado de Israel que são descendentes de Abraão, com os quais Deus fez uma aliança.”

O Estado de Israel é o Israel bíblico? Pastores respondem
Pr. Acyr de Gerone Junior afirma que “a relação entre religião e Estado em Israel é complexa” – Foto: Divulgação

Ele explica que o território bíblico de Israel, que variou ao longo dos tempos, era maior em seu auge, enquanto as fronteiras do Estado de Israel contemporâneo são objeto de disputas e não são reconhecidas por todos os países. “A geografia e o tamanho do território mudaram significativamente ao longo do tempo, tanto devido às variações históricas nas fronteiras bíblicas quanto à formação moderna das fronteiras nacionais”, destaca o pastor.

Acyr ressalta que o Estado de Israel atual é composto por judeus, tanto seculares quanto religiosos, árabes e outros povos. Em contraste, o Israel bíblico era teocrático, enquanto o atual se declara democrático. “A relação entre religião e Estado em Israel é complexa; embora o país não seja formalmente religioso, a religião judaica tem um papel significativo na vida pública e nas leis.”

Busca pela paz

Na análise do pastor Acyr, a igreja deve, em primeiro lugar, amar e orar por Israel (Sl 122.6). Ele enfatiza que a posição da igreja em relação ao apoio a Israel, especialmente em tempos de conflito, deve ser equilibrada e biblicamente fundamentada, contemplando justiça, compaixão e busca pela paz. “Como seguidores de Cristo, somos chamados a agir conforme os princípios bíblicos, que valorizam tanto a dignidade humana quanto a defesa contra a injustiça.”

Com isso em mente, ele afirma que a Igreja deve apoiar Israel em sua luta legítima contra ameaças externas do terrorismo, que busca destruir Israel e os valores democráticos do Ocidente. “Isso não significa que devemos apoiar incondicionalmente. A igreja também deve denunciar atos de violência desproporcionais e violações de direitos humanos que possam ocorrer durante os conflitos.”

Assim, segundo o pastor, o limite do apoio reside na relação entre injustiça humana e justiça divina, conforme os princípios nas Escrituras. “Deus é Justo e espera que seus filhos, justificados (Rm 5.1), pratiquem e apoiem a justiça (Is 1.17; Mq 6.8; Mt 5.6; 1Jo 3.7).”

O Estado de Israel é o Israel bíblico? Pastores respondem
Pr. Kenner Terra destaca que existe um distanciamento entre o Israel bíblico e o Estado de Israel – Foto: Divulgação

Profundas transformações

O pastor Kenner Terra, Doutor em Ciências da Religião e graduado em Teologia, afirma que o Estado de Israel é uma nação moderna e democrática, criada no século 20 por meio de processos políticos e negociações internacionais. “O Israel bíblico, por sua vez, representa uma comunidade de fiéis descendentes de Abraão”, explica. Ele assevera que, como povo de Deus, suas leis e composição eram fundamentadas em questões de fé, e não em modelos políticos de estado nacional.

Kenner destaca que existe uma distinção entre o Israel teológico e o Israel administrativo. Ele observa que, ao longo da História, profundas transformações ocorreram, distanciando os dois. “Desde o modelo de governo até a relação com as leis divinas, tudo mudou”, aponta. “Hoje, por exemplo, a Torá não é a legislação do Estado de Israel, que precisa seguir ditames e acordos internacionais laicos.”

Além disso, Kenner menciona que, no Novo Testamento, o apóstolo Paulo afirma que Israel é todo aquele que segue e crê no Messias Jesus, e não apenas um grupo étnico (Rm 2.25-29; Gl 6.16). “O governo moderno de Israel não é um tipo de Davi escolhido por Deus, mas sim formado por políticos, que têm seus erros e acertos, e que devem ser avaliados de forma crítica e racional”, comenta. Ele conclui dizendo que a igreja, “assim como condena crimes cometidos por outros países, deve aplicar a mesma postura em relação a Israel.”

 

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