Os capelães atuam para amenizar as dores nos momentos difíceis que cada ser humano passa em suas vidas, de tal forma a evitar prejuízos irreparáveis à vida
Por Sergio Junger
Séculos passados, principalmente em período de guerra, a Capelania já era uma “ferramenta” muito utilizada pelo homem para dar assistência e amparo a outros, que naquele momento, se fazia necessitado de algum tipo de atenção.
Ao longo deste tempo, entendeu-se que não somente em período de guerra, mas em toda sua vida, pessoas passam por momentos de necessidades: material, física, mental, espiritual e outras…Desta forma, a Capelania vem desenvolvendo um trabalho voluntário junto ao ser humano, não somente no Brasil, mas por toda parte do mundo.
No Brasil, na segunda guerra mundial, a Força Expedicionária Brasileira (FEB) tinha seu Capelão, que atuou fortemente no acolhimento, amparo, aconselhamento ao sofrimento dos envolvidos diretamente naquele evento mundial.
Temos também como exemplo, em 2001 quando as “torres gêmeas” caíram, nos Estados Unidos, e naquele momento foram mortas aproximadamente três mil pessoas. O sofrimento de seus familiares foi algo imediato, e considerando que cada pessoa tem ao seu redor por volta de cinco pessoas de sua família ligadas diretamente a esse que perdeu a vida, então, estamos falando de aproximadamente 15 mil pessoas precisando de um amparo mental, físico e até espiritual.
Antes da pandemia, as estatísticas mostram que aproximadamente 15 milhões de pessoas passavam anualmente pelos hospitais públicos e privados do país, também necessitando de atenção mental, física e espiritual.
Nos presídios, nos últimos números divulgados, temos 700 mil internos, no Brasil, em cumprimento de suas penas. Considerando direta e indiretamente ligados a esses internos, temos cinco pessoas de sua família, sendo no total, algo em torno de 3 milhões e 500 mil pessoas precisando deste amparo sócio-espiritual.
Assim, os capelães atuam neste cenário, afim de amenizar as dores destes momentos que cada ser humano passa em suas vidas, de tal forma, a evitar prejuízos irreparáveis à vida, fazendo o acolhimento, aconselhamento, a orientação e o direcionamento, sem qualquer cunho terapêutico ou de uma função de pastor.
Em sua maioria, os capelães são voluntários que se dispõe a ajudar o próximo em um ato de amor. Mas ele passa por um curso de capacitação em Capelania, que tem o objetivo de preparar essa pessoa a compreender, a sentir a dor do outro, a ter a empatia, e por sua vez, colocando-se à disposição deste trabalho voluntário.
Ainda em outros países, como nos Estados Unidos, a capelania capacita pessoas para atuar voluntariamente em ações de resgate, catástrofes e em defesa de escolas e igrejas. Em nosso país, os capelães atuam fortemente na capelania hospitalar, carcerária, social, humanitária, nem sempre com cunho religioso, mas dispostos a servir.
Sergio Junger é Teólogo, pós-graduado em Ensino Religioso e em Capelania, psicanalista em formação, além de Professor universitário.