Considerada a maior nos últimos 40 anos, a crise hídrica que assola o Espírito Santo também está na pauta das igrejas. Diante de um cenário alarmante, em que 24 municípios capixabas fazem o racionamento no abastecimento de água, os líderes ministeriais estão promovendo diversas atividades de conscientização para o uso racional desse bem natural, além de campanhas de oração.
Segundo a Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh), Barra de São Francisco, Santa Teresa, Itaguaçu, São Roque do Canaã, Ecoporanga, Vila Pavão, Mantenópolis, Itarana, Alto Rio Novo, Pancas, São Gabriel da Palha, Serra, São Mateus, Conceição da Barra e Pinheiros são as 15 cidades que estão em situação extremamente crítica.
O pastor Rogério Augusto de Paula, líder da Primeira Igreja Batista de Colatina, vem desenvolvendo ações que são utilizadas na igreja e nas residências dos membros. “Conseguimos reduzir em 40% o consumo de água da igreja, fazendo o reaproveitamento do líquido que sai dos aparelhos de ar-condicionado. Com ele, lavamos as calçadas, os banheiros, a garagem. Fazemos a campanha de oração todas as segundas e terças-feiras para que chova e, ainda, aos domingos, a palavra pastoral é sobre o tema. Nesse momento, mostro a importância de se usar a água adequadamente e faço alertas, exibindo vídeos que informam como está a situação dos nossos rios”, disse.
De acordo com o presidente da Convenção Batista do Estado do Espírito Santo (CBEES) e também da Primeira Igreja Batista de Guarapari, pastor Doronézio Pedro de Andrade,“a palavra da vez é ‘conscientização’”. “Precisamos entender que, se não usarmos a água de maneira consciente, ela acaba. Passamos as dicas de economia por meio de informativos e nos cultos. Além disso, assumimos o compromisso de orar pelo Estado. A campanha ‘Ainda há Esperança’ foi realizada em todo o Estado durante 20 dias para que chova e para que a crise hídrica não avance em território capixaba e nacional”, explicou.
Governo apresenta novas iniciativas
O Governo do Estado anunciou no dia 23 de outubro, em solenidade no Palácio Anchieta, Vitória, novas medidas para combater a crise hídrica que castiga o Espírito Santo. Entre elas estão a assinatura de um acordo de cooperação técnica, a liberação das obras do Sistema de Abastecimento de Água Reis Magos (Serra) e a construção de 32 barragens.
O acordo foi firmado entre o Governo e a Associação dos Municípios do Estado do Espírito Santo (Amunes), organização não governamental que representa os interesses das 78 prefeituras capixabas. A finalidade é estabelecer regras, normas e, até mesmo, legislação municipal para definir o melhor uso e combater o desperdício de água.
O governador Paulo Hartung assinou a ordem de serviço para a Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan) iniciar as obras de construção do Sistema de Abastecimento de Água Reis Magos. Orçada em R$ 60 milhões provenientes de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a estrutura beneficiará uma população de 150 mil pessoas da região de Serra-Sede e entorno, com influência inclusive na área do Civit. E vai reforçar o abastecimento do município com uma produção inicial de 500 litros de água por segundo. Com a inauguração, o Sistema Santa Maria, que atende 700 mil pessoas, ficará menos sobrecarregado.
Já a construção de 32 barragens para o armazenamento de água irá contemplar o interior. As obras serão realizadas pela Secretaria de Estado da Agricultura, Aquicultura, Abastecimento e Pesca. Elas terão capacidade para comportar 19,5 milhões de litros, o que garante o fornecimento a uma população de 360 mil pessoas por um ano. As intervenções representam um investimento de R$ 20 milhões e vão aumentar a segurança hídrica de várias regiões do Estado.
O governador convocou a sociedade a colaborar, fazendo o uso responsável dos recursos hídricos. “Estamos anunciando ações articuladas e obras de infraestrutura extremamente importantes para enfrentar essa crise hídrica, mas enquanto gestor público tenho como papel convocar a sociedade capixaba para mobilizar e motivar o Estado na direção do uso racional dos recursos hídricos. As instituições públicas, sozinhas, não conseguem avança nesta crise hídrica que estamos vivenciando. É importante nos conscientizarmos sobre a importância de mudar a relação com os recursos naturais”, enfatizou Hartung.
