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sábado, 8 DE fevereiro DE 2025

Natal, mais do que a manjedoura!

O Natal é muito mais do que apenas momento festivo, é a resposta para que a humanidade possa de fato voltar ao Plano da Criação abandonado no Éden

Por Lourenço Stelio Rega

Em geral pensamos no Natal a partir da narrativa que descreve o nascimento de Jesus. E isso pode ser assim, mas é mais profundo que isso pois essa história tem seu início narrado em Gênesis 3.15 após a rebelião humana no Éden que marcou o afastamento da humanidade do plano divino da criação (Gn 1–2). Nessa ocasião, Deus prometeu para os primeiros humanos que enviaria o descendente da mulher para restaurar todas as coisas (At 3.21; Cl 1.13ss). A figura de Jesus, o Filho de Deus, na manjedoura retrata a concretização dessa promessa.

Gênesis 3.15, conhecido como primeiro evangelho (protoevangelho) marca a iniciativa de Deus em trazer de volta tudo para o seu plano original – criatura e criação pois tudo foi afetado (Gn 3.9ss). Colossenses demonstra isso ao mencionar que “por meio dele [Jesus], reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus” (1.20). Assim, Deus se lança em missão para restaurar todas as coisas, que em missiologia chamamos de missĭo Dei (do latim, “missão de Deus”).

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A vinda de Jesus, o Deus encarnado, é parte importante desse processo ao se tornar o evento primordial para o cumprimento da missĭo Dei. Se partirmos do protoevangelho, não apenas a cruz é o evento central, pois o evento-Jesus envolve a encarnação, a crucificação, a ressurreição, a ascensão e sua volta. Como Jesus veio resolver completa e definitivamente o retorno da humanidade para o caminho por ela deixado nos primórdios dos tempos, não há como considerar apenas uma parte de sua história, mas toda ela.

Na preparação do caminho Deus contou com Abraão (Gn 12.1ss), de quem saiu o povo de Israel, que foi convocado por Deus para ser um povo de contraste diante das nações decaídas em idolatria, imoralidade e violência, mas Israel falhou e ao povo remanescente – Judá – é transferida essa incumbência, que também falha se tornando arrogante contra as nações, deixando de ser modelo e contraste. Como a promessa indicava que o Filho de Deus viria de Judá, ela se cumpre (Jr 23.5ss) com o seu nascimento.

Ao morrer na cruz e ressuscitar, Jesus traz de volta (Rm 6.4) o caminho para a restauração da criatura e criação ao plano original de Deus, e quando cada um de nós reconhece seu estado rebelado, e reconhece arrependido que Jesus é o caminho, se torna cristão e passa a fazer parte da comunidade dos salvos, conhecida como igreja, que passa a ser reconhecida como nova humanidade e tem diante de si o desafio de ser um povo modelo diante do mundo afastado de Deus e de seu Plano da Criação.

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gilberto garcia é advogado, professor universitário, pós-graduado e mestre em direito. Presidente da Comissão de Direito e Liberdade Religiosa-IAB/Nacional (Instituto dos Advogados Brasileiros). Não existe lei de crime de blasfêmia no Brasil - Expressar uma opinião ácida, critica e contrária sobre qualquer Divindade não é ilícito no país
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Então cada cristão tem o desafio de ser a vitrine de Deus, a tradução de Deus para esse mundo. Se como sal e luz (Mt 5.13ss) é o desafio de Jesus para nosso viver e  Paulo fala em sermos embaixadores de Cristo (2Co 5.20). Essas metáforas demonstram o nosso papel por meio de vida transformada, transformadora e modelo diante do cotidiano, da vida pública.

O Evangelho, portanto, é mais do que uma mensagem para ser aceita conceitualmente, uma doutrina ou a posse de um “cartão magnético” para ingressar no céu, envolve transformação radical do viver (Rm 12.1ss) em que o projeto de vida de cada cristão, após a sua conversão, será um novo projeto à luz da missĭo Dei, isto é, em sua vida pessoal, familiar, profissional, estudantil, social etc. será um agente expressando o agradável perfume de Deus (2Co 2.15ss) para que a vida e o mundo sejam transformados, muito mais do que apenas uma mensagem verbal.

Vejam que o Natal é muito mais do que a manjedoura, muito mais do que apenas momento festivo, é a resposta para que a humanidade possa de fato voltar ao Plano da Criação abandonado no Éden.

Lourenço Stelio Rega é eticista e Especialista em Bioética pelo Albert Einstein Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa (Hospital Albert Einstein)

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