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terça-feira, 16 abril 2024

O verdadeiro amor na experiência da vida familiar

As traições, ingratidões e rabugices são incômodos companheiros de quem vive em um lar, cercado por pessoas que ainda sofrem o efeito do pecado


Acordei de madrugada sentindo uma pontinha de frio. Sem acender a luz, aproveitei para ir ao banheiro e depois fui até o guarda-roupa para apanhar uma camisa e voltar a dormir. Assim, já tendo decorado o caminho no escuro e, sabendo onde os móveis se encontram, abri a gaveta. Nesse momento, um pote de gel para cabelo, deixado por alguém da família onde não deveria ser deixado, foi lançado pela gaveta diretamente para o meu pé descalço, que levou uma pancada e teve arrancado um pedacinho da pele. Que dor no osso, que sono! Eu queria dormir novamente, mas a dor lancinante me conduziu à cozinha em busca de gelo, e o sono só seria possível depois. Quem vive em família por vezes sofre pelos erros de seus queridos.

Uma jovem mãe faria uma viagem internacional. Ela vestiu-se com o modelo mais elegante de que dispunha e foi com seu bebê para o aeroporto. A poucos instantes do embarque, dirigiu-se ao trocador do banheiro e, ao abrir a fraldinha do menino, recebeu do seu lindo benzinho um poderoso jato morno de urina no pescoço.  A mãe conseguiu interromper rapidamente o processo, tapando com uma fralda, mas o filho tinha uma enorme potência para urinar, e os poucos instantes foram suficientes para comprometer a sua roupa nova, que ficou molhada e, pior de tudo, malcheirosa. Que dor na alma de ter de embarcar fedida por causa de seu querido filho!

Nelson era trabalhador, dedicado à igreja, bom pai e amoroso com a mulher. Eles tinham cinco filhos e um casal de melhores amigos. Certo dia, aquele marido soube, pela própria esposa, que ela havia se apaixonado pelo melhor amigo dele. Sua companheira contou que eles haviam se tocado, mas que queria manter o seu casamento. Que dor na alma!  Que traição! Nelson passou a sofrer por causa de sua amada esposa.

Eu poderia contar inúmeros casos, mas o fato é que quem vive em família sabe bem o que é sentir dor, pois, quanto mais perto estamos daqueles a quem amamos, mais esbarrões, pisões e prejuízos levamos. As traições, ingratidões e rabugices são incômodos companheiros de quem vive em um lar, cercado por pessoas que ainda sofrem o efeito do pecado.

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Amar é dar de si, tirar do seu para o outro, um pouco de afeto, de atenção, de conhecimento, de dinheiro, de oração. Dar é amar. Deus amou de tal maneira que deu o Seu filho

Claro, a vida em família compensa tudo isso, e é maravilhoso estar próximo de quem escolhemos para casar e dos filhos que nos foram presenteados e que vimos crescer. É com estes que desejamos compartilhar o melhor da vida. Mesmo assim, a dor se apresenta e parece mais feroz quando fica inexplicável ou quando achamos que há algo de extraordinário com a presença dela ali. Vamos deixar claro que a própria natureza do amor traz consigo a presença da dor, e a convivência sempre trará sofrimento leve ou severo; superficial ou profundo; momentâneo ou constante e duradouro.

Há uma estreita relação entre morrer, ou lançar-se sobre a cruz ao negar-se, e a vida eterna divina que brota disso: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á” (Mt 16:24-25).

O ser humano, criado como imagem e semelhança do Deus, que é amor, existe para amar. Não amar a si mesmo, mas amar o outro. Para ser pleno, para ter vida, para ser feliz, o homem e a mulher precisam amar alguém que esteja fora. Seja Deus, seja o cônjuge, seja o filho, seja quem está próximo. Amar é dar de si, tirar do seu para o outro, um pouco de afeto, de atenção, de conhecimento, de dinheiro, de oração. Dar é amar. Deus amou de tal maneira que deu o Seu filho. Quem ama dá de si e, para isso, precisa negar-se e morrer um pouco, tendo a promessa que quem perde a vida por causa de Cristo, experimenta a sua vida ressurreta, brotando no peito e na eternidade por vir.

O poder de Deus é liberado quando o amor é praticado, e a pessoa que é alvo desse sentimento é perdoada, redimida e santificada. Quem sofre com um pote de gel no pé geme com a dor, mas perdoa e fica de bem. A mãe que viaja com um odor desagradável se consola ao ver seu filho saudável e sequinho. O marido perplexo pela traição da esposa a perdoa e ainda procura aperfeiçoar-se para proteger melhor a mulher e ainda ficar mais parecido com Deus. O perdão, em todos os casos, é o antídoto mais eficaz contra a doença do pecado que nos causa dor. É mais poderoso do que o pecado, e o resultado do amor, superior à indiferença e ao egoísmo. Quem ama perdoa e quem o faz se purifica. Quem se suja com a poeira da vida se enxágua com as águas do Espírito e experimenta o céu em casa; vive então a sua família debaixo da graça.


Josué Gonçalves é presidente do Ministério Família Debaixo da Graça

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