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sexta-feira, 29 março 2024

O centenário das assembleias batistas, por Pr. Doronésio

*Por Ivy Coutinho

Nascido em Pernambuco, na cidade de Jaboatão dos Guararapes, Doronézio Pedro de Andrade veio para o Estado do Espírito Santo em 1994, quando assumiu a Primeira Igreja Batista de Guarapari. É casado com Ivana Andrade, com quem tem três filhas: Andressa, 24 anos, Rebeca, 21, e Adassa, 19. Formado em Teologia, também estudou e se formou em Direito e em Psicanálise.  Membro de uma família grande, com 12 irmãos, antes de virar pastor ele ajudava o pai, tendo trabalhado como borracheiro e feirante. Com 30 anos de ministério sacerdotal e prestes a celebrar os 100 anos das Assembleias da Convenção Batista do Estado do Espírito Santo (CBEES) com uma bela comemoração que terá seu ponto alto no dia 16 de julho, Pr. Doronézio fala sobre sua trajetória de vida e de fé nesta entrevista à revista Comunhão.

Houve uma fusão em 1965 entre duas convenções, resultando na Convenção Batista do Estado do Espírito Santo (CBEES). Como ocorreu esse processo?
O processo da fusão aconteceu pela reflexão espiritual das duas Convenções, entendendo que não era saudável continuarem  afastadas uma da outra, num claro reconhecimento dos erros cometidos no passado. Percepções pessoais, visões e achismos quanto às questões do Reino de Deus não se constituem em verdades absolutas. Quando o homem prevalece, Deus fica no esquecimento ou num plano secundário. Reconhecer posturas equivocadas, pedir perdão e se aproximar do outro são sem dúvida atitudes sábias e humildes que abrem espaço para as outras pessoas entrarem e participarem. Afirma as Sagradas Escrituras que o orgulho precede a queda. Erramos quando nos dividimos e acertamos quando nos reconciliamos. Fruto dessa fusão, passamos a escrever uma história com as bênçãos do Deus eterno e poderoso, que sempre nos concede uma segunda oportunidade. Aprendemos com Jesus Cristo que Deus sempre teve o objetivo de reconciliar o homem com Ele, por isso deu provas inequívocas do Seu amor, entregando Seu único Filho na cruz do calvário. A fusão possibilitou crescimento e profundidade espiritual.

O senhor é o 50º presidente da CBEES?
Sim, sou o 50º presidente, e louvo a Deus por ocupar esse honroso cargo com alegria e amor, pois servir à minha amada denominação é bênção sem medida. O povo batista capixaba é maravilhoso, por ter entendido a sua real convocação, ou seja, ministrar a graça redentora, maravilhosa e abundante, por meio de Jesus Cristo, esperança nossa.

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Como é estar à frente de uma Convenção que irá completar 100 anos de Assembleias?
Presidir os batistas capixabas na celebração do seu centenário é um altíssimo privilégio. Louvo a Deus pela linda história da nossa Convenção, que sempre contou com homens e mulheres de fé, que não mediram esforços para que o santo Evangelho de Jesus Cristo fosse pregado no nosso Estado. Sempre entendi que as funções que exercemos na trajetória da denominação são frutos do trabalho desenvolvido nas igrejas, que são as bases da nossa existência como Convenção. Certo de que não participarei de outro centenário dos batistas, tenho procurado dar o meu melhor, fazendo também história com os meus amados irmãos e irmãs em Cristo Jesus.

O senhor chegou à Convenção Batista do Estado com uma missão. Fale sobre esse momento.
Um chamado à santidade tem pautado a nossa caminhada na presidência da Convenção, pois Deus vinha me falando sobre essa necessidade; estava recebendo do Senhor Deus estratégias para que nos uníssemos nesse maravilhoso ideal. Tem sido profundamente gratificante vermos nosso povo celebrando, aderindo ao chamado de Deus e procurando se aprofundar na sua fé e nas suas convicções espirituais. Estou consciente de que essa busca pela santidade em Deus é fruto do trabalho de homens e mulheres que Ele tem sabiamente usado na caminhada desses longos e abençoados 100 anos de Convenção.

Quais projetos está desenvolvendo para os batistas e que considera fundamentais à denominação?
Reconhecemos que a história de uma centenária Convenção só será abençoada e relevante caso haja uma consciência e consistência nos seus projetos. Por isso, iluminados pelo Espírito Santo de Deus e no envolvimento de igrejas e líderes, passamos a desenvolver os projetos da “Identidade Denominacional”, “Escola de Líderes”, “Um Chamado à Santidade”, “Expansão da Obra Missionária”, com fortalecimento de organizações e congressos espirituais, como fundamentos para este tempo crendo nos resultados que estão no coração do Pai Celeste. Ressaltamos que com líderes mais bem capacitados, podemos fazer muito mais pelas pessoas, que precisam da sábia direção. Temos também investido muito na obra missionária, já que é o pulmão da nossa denominação. Cumprir com o ide de Jesus Cristo é urgente e imperativo.

O centenário das assembleias batistas, por Pr. DoronésioPara o senhor, o que é ser pastor?
Sempre fiquei encantado, ao ler nas Sagradas Escrituras, como Deus chamava pessoas para liderar o Seu povo, nas mais diversas funções. São histórias lindas, de grandes desafios, pois a maioria dos chamados resistia, sentindo o peso da responsabilidade. Ficava pensando: “ser chamado por Deus e representá-lO no mundo deve ser tremendamente maravilhoso e desafiador”. Não estava errado. Por isso entendo que ser pastor é ser usado por Deus na total dependência do Espírito Santo, procurando se assemelhar a Jesus Cristo, pregando o Santo Evangelho que altera a eternidade das pessoas. O privilégio do chamado de Deus para falar do Seu amor é algo incomparável. Ser pastor é entender a relevância ministerial para fazer diferença no mundo.

Como foi sua decisão de ser um pastor? Acredita que foi um chamado?
Sou filho e irmão de pastor. Na infância, na adolescência e entrando na juventude, nunca me vi nem desejei ser pastor. Entendo que foi algo tão somente de Deus. Não sofri nenhuma cobrança por parte da minha família nem quis ser pastor por causa de meu pai e de meu irmão. Lembro que, participando de um culto da Junta de Missões Nacionais nos meus 18 anos, comecei a entender e sentir com muita convicção o chamado de Deus para o ministério. Se Deus não me tivesse chamado, não assumiria a sublime função de ser pastor. O chamado ministerial requer convicção profunda, obediência total e dependência do auxílio divino. Sou feliz na vocação reservada pela Santíssima Trindade

O senhor já pensou em outros rumos?
Antes de ser chamado por Deus para o ministério, queria ser médico, pois sempre quis estar presente na vida das pessoas, servindo-as de alguma maneira. Casei-me com uma médica. Deus é tremendo. Não me vejo numa outra função. Amo ser pastor. O mundo necessita de pessoas qualificadas para tantas e diversificadas funções, pois esta é também a vontade de Deus, que capacita homens e mulheres, pois do contrário estaríamos restritos a poucas funções. E assim entendendo, espero que todos façam tudo com alegria e amor, dando o seu excelente. Creio, prego e procuro viver a seguinte realidade: “O mundo precisa de pessoas profundas”. A excelência é a grande expectativa de Deus sobre todos nós, que fomos criados segundo à Sua imagem e semelhança.

Qual a avaliação que o senhor faz hoje da relação do homem com a religião?
Percebo que a religião já não se encontra no centro da vida do homem, pois o próprio homem tem tentando ser a medida de todas as coisas. Ressalto ainda que as coisas materiais têm ocupado um lugar de primazia nos corações das pessoas, que, pressionadas pelo ter, esquecem-se de viver a dimensão espiritual. Relacionar-se com Deus, tendo a religião firmada em Jesus, deveria ser a grande busca do homem. No transcorrer da história, a religião tem sido usada para iludir, defraudar e anestesiar milhares de pessoas, vindo a ser abandonada por muitos. Existe uma grande e urgente necessidade de levar o homem para mais perto de Deus por meio de Cristo. Religar o homem a Deus é o papel da verdadeira religião, conduzindo homens e mulheres às águas tranquilas, aos pastos verdejantes, à vida abundante em Jesus e, principalmente, conduzindo todos à eterna salvação

A religião é a base para recuperarmos a família?
Quando admitimos que a família precisa de restauração, estamos conscientes da situação difícil que ela vive como instituição. São muitos os bombardeios, pressão e desvalorização que ela tem enfrentado. Ninguém é completamente feliz sem uma família ajustada, harmoniosa e amorosa. A restauração da família deve ser um esforço concentrado de todos nós, suplicando a Deus a Sua sabedoria e poder ilimitado, a fim de que tenhamos condições de abençoar a sociedade. A religião, como instrumento nas mãos misericordiosas do Todo-Poderoso, vivendo e pregando os valores do Reino do Senhor, deve e precisa ser usada poderosamente na restauração da família. Somos um planeta agonizante, sem perspectiva de um futuro melhor e sem esperança, porque deliberadamente fomos nos afastando de Deus, deixando de lado Seus ricos ensinamentos. Religião verdadeira é aquela que cuida e preserva a família, que é a menina dos olhos do Pai.

Como os batistas têm revertido sua influência em benefícios para a sociedade?
Jesus afirmou que veio ao mundo para servir, e não para ser servido. Inspirados na vida de Cristo, como Igreja dele, não podemos viver para nós mesmos. Os batistas capixabas, em sua longa e abençoada trajetória, entendem que na sublime qualidade de sal da terra e luz do mundo devem participar da vida da sociedade de uma maneira proativa, influenciando pessoas na pregação dos valores e princípios do Reino de Deus e apontando soluções fundamentadas nas Escrituras.

Como o senhor se sente em ser o líder que vai presidir a centésima Assembleia?
Deus, na Sua infinita graça e sabedoria, usa homens e mulheres para escrever a história do Seu amor revelado em Jesus, esperança nossa. Presidir a Convenção Batista do Estado do Espírito Santo na celebração do seu centenário é uma grande honra. Louvo ao Senhor pelas pessoas que Ele tem chamado, abençoado e usado na liderança do amado povo batista. Servir meus amados irmãos é bênção sem medida na minha vida.

Ao longo dos 100 anos de Assembleia, os batistas passaram por grandes avanços. Daqui para frente quais são os próximos passos?
Deus nos permitiu, ao longo desses 100 anos, viver grandes momentos, mas queremos prosseguir, queremos fazer mais. Trabalhamos em cima de um planejamento estratégico que contempla todas as organizações de nossa denominação e queremos nos próximos anos capacitar líderes que conheçam o campo capixaba, queremos formar e revitalizar igreja, pois nosso único objetivo é o de anunciar a salvação para os que estão perdidos.

Os batistas desenvolvem hoje algum projeto para capacitação de líderes influentes?
Sim. Deus tem nos dado estratégias para a formação de líderes. Cremos que quando formamos líderes influentes, teremos igrejas fortes. Estamos desenvolvendo o projeto “Líderes de Hoje”, em que trazemos ao nosso Estado palestrantes com conhecimento em assuntos relacionados à liderança para que possam treinar nossos jovens pastores.

Como os batistas atuam no combate às drogas?
Um dos grandes males desta geração é a droga. Cada vez mais famílias têm sido destruídas por esse mercado vicioso. E nós, batistas, enxergamos a necessidade desse povo e o acolhemos. Atualmente, realizamos o trabalho da Cristolândia, que é um projeto que atende aproximadamente 50 usuários de droga de forma integral. Investimos no projeto Anjos da Noite, que atua na Grande Vitória na evangelização da população de rua e de usuários de droga.

 

Como está o avanço missionário em nosso Estado?

Temos avançado! Há missionários espalhados por todo o Estado. Temos atuado em vários segmentos, desenvolvemos trabalhos entre os pomeranos, o indígenas, os usuários de droga, além de termos missionários que atuam na plantação de igrejas e outros na revitalização

 

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