Cuidados com o corpo, com a mente e com a espiritualidade são fundamentais para manter a saúde e o bem-estar
Por Patricia Scott
Não é novidade que as mulheres desempenham múltiplos papéis. Elas são mães, esposas, filhas, profissionais, estudantes, donas de casa, entre tantas funções, o que demonstra a capacidade feminina de dar conta de inúmeras tarefas que demandam responsabilidade e compromisso.
Além da capacidade de serem multitarefas, o instinto protetor e acolhedor das mulheres as impulsiona ao cuidado com o outro. Não à toa, a mensagem bíblica de Provérbios 31.10-31 descreve a mulher como mais valiosa do que pedras preciosas. Ela honra o marido com as atitudes, cuida do lar, trabalha diariamente, é hospitaleira, acolhe os necessitados e ensina a Palavra de Deus aos filhos.
Neste 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, Comunhão conversou com duas mulheres que representam bem o universo feminino. Casadas, mães, profissionais, donas de casa e servas do Senhor, elas também têm em comum a convicção de que são sustentadas pela graça e pelo amor do Pai para cumprirem essa jornada.
A especialista em neuroeducação Mara Salles, de 56 anos, tem uma agenda corrida. No período da manhã, pratica atividade física, cuida da casa, estuda e presta assistência aos pais idosos. À tarde, segue para o trabalho, onde fica até quase às 18h. “Há dias em que, de manhã cedo, vou à igreja para a reunião de oração. Renova o meu dia”.
Mara também tem compromissos ministeriais na Igreja Cristã Maranata do bairro Gaivotas, em Vila Velha (ES). Ela atua no grupo de louvor e faz parte da equipe de visitas às senhora. Presença assídua nos cultos, ela diz que estar em comunhão com os irmãos e ouvir a ministração da Palavra de Deus é uma necessidade que precisa ser suprida, para que a alma fique bem.
“Focar no espiritual faz parte do meu autocuidado. É preciso buscar a presença do Senhor, estudar a Palavra, porque são muitas as demandas do dia a dia. Sem visão do alto fica difícil”, ressalta Mara, que é casada há 26 anos e mãe de dois filhos. “É preciso estar bem, para conseguir dar conta de todas as demandas”.
Autocuidado integral
Durante 30 anos, Renata Daloz, 50 anos, trabalhou como gestora de TI, mercado dominado pelos homens. Estar à disposição da empresa era inevitável, segundo ela. “Foi preciso resiliência para estar em um segmento majoritariamente masculino e em um cargo de liderança, por conta do preconceito que ainda existe no mercado”, ressalta a profissional, que há mais de dois anos atua como consultora, usando o conhecimento que adquiriu após a trajetória de carteira assinada.
Na longa caminhada como funcionária, Renata só ficou afastada do trabalho três vezes: quando teve dengue, quando sofreu um acidente de carro e ao se tornar mãe.
“Fiquei cinco meses em casa, incluindo licença-maternidade e férias. Depois, minha filha foi para a creche”, relata, acrescentando que sempre priorizou tempo de qualidade com a pequena. “Estar junto com interatividade e conversa é fundamental. Então, quando eu ia para a cozinha, no final do dia, por exemplo, convidava minha filha para me ajudar a fazer um bolo ou lavar a louça”, disse.
Casada há 22 anos, Renata destaca que nunca abandonou o autocuidado integral. Ela conta que sempre colocou em primeiro plano espírito, alma e corpo. “Além de ir ao médico, realizar exames e buscar atendimento profissional para manter o físico saudável, a conexão com Deus é fundamental. Nossa força vem do Senhor. É a fé que nos sustenta diante dos desafios diários”, destaca a consultora, que também é líder de um Pequeno Grupo de mulheres e integra a equipe de liderança do ministério com adolescentes na Igreja Evangélica Batista de Vitória – IEBV, em Jardim da Penha, na capital capixaba.
Atenção às emoções
A psicanalista Patrícia Pedro considera que Mara e Renata estão corretas ao focarem no autocuidado. Cuidar do corpo, por exemplo, implica ter uma dieta balanceada, fazer atividades físicas, trabalhar, estudar, arrumar-se e socializar, o que requer esforço e dedicação. “Se nós não estivermos nos vendo como alguém que tem a essência mais valiosa do mundo, deixamos de nos priorizar”, afirma a especialista, que pondera: “Deus alimentou Elias com as refeições necessárias, em circunstâncias inusitadas (1 Reis 17).
Ela também aponta que as mulheres devem, sim, observar o espiritual com meditação nas Escrituras Sagradas de dia e de noite (Josué 1.8), congregando em uma comunidade de fé, orando, jejuando, ouvindo louvores, estando em comunhão com os irmãos. “Compartilhar conhecimento bíblico e dar testemunhos para edificação da aliança com o Criador também são ações importantes”.
Quanto às emoções, Patrícia recomenda atenção. Ela destaca que a alma precisa de cuidado, porque carrega, por exemplo, tristeza, angústia, medo e ansiedade, assim como amor, fé, coragem, esperança, alegria, resiliência e superação. É importante, segundo ela, que as mulheres ouçam suas dores, comunicando-se com suas emoções. “Se você quer chorar, sente-se e tome um café com sua tristeza. Se tivéssemos que ser fortes todos os dias, as Escrituras não diriam para considerarmos os dias maus. Considerar é dar atenção”.
A partir desse contexto, é importante frisar a importância de a mulher separar um tempo para si e quebrar a rotina: assistir a um filme, fazer um passeio com as amigas, ler um livro, ter um hobby. De acordo com Patrícia, a falta de recurso financeiro não é desculpa para autossabotagens: “Dá para fazer uma limpeza de pele com fubá, uma massagem no cabelo com babosa, trocar de roupas com as amigas, dançar enquanto molha as plantas e sorrir depois que chorou”, avalia, finalizando: “A misericórdia do Senhor, que se renova toda manhã, permite que possamos levantar e recomeçar todos os dias”.