Relatos de sobreviventes indicam que entre os mortos há mulheres grávidas, crianças e idosos. Algumas vítimas foram executadas a tiros, outras, queimadas vivas
Por Patricia Scott
Desde o fim de março, comunidades majoritariamente cristãs no estado de Plateau, no centro-norte da Nigéria, vêm sendo alvo de uma nova onda de ataques armados atribuídos a militantes da etnia fulani. De acordo com parceiros locais da organização cristã Portas Abertas, ao menos 70 cristãos foram mortos e mais de seis mil moradores foram forçados a deixar suas casas, tornando-se deslocados internos.
Relatos de sobreviventes indicam que entre os mortos há mulheres grávidas, crianças e idosos. Algumas vítimas foram executadas a tiros; outras, queimadas vivas. O reverendo Arum, ligado a parceiros da Portas Abertas na região, destacou o impacto espiritual e social nas comunidades. “Sete a oito comunidades foram atacadas. Precisamos de orações por provisão aos deslocados e pelas famílias que acolheram irmãos desabrigados em suas casas.”
Segundo o reverendo Arum, há pelo menos quatro campos de deslocados internos instalados: um em Bokkos, um em Gombe e dois em Hurti. “Em Bokkos, há mais de dois mil deslocados. Em Hurti, temos mais de quatro mil. Vamos orar para que o Senhor providencie alimento e recursos”, afirmou o religioso.
Entre os dias 24 de março e 8 de abril, sete localidades nas áreas de governo local (LGA) de Bokkos e Bassa sofreram emboscadas, execuções sumárias e incêndios criminosos. As autoridades nigerianas condenaram os atos violentos e afirmaram estar mobilizando forças de segurança para conter a violência.
Crise humanitária
A crise humanitária se agrava com a chegada do período chuvoso, que se estende até outubro. Com os ataques forçando o abandono das terras, agricultores locais — cuja produção garante o sustento familiar ao longo do ano — enfrentam agora o risco de insegurança alimentar.
“As pessoas estavam prontas para plantar. Vimos pimentas e batatas apodrecendo porque todos fugiram. Essa é a única fonte de sustento da comunidade, e agora eles estão privados disso”, relatou Titus Ayuba Alams, conselheiro especial do governador de Plateau.
Ele destacou ainda que a rotina foi totalmente desestruturada: “As crianças não vão mais à escola, nem podem frequentar as igrejas, porque estão fugindo para salvar suas vidas.”
Cronologia dos ataques
Uma linha do tempo dos eventos, reunida por líderes locais e organizações comunitárias, revela a escalada da violência nas últimas semanas:
• 24 de março – Três agricultores cristãos são emboscados e mortos na vila de Dundu (Bassa).
• 27 de março – Em Ruwi (Bokkos), 11 cristãos são assassinados durante um velório. Entre as vítimas estão uma gestante, seu esposo e uma criança de 10 anos.
• 2 de abril – Militantes invadem um encontro de mulheres da igreja COCIN em Tamiso (Bokkos) e matam cinco pessoas. No mesmo dia, ataques também ocorrem nas vilas de Dafo (2 mortos) e Hurti (cerca de 40 vítimas).
• 6 de abril – Quatro pessoas são mortas na vila de Pyakmula (Bokkos).
• 7 de abril – Três mortos em Hwrra (Bassa).
• 8 de abril – Três ataques simultâneos em Bassa deixam ao menos duas vítimas fatais.
Pedidos de oração
- Para que o Espírito Santo console e cure os afetados pelos ataques.
- Para que líderes e membros da igreja sejam instrumentos de paz em meio ao conflito.
- Pela transformação dos corações dos militantes, para que encontrem arrependimento em Cristo.
- Pela provisão de alimento, abrigo e segurança para os deslocados.

