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quinta-feira, 28 março 2024

Novo Governo de Israel: significados para o Brasil e a Igreja

ISRAEL
Foto: Marlon Max

Naftali Bennett, de 49 anos, é judeu ortodoxo e será o primeiro-ministro por dois anos antes de Lapid, um ex-apresentador de televisão, assumir o cargo

Por Marlon Max 

O Parlamento de Israel aprovou no domingo (13) um novo governo que encerra o tempo recorde de 12 anos no poder do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Liderado pelo milionário Naftali Bennett, o novo governo promete curar a nação, dividida pela saída de Netanyahu. Foram 60 votos a favor, 59 votos contra e uma abstenção.

A interação de Israel com a população cristã é notada, e sob o comando de Netanyahu ganhou contornos mais evidentes, como com a decisão de mudar a embaixada dos Estados Unidos de Tel-Aviv para Jerusalém, o que para muitos evangélicos apontava como um sinal escatológico — a partir do entendimento que Jerusalém e o templo serão restaurados.

Para o doutor em História Social e mestre em Ciências da Religião, Magno Paganelli, o governo de Naftali Bennet poderá arrefecer o fervor de Israel pela igreja cristã. Ele destaca que o novo Primeiro-Ministro é o primeiro judeu usando yarmulke (kippah) a receber o comando do Estado judeu. Isso denota uma forte conexão com a religião judaica, que em linhas gerais, não é Messiânica. Naftali Bennet é um judeu ortodoxo, o grupo não aceita a divindade de Cristo.

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“Quem deverá estranhar um pouco e sentir certo “esfriamento” no ego é a Igreja evangélica, a ala afeita aos costumes e tradições judaicas (não somente os neopentecostais, mas tradicionais que flertam com essa nova “plástica” litúrgico-teológica). No próximo mês de dezembro, por exemplo, esses evangélicos não podem mais esperar pelos vídeos natalinos como os que Netanyahu fazia cumprimentando seus apoiadores evangélicos brasileiros”, destaca Paganelli.

Em relação ao Brasil, o Doutor Magno discorda da maioria dos analistas que atestam que o governo Brasileiro manterá sua aliança e parceria inabalada. Paganelli faz uma análise mais pessimista e apresenta fatos que elaboram tal conjuntura.

“A situação se coloca da seguinte maneira. Já há previsões de que o Presidente Bolsonaro acabou isolado de vez, já que ainda na campanha pela eleição, sinalizou sua aproximação ao agora ex-Primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Teria restado a Bolsonaro o alinhamento com países “inexpressivos”, como Hungria, Polônia e Turquia”, explica mas ressalta que, “É preciso lembrar que Brasil e Israel não é equivalente a Bolsonaro e Netanyahu; as relações bilaterais envolvem outros setores do nosso Governo que, internamente, têm boas relações com certas instâncias do Governo do país do Oriente Médio”, conclui.

Uma visão ampla da volta de Cristo e o Governo de Israel

De acordo com o teólogo, escritor e pastor, Victor Vieira, a mudança de governo em Israel pouco implicará com a agenda cristã do ocidente. Vieira pontua que a nação de Israel nunca esteve em alinhamento com as pautas dos evangélicos.

“Não vejo Israel em nenhum momento alinhado com pautas cristãs ocidentais. Israel é uma nação judaica no oriente médio com interesses pessoais bem claros: sobreviver e prosperar mesmo que em meio a um entorno totalmente hostil, é pra isso que ela precisa de muitos amigos. Esses amigos não estão próximos, estão no ocidente, somos nós, e por isso existe uma sensação de alinhamento”, explica.

Na leitura do cenário geo-político, o pastor e teólogo, Victor Vieira, aponta que Benjamin Netanyahu precisou buscar apoio na união de forças da direita, com Bolsonaro e com Trump, como parte da agenda partidária. “Netanyahu se alinhou com as direitas ocidentais como EUA e Brasil nos últimos anos, pois esta é parte da pauta do Likud (partido político de Benjamin Netanyahu). Ele também buscou especificamente o apoio dos evangélicos americanos, já que parte da comunidade judaica dos EUA, incluindo sionistas, não o apoiavam e eram críticos do seu governo”, esclarece.

Com a chegada do novo primeiro-ministro, Naftali Bennett, a avaliação é que esse cenário de cooperação mude. “Vejo que na mudança de primeiro-ministro, haverá enfraquecimento com as relações que foram forjadas anteriormente por Netanyahu”, diz o teólogo.

O governo que se formou para eleger o novo ministro, precisou fazer concessões com diversas alas políticas, étnicas e religiosas. Na perspectiva de Victor Vieira essa tentativa foi suficiente para remover Netanyahu, após 12 anos de governo, mas não terá como se manter por muito tempo.

“A frente ampla criada para remover Bibi (Benjamin Netanyahu) do poder foi forjada por líderes e partidos tão contraditórios que ela fatalmente não irá prosperar ou durar muito tempo. A unidade para se formar a coalizão será rapidamente testada pela instabilidade da região e pelos egos e narrativas pessoais das pessoas que a compõem”.

Israel, Naftali Bennett e a igreja

A sensação de proximidade entre o Brasil e Israel faz acreditar que os países adotaram juntos um modo de coexistência e fé. Entretanto, o pastor Victor — que já esteve diversas vezes em Israel, explica que o relacionamento é motivado pelo interesse comercial que provém do turismo.

“Nós, cristão evangélicos brasileiros, temos a ilusão da reciprocidade, que Israel ama os turistas evangélicos, mas precisamos saber que o turismo é uma parcela pequena do PIB Israelense, e que eles passaram pela pandemia sem maiores problemas, mesmo sem nenhum turista pisar por lá”, pontua e complementa para dizer que Israel nutre um bom relacionamento com a comunidade evangélica como estratégia econômica. “Isso não quer dizer que Israel não gosta dos turistas. Isso quer dizer que o jogo é muito maior do que os evangélicos imaginam”, frisa.

Experiente em escatologia — o estudo do fim do mundo, Vieira é taxativo em dizer que a mudança de governo não acrescenta em nada ao ‘calendário escatológico’. Ele cita as tratativas de paz como um possível sinal da volta de Cristo, porém não vê o governo de Israel em condições de fazer a profecia virar realidade: “As Escrituras nos afirmam conflitos militares escalando e uma falsa sensação de paz em Israel antes do fim desta era. O que esse movimento político em Israel significa na escatologia? Absolutamente nada!

De acordo com o pastor, é um erro comum ler notícias e imaginar que Deus está fazendo algo. Ele instrui que todo cristão interessado na volta de Jesus estude a Bíblia para entender de que forma o plano de Deus se desdobrará.

“Creio que precisamos parar de ler notícias para encontrar revelação e começar a entender o que as escrituras dizem sobre o fim para então poder analisar geopolítica e eventos atuais. Como diria Jesus, ainda não é o fim”, conclui.

O que esperar do novo governo em Israel? Confira o artigo completo e as opiniões do Doutor Magno Paganelli.

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