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domingo, 16 DE novembro DE 2025

Menopausa tem sintomas pouco conhecidos. Saiba como enfrentá-los

Sintomas da menopausa são muitos e vão além do conhecido fogacho - Foto: Freepik AI

Sinais discretos da menopausa podem passar despercebidos. Médico ensina a identificá-los e a lidar com essa fase com saúde e equilíbrio

Por Patrícia Esteves

Todo mundo já ouviu falar dos calores súbitos e das mudanças de humor típicas da menopausa. Mas o que muitas mulheres não sabem é que existem sintomas silenciosos, menos comentados, que podem transformar a rotina sem que elas façam a ligação imediata com as alterações hormonais. Pele ressecada que nenhum creme resolve, palpitações repentinas, coceiras sem explicação, tontura ou até a sensação de areia nos olhos são exemplos de sinais que passam despercebidos, mas que fazem parte dessa fase natural da vida.

“Cada organismo responde de uma forma única à queda dos hormônios. Por isso a menopausa é tão variada, tão individual”, explica Adriano Faustino, médico nutrólogo e diretor da Sociedade Brasileira de Medicina da Longevidade (SBML). Segundo ele, como o corpo tem receptores hormonais espalhados por todos os tecidos, desde pele até o cérebro, os efeitos aparecem em áreas que muitas vezes não relacionamos de imediato com a saúde feminina.

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Sintomas que nem sempre aparecem nos manuais

A ciência confirma que os sintomas vão além dos fogachos. Um levantamento conduzido por universidades brasileiras, com 1.500 mulheres entre 45 e 65 anos, mostrou que 73% das brasileiras sentem sintomas climatéricos durante a transição menopausal e que 78% ainda relatam desconfortos mesmo após a menopausa. Apesar disso, apenas metade busca tratamento.

Menopausa tem sintomas pouco conhecidos. Saiba como enfrentá-los
Dr. Adriano Faustino, médico especialista em saúde celular, explica como o mau funcionamento das mitocôndrias pode afetar diretamente a disposição física logo ao despertar – Foto: Arquivo Pessoal

“Não é apenas calor noturno ou suor excessivo. Alterações na pele, cabelos, mucosas, sensibilidade a produtos comuns e até palpitações podem surgir nesse período”, explica Adriano. Ele acrescenta que os fatores de estilo de vida, como sono, alimentação, prática de exercícios e manejo do estresse, moldam a forma como cada mulher vivencia esses sintomas.

Um estudo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte mostrou que as queixas de memória e dificuldades cognitivas também aumentam nessa fase, especialmente quando associadas a distúrbios de sono e sintomas de ansiedade. “Quando a mulher começa a se sentir confusa, com dificuldade de concentração, muitas vezes se assusta. Mas isso está ligado às mudanças hormonais e precisa ser cuidado”, reforça o especialista.

Pele, cabelos e mucosas em evidência

O impacto do estrogênio na pele vai muito além da estética. A redução da lubrificação natural leva ao ressecamento, rachaduras e desconforto. Em pesquisa feita com 87 pacientes de uma clínica especializada em menopausa no Brasil, conduzida por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual Paulista (UNESP), 64% relataram alterações cutâneas, sendo a pele seca a queixa mais frequente.

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“A mulher percebe maquiagem craquelando, hidratantes que parecem não funcionar, sensibilidade que antes não existia. Na mucosa vaginal, isso pode gerar dor e insegurança na vida sexual”, detalha Adriano. Para ele, hidratação adequada, alimentação rica em ácidos graxos essenciais e, em alguns casos, reposição hormonal individualizada são estratégias fundamentais.

Os cabelos também sofrem, pois afinam, quebram com facilidade e perdem brilho. “O folículo piloso precisa de estímulo hormonal e de boa nutrição. Sem isso, o fio se torna mais frágil”, explica. Suplementação de proteínas e minerais como ferro e magnésio, aliada a terapias específicas, pode ajudar a recuperar a vitalidade.

Alergias, palpitações e outros sinais inusitados

Embora menos faladas, as alergias também podem se intensificar nesse período. Produtos de limpeza, bijuterias e até perfumes antes tolerados podem passar a causar irritação. “A queda do estrogênio modifica a resposta imunológica e pode aumentar a sensibilidade”, diz o médico.

Outro ponto de atenção são as palpitações. Um estudo internacional indicou que até 47% das mulheres relatam alterações no ritmo cardíaco durante a menopausa. No Brasil, esses relatos também aparecem nos consultórios, muitas vezes confundidos com doenças cardíacas. “Nem sempre é problema no coração, mas precisa de investigação. Às vezes, ajustar hormônios ou adotar fitoterápicos já melhora o quadro”, observa Adriano.

Humor, energia e saúde emocional

Não dá para ignorar os efeitos emocionais. Oscilações de humor, desânimo e dificuldade de concentração são parte do quadro. “A queda hormonal afeta neurotransmissores como dopamina e serotonina, mexendo diretamente com nossa energia e felicidade”, explica o médico.

Pesquisas brasileiras reforçam essa percepção. A pesquisa nacional “Experiência e Atitudes na Menopausa” (Astellas, 2023) mostrou que 79% das mulheres relatam sentimentos psicológicos negativos, como ansiedade, irritabilidade e tristeza. Quase metade afirmou que os sintomas afetaram seu desempenho profissional.

Para o médico, é preciso enxergar o cuidado emocional como prioridade. Estratégias que envolvem reposição de nutrientes, atividade física regular, sono reparador e, quando necessário, reposição hormonal, podem transformar a qualidade de vida.

O ganho de peso e a queda na disposição também fazem parte das queixas mais comuns. O metabolismo desacelera e há tendência a acumular gordura abdominal. Mas, segundo Adriano, isso não deve ser visto como destino inevitável.

“Motivação é fazer quando se sente vontade. Disciplina é fazer mesmo sem vontade. A atividade física precisa ser enxergada como necessidade diária”, afirma. Caminhadas, hidroginástica e exercícios prazerosos são boas formas de manter a regularidade.

Mais que uma fase de perdas

“Não existe uma fórmula mágica que resolva todos os sintomas da menopausa. Mas, quando combinamos medidas de estilo de vida, suplementação e terapias individualizadas, o resultado é consistente: vitalidade, autoestima e equilíbrio emocional”, conclui o especialista.

Dados nacionais mostram que a idade média da menopausa no Brasil é de 48 a 50 anos e, para muitas mulheres, esse é o ponto de virada para o autocuidado. Em vez de ser apenas o fim de um ciclo, pode ser também o início de uma nova etapa, marcada por consciência, disciplina e redescoberta.

Atitudes recomendadas pelo médico Adriano Faustino para atravessar a menopausa com mais equilíbrio

Priorizar a disciplina – enxergar atividade física como necessidade diária, não apenas como motivação momentânea.

Manter hidratação constante – tanto no consumo de água quanto no cuidado com a pele e mucosas.

Investir em uma alimentação nutritiva – rica em proteínas, minerais (como ferro e magnésio) e ácidos graxos essenciais.

Cuidar do sono – criar uma rotina de descanso reparador para ajudar na regulação hormonal e emocional.

Valorizar a saúde emocional – reconhecer oscilações de humor e buscar suporte quando necessário.

Apostar na suplementação personalizada – repor nutrientes estratégicos para pele, cabelos e energia, conforme indicação médica.

Avaliar a reposição hormonal individualizada – quando for o caso, sob acompanhamento especializado.

Escolher exercícios prazerosos – caminhadas, hidroginástica ou atividades que aumentem a chance de continuidade.

Observar sinais menos comuns – como palpitações, alergias e alterações cutâneas, sem ignorar ou confundir com outros problemas.

Encarar a menopausa como fase de autocuidado – momento de redescoberta do corpo e não apenas de perdas.

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