Atos inauguram o que vem sendo chamado de “verão da fúria” caso a Suprema Corte do país revogue regra atual sobre o tema. Documento vazado indicou que a maioria dos ministros tende a deixar palavra final para os estados.
Milhares de defensoras e defensores do direito ao aborto foram às ruas em diversas cidades dos Estados Unidos neste sábado (14/05), dando início ao que vem sendo chamado de “verão da fúria” caso a Suprema Corte do país revogue uma decisão anterior que hoje permite a interrupção da gravidez.
Sob os gritos de “meu corpo, minha escolha”, os manifestantes reagem ao vazamento, em 2 de maio, da minuta de um parecer indicando que a maioria conservadora do tribunal estaria disposta a reverter um veredito histórico de 1973, no caso Roe v. Wade, que estabeleceu o direito constitucional de interromper uma gravidez. A decisão do tribunal é esperada para junho.
A configuração da Suprema Corte americana foi profundamente alterada pelo ex-presidente Donald Trump, que durante seu mandato nomeou três juízes conservadores, solidificando a maioria conservadora do tribunal de nove membros. A Corte conta hoje com seis ministros conservadores e três liberais.
Palavra final pode ir para os estados
Pesquisas mostram que a maioria dos americanos quer que o direito ao aborto seja mantido nos estágios iniciais da gravidez, mas a Suprema Corte parece estar inclinada a permitir que a palavra final seja dos estados. Se isso for feito, cerca de metade dos estados poderia proibir ou restringir severamente o aborto, especialmente no Sul e no Centro-Oeste do país
Tema na pauta das eleições de novembro
Em Chicago, os defensores do direito ao aborto reuniram-se em um parque, incluindo o deputado federal democrata Sean Casten e a sua filha de 15 anos, Audrey. Casten disse que era “horrível” que a Suprema Corte considerasse retirar o direito das mulheres de interromper uma gravidez.
Os democratas, que atualmente controlam a Casa Branca e ambas as câmaras do Congresso, projetam que a reação a uma eventual decisão da Suprema Corte sobre o tema poderá fortalecer a campanha de seus candidatos nas eleições legislativas de novembro.
Mas os eleitores estarão ponderando o direito ao aborto em relação a outras questões, como o aumento dos preços dos alimentos e do gás. E eles também podem estar céticos sobre a capacidade dos democratas de proteger o acesso ao aborto, após tentativas para incluir o direito em lei federal falharem.
Na quarta-feira, o Senado americano rejeitou uma proposta para incluir o direito ao aborto em lei federal. Os democratas precisavam de 60 votos para aprovar o tema, mas obtiveram somente 49 votos. Todos os 50 senadores republicanos se opuseram ao projeto, e o democrata Joe Manchin III também votou contra.
Elizabeth Murphy, 40 anos, participou do ato em Atlanta, e disse que esperava que os defensores do direito ao aborto comparecerão às eleições em novembro. “Eu voto e desta vez estou dizendo a todos que eu conheço para votar”, afirmou.
Atos contra o aborto
Grupos contrários ao direito ao aborto também realizaram pequenas mobilizações neste sábado. O Estudantes pela Vida da América, uma organização presente em universidade de todo o país, disse que estava realizando atos em nove cidades.
Na capital americana, alguns manifestantes contra o direito ao aborto compartilhavam sua mensagem. “Pessoal, aborto não é política de saúde, porque gravidez não é uma doença”, afirmava Jonathan Darnel em um microfone.
“Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe; e no teu livro todas estas coisas foram escritas; as quais em continuação foram formadas, quando nem ainda uma delas havia.” (Sl 139:6)
Com informações da Istoedinheiro