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sexta-feira, 29 março 2024

Uma nova história atrás das grades

A Palavra de Deus transformando encarcerados e suas famílias em todo o país

Uma nova história atrás das gradesSentir-se livre, mesmo preso, encarcerado. Essa é a experiência de milhares de detentos brasileiros que têm se rendido aos pés de Jesus depois de terem contato com a Palavra de Deus por meio de grupos de evangelização.

As escrituras são claras sobre esse assunto: “E onde o Espírito do Senhor está presente, aí existe liberdade.” (2Coríntios 3:17).

E foi ouvindo exatamente essa palavra que Ivanilton Soares Silva, 55 anos, conta que teve uma experiência genuína de conversão e abandonou todos os vícios que carregava ao longo de uma vida inteira.

Encarcerado durante 22 anos no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, Ivanilton lembra que ouviu a Palavra pela primeira vez, em 1982, aos 19 anos, quando foi preso por roubo. Em sua ficha de delitos que o levaram para a prisão por outras quatro vezes estão assalto, tráfico, briga, lesão corporal e um homicídio.

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Uma nova história atrás das grades
Fonte: Ministério da Segurança

Ivanilton levou 14 anos para aceitar Cristo como seu único e suficiente Salvador e Senhor. Em sua quinta e última passagem pelo presídio, enquanto cumpria pena por homicídio, decidiu que queria seguir os passos do filho de Deus e mudar de vida. A partir daí tudo começou a ser restaurado de forma sobrenatural.

“Depois de quatro meses preso, ouvi a voz de Deus, e há 22 anos estou aprendendo com Jesus a ser manso e humilde de coração. Fazer a Sua obra e cumprir o Seu querer é privilégio. Ele tem feito maravilhas na minha vida, me deu a chance de construir uma família. Hoje sou casado, tenho quatro filhos e dois netos e me considero um privilegiado”, relata.

O pastor hoje desenvolve um trabalho de resgate de dependentes químicos por meio da Missão Firmado na Rocha. O projeto não tem vínculo com nenhuma igreja e vive de doações. Conta com o apoio de casas de recuperação e oferece atendimento gratuito a quem precisa do tratamento.

“Fumava desde os 9 anos e passei a usar drogas aos 11 anos. Fui derrotado pelos vícios a ponto de produzir minha própria droga. Estou nesse trabalho de recuperação de dependentes químicos, porque recebi um chamado de Deus para ajudar essas pessoas”, contou.

Reabilitação de presos

Nesse ambiente Ivanilton conheceu o pastor Orlando Prata, um entusiasta da recuperação de dependentes químicos, que fundou o Centro de Reabilitação de Presos e Egressos (Cerape), no entorno de Brasília.

A entidade surgiu para suprir a demanda do Estado de reabilitação dos presos, uma iniciativa do grupo de evangelização da Igreja Batista Filadélfia do Guará/DF. A partir de 2010, o centro ampliou seu atendimento, passando a contar com o apoio de outras igrejas.
Orlando enfatiza que a evangelização em presídios é pontual.

“Você evangeliza as pessoas em um pátio, onde há 10% a 15% que frequentam o local. Entramos nos presídios para prestar assistência religiosa e lá dentro encontramos, no máximo, 20% de simpatizantes pela causa”, explica.

Uma nova história atrás das grades
Detentos do Centro de Detenção Provisória de Cachoeiro de Itapemirim (CDPCI) participam de culto realizado pela Congregação Deus é Fiel

No entanto, se considerarmos que cada preso integra uma família, em média, com quatro a cinco pessoas, a evangelização carcerária vai muito além das grades. Orlando estima que no decorrer de 30 anos de funcionamento do Cerape, mais de 5 mil pessoas tiveram contato com a Palavra de Deus, por meio do grupo de evangelização que visita os presídios pelo menos uma vez por semana. “Uma alma vale mais do que o mundo todo. E é nesta filosofia que trabalhamos. Temos uma taxa de recuperação de 15%, mas esse número pode ser multiplicado pelo mundo todo”.

“O que nos move a fazer isso é o amor, apesar das dificuldades” Alana Franco, pastora, missionária e psicanalista

“A equipe da organização do Cerape , inclusive os voluntários, acredita que, prestando assistência às pessoas marginalizadas, investindo em sua reinserção social, é possível promover a diminuição da violência social e familiar, além da restauração de lares atingidos por esse drama”, garante Orlando.

“Partilhando do princípio de que violência gera violência e a melhor forma de combatê-la é evitando a reincidência, incentivando a inserção social e a recuperação daqueles que infringiram a Lei”, enfatiza.

Todas as atividades de recuperação de presos, egressos, assistências jurídica, psicológica e assistência social desenvolvidas pelo Cerape recebem o suporte operacional e logístico por meio do escritório administrativo da instituição, em Brasília

“Mãe” Ruth

Outro ministério que leva conforto mental e espiritual aos encarcerados é liderado pela missionária Ruth Schneider Tesche, há 22 anos, nas penitenciárias de Maringá, norte do Paraná. Ruth conta que no início jamais imaginou que fosse atuar nesse ministério e procurava focar em outras áreas. “Eu tinha horror de preso. Jamais cogitava me aproximar de um deles.

Até que um dia Deus tocou no meu coração através de uma carta escrita por um deles. Desde então, se tornaram meus filhos e tenho dedicado minha vida para levar o amor de Deus”, relata.

Uma nova história atrás das grades
Oitavo casamento coletivo realizado em Unidade Prisional no Xuri, em 2017

Após tantos anos de trabalho e milhares de conversões, mudanças de vida e influências positivas, a história da “mãe” Ruth, como é conhecida entre os presos, se espalhou. Hoje, serve de inspiração para as dezenas de pessoas que também dedicam suas vidas a este ministério, em diversos locais do Brasil. “Foram mais de 2 mil conversões. Hoje, pessoas que antes corriam atrás para matar, agora correm atrás para evangelizar”, diz.

A viagem do prisioneiro

No Espírito Santo, um casal de pastores resolveu abraçar a causa do evangelismo percorrendo as unidades prisionais do estado falando do amor de Deus para detentos.

Alana e Cristhian Franco desenvolvem um trabalho espiritual e de reintegração social nos presídios capixabas através do curso “A viagem do prisioneiro”. “Há 17 anos, nós dedicamos à obra missionária no sistema penitenciário porque entendemos que fomos chamados para esse trabalho. O que nos move a fazer isso é o amor, apesar das dificuldades”, destacou Alana.

Através do trabalho do casal, mais de 800 presos foram alcançados com o Evangelho, também foram realizados vários batismos e 250 casamentos comunitários com a participação da família. Uma verdadeira transformação. “O nosso compromisso é salvar as almas perdidas e mostrar para esses presos que eles podem ser transformados através do Evangelho de Cristo”, declarou Cristhian.

“A assistência religiosa consegue reforçar a ressocialização, a reintegração social, porque tem o condão de tocar a pessoa por dentro. E a mudança parte da pessoa. Então, a religião nos ajuda muito nisso, aliada à educação e ao trabalho” Wallace Tarcísio Pontes, secretário de Justiça do Espírito Santo

O fruto desse trabalho é grandioso e vai além das grades. Pai de dois filhos, um de quatro e outro de seis anos, o ex-presidiário Rômulo Gaiba, 36 anos, foi alcançado pelo Evangelho através dos pastores, virou pastor e agora dá o testemunho a quem encontra pela frente. “Minha vida mudou completamente após a conversão. Hoje eu sou fiel para a minha família, sou uma pessoa honesta, justa.

Eu virava noites em baile funk, usava drogas… Isso é passado na minha vida, porque Cristo me libertou. Sou apaixonado por falar de Deus e o que Ele fez na minha vida,” contou.

Grupo interconfessional garante assistência religiosa

Outra ação realizada no Espírito Santo pelo Grupo de Trabalho Interconfessional do Sistema Prisional (Ginter) da Secretaria Estadual de Justiça (Sejus/ES) também garante ao preso a assistência religiosa a que ele tem direito por lei.

O grupo existe desde 2008 e seu principal objetivo é oferecer à pessoa privada de liberdade a assistência socioespiritual.

É composto por oito membros, sendo cinco assessores teológicos de grupos religiosos diversos, dois servidores e uma secretária da Sejus. E conta com a ajuda de 2.525 voluntários.

Todas as ações do Ginter são pautadas pela portaria nº 991-S, publicada em 2011 pela Sejus, que disciplina a assistência espiritual oferecida nas unidades prisionais do Estado. Essa portaria garante aos presos a livre prática de culto para todas as crenças religiosas, permitindo-lhes a participação nos serviços religiosos organizados nos estabelecimentos penais, bem como a posse de livros de instrução religiosa.

Além de atuar na ampliação da assistência espiritual oferecida nos presídios e trabalhar pela boa relação entre os voluntários e servidores das unidades, o Ginter capacita novos voluntários que desejam participar dos grupos que prestam assistência espiritual nos presídios.

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“O trabalho desses voluntários, de diferentes denominações religiosas, que hoje já somam 27, é considerado de extrema importância, pois o atendimento socioespiritual é um complemento no processo de ressocialização, já que consegue modificar comportamentos e valores de muitos internos”, explica o secretário de Justiça do Espírito Santo, Wallace Tarcísio Pontes.

Assim como saúde e educação, a assistência religiosa é um direito do preso, previsto em Lei. “Essa assistência religiosa consegue reforçar a ressocialização, a reintegração social, porque tem o condão de tocar a pessoa por dentro. E a mudança parte da pessoa. Então, a religião nos ajuda muito nisso, aliada à educação e ao trabalho”, disse o secretário.
Hoje, o Espírito Santo conta com cerca de 22 mil presos em suas 35 unidades prisionais e todos têm liberdade de culto.


Confira a matéria em vídeo

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