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sexta-feira, 29 março 2024

Nepal proíbe cristãos de enterrarem parentes em cemitérios

É preciso andar por três horas carregando o corpo em uma estrada íngreme, atravessando montanhas para chegar ao cemitério que foi construído pelos cristãos.
Uma forma de saber como anda a liberdade religiosa de um país é percebendo se as minorias são autorizadas a realizar eventos importantes da vida humana como o nascimento, casamento e também a morte. Uma das comunidades cristãs de crescimento mais rápido do mundo é a do Nepal. Entre os censos de 2001 e 2011, a população cristã passou de 180 mil para mais de 375 mil.

A nova Constituição do Nepal, introduzida em 2015, reconhece a liberdade de religião ou crença, mas, a morte de uma família cristã no Nepal não apenas traz tristeza, mas também uma árdua luta para encontrar um lugar para enterrar um familiar ou amigo. Como os moradores locais se opõem a qualquer enterro em sua vizinhança, igrejas em Katmandu e arredores compraram um terreno em uma terra distante, localizada em uma montanha isolada. O objetivo da compra é construir um cemitério.

“O maior desafio é a estrada que leva a este cemitério”, diz Joshua Magrati, co-secretário do Cemitério do Repouso que foi construído recentemente no distrito de Makwanpur, a cerca de 30 milhas de Katmandu, a capital nacional. “São cerca de três quilômetros de estrada. Nós gastamos muito dinheiro para chegar lá e o espaço ainda está longe de ser completo. No entanto, já enterramos dois corpos aqui”, ressalta.

Apenas um veículo 4 × 4 pode chegar ao cemitério, mas poucos podem pagar. Muitos terão que caminhar por três horas na estrada íngreme, improvisada, carregando o corpo.

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Escolha do lugar
“Nós escolhemos este lugar por duas razões. Primeiro: Nós queríamos um lugar que fosse realmente longe de qualquer habitação humana, pois nossa oposição vem principalmente de comunidades locais perto de um cemitério cristão”, explica Parshuram Sunchuri, membro do conselho do cemitério. “E segundo: Quanto mais perto da nossa terra, mais caro fica o terreno”, pontuou.

“Não existe outro cemitério cristão perto de Katmandu”, diz Ang Dawa Sherpa, secretário-geral do cemitério. “Há um em Pokhara, e um em Chitawan. Eles estão longe daqui”, explica.

Magrati acrescenta: “Em Katmandu, havia um pedaço de terra dentro do complexo do Templo Pashupatinath, que permitia que os cristãos fossem enterrados. Mas eles bloquearam essa área para enterros cristãos (em 2011). Havia um outro cemitério na área de Lele, mas os partidos políticos incitaram aldeões a proibir os enterros lá. Portanto, não podemos mais usar essa terra”, disse.

“Os cristãos não têm outra forma de enterrar seus parentes, então eles enterram o morto em sua terra privada. E em tais casos, os vizinhos próximos e a comunidade acabam exigindo que o cadáver enterrado seja retirado e colocado em outro lugar”, disse o Bispo Narayan Sharma da Igreja dos Crentes no Nepal.

“Apesar do governo reconhecer a comunidade cristã no Nepal e nossa Constituição dar direitos iguais a todas as comunidades religiosas no Nepal, ainda lutamos com a questão do cemitério”, acrescenta Sharma. “Não sabemos para onde seremos levados depois da morte. Onde seremos levados para sepultamento, onde nossos corpos serão postos. Ainda estamos negociando com o governo, mas até agora não há nenhuma solução”, conclui Sharma. O governo do Nepal prometeu disponibilizar terra para enterros cristãos há mais de quatro anos. Os cristãos continuam a esperar.

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