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quinta-feira, 28 março 2024

Max Lucado “Períodos muito extensos de medo nos transformam em fracos”

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Fenômeno mundial de vendas da literatura cristã, Max Lucado tem uma relação especial com o Brasil: viveu no Rio de Janeiro por mais de cinco anos e foi lá que descobriu o gosto pela escrita, carreira que levou este pastor e missionário norte-americano a produzir mais de setenta títulos.

Com seu estilo cativante de escrever e contar histórias, Lucado já vendeu mais de 70 milhões de livros, publicados em mais de vinte e oito idiomas em todo o mundo.Em julho, atendendo a um apelo de seu coração (“Eu estava com muita saudade do Brasil, deixei meu coração aqui”, disse), Max retornou ao Brasil para lançar em primeira mão mais uma obra que promete conquistar o topo da lista das mais lidas: Sem Medo de Viver, editado pela Thomas Nelson. No tom intimista que o consagrou, o autor conversa com o leitor sobre os medos que assombram cristãos e não-cristãos, principalmente os que vivem nas grandes cidades: medo da violência, da morte, do futuro, de desapontar Deus, de não ser importante, de não saber proteger os filhos, entre muitos outros. Dentre as cidades que visitou nesse regresso, Max Lucado esteve em Vitória, na Missão Evangélica Praia da Costa, onde conversou com exclusividade com a Revista Comunhão. Uma conversa afetuosa e sincera, que você confere a seguir.

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Comunhão: Como se sente retornando ao Brasil após tantos anos de ausência?
Max Lucado: É um grande prazer estar de volta. Tenho tanta saudade do Brasil! É muito bom estar aqui, onde deixei meu coração. Estou revendo amigos, fazendo algumas novas amizades e tentando resgatar o meu português (risos).

Por que o senhor escolheu o Brasil para o lançamento mundial de “Sem Medo de Viver”?
O meu profundo carinho pelo país foi fundamental nesta escolha. Nós não apenas gostamos do Brasil, nós amamos o Brasil.

De sua vivência em nosso país, o que considera ter aprendido de mais importante?
Acho que o que aprendi mais foi sobre a hospitalidade brasileira. Eu nunca me senti como um estrangeiro aqui. Eu imediatamente me senti como um vizinho. Os brasileiros têm muito respeito e carinho para com as outras pessoas, e o grande valor que o brasileiro tem é o amor que eles têm uns para com os outros, seu senso de comunidade.

Qual foi sua inspiração para o livro “Sem Medo de Viver”? Quais são as respostas bíblicas para o mal, como a violência urbana, um dos maiores problemas no Brasil?
Jesus, repetidamente, nos exorta a sermos pessoas de coragem. Períodos muito extensos de medo nos transformam em fracos. Não é esse o tipo de pessoa que Deus quer. A violência faz parte da vida. Foi assim quando eu morava no Brasil e é assim nos EUA. Mas Deus é fiel… Ele sentiu a violência sobre a cruz e nos ajudará a enfrentar qualquer um em nosso caminho.

O livro fala de viver sem medo. Quando se pensa no amor de Deus, isso é fácil. Mas quando se pensa no Deus disciplinador, isso fica mais difícil, pois novos temores nos assombram. O que o senhor diria aos crentes sobre isso?
A Bíblia diz que o amor de Deus é perfeito. Eu acho que isso quer dizer que Deus conhece tudo sobre as nossas vidas: todos os nossos erros, pecados e falhas, e ainda assim Ele tem amor para conosco. Isso não quer dizer que Ele está sempre contente com o nosso modo de viver, mas Ele está sempre pronto para nos receber de novo. É como somos com os nossos filhos. Eu tenho três filhos, e mesmo que eles desobedeçam de vez em quando, o amor que tenho por eles não é dependente disso. E Deus, o amor que Ele tem é muito maior do que o meu, pela minha vida.

A violência tem gerado um sentimento de grande insegurança entre as pessoas, inclusive os crentes. Esse tipo de medo pode ser considerado falta de confiança em Deus?
O medo, em si, não é pecado. O medo é um dom de Deus para nos alertar para um perigo. O problema é quando o medo bate na porta e nós o convidamos para jantar conosco, ficar na nossa casa, habitar com a gente. Eu acho que o que Deus quer para nós é que recebamos o medo como um sinal de alerta para o perigo. Aí, sim, nós podemos mandar o medo embora e começar a ter fé, confiar no Senhor. Quando nós ficamos num estado de medo, a situação piora, não é? Então, temos apenas que deixar que o medo cumpra a sua função e vá embora.

Como seus leitores podem esperar uma vida pacífica, livre de preocupações neste mundo tão assustador?
Medo é a percepção da perda de controle. Temos medo do caos que está ao nosso redor. Nossa reação a este cenário é a tentativa de ganhar controle, mas isso nunca funciona. A única solução é descobrir quem está no controle, Deus, e aprender a confiar mais nEle.

Outro assunto que o senhor fala bastante é sobre curar feridas. Por que o senhor fala em olhar para trás, para a história familiar, e buscar no passado as causas das feridas? Qual é a relação que há entre essas duas coisas?
Nós temos feridas em nossas vidas que vieram de muitos lugares, e eu creio que essas feridas podem nos tornar pessoas que têm medo dos relacionamentos, que passam a evitar relacionamentos com medo de sermos machucados. Então, precisamos focar mais no amor de Deus.

Um rápido olhar para o mundo em que vivemos indica uma derrocada moral sem precedentes: pais e filhos que se matam por dinheiro, aumento vertiginoso da pedofilia, do tráfico de drogas etc. Que análise faz disso? E que análise faz do papel da igreja diante desse quadro?
Jesus disse que isso iria acontecer. Ele falou de guerras, rumores de guerras e tempos de maldade. O papel da Igreja é manter-se calma e transmitir tranquilidade. A sociedade precisa desesperadamente de pessoas que evitem o pânico; este é o papel da igreja. A Igreja tem culpa de não falar e não focalizar no amor de Deus. Por alguma razão, parece mais fácil falar sobre a raiva de Deus do que sobre o amor de Deus. Mas a Bíblia nos fala, em Paulo, que é importante ter raízes profundas no amor de Deus. Porque é daí que vem o nosso alimento mais saudável.

O senhor tem sempre uma visão otimista da vida. Alguns o acham otimista demais. O senhor se considera otimista demais? Como vê o futuro da humanidade?
Otimista demais? Apenas tão otimista quanto Deus é poderoso. Apesar de vivermos tempos difíceis, eles não são mais difíceis do que tempos anteriores, como a Grande Depressão, a Segunda Guerra Mundial… Deus dirigiu o mundo através daqueles tempos e eu sei que Ele nos guia também através dos dias atuais.

Existe diferença entre o que o senhor prega em seu país e o que deve pregar aqui, ou seja: as mensagens devem mudar de acordo com o contexto? O que acha que o Brasil mais precisa ouvir de Deus? E os EUA?
Minha mensagem não muda de um país para o outro. Todos nós enfrentamos medos, alguns mais do que outros, mas todos precisamos de coragem.

As catástrofes climáticas têm mostrado sua face com freqüência cada vez maior e mais assustadora. Seu país, de formação majoritariamente protestante, viveu isso recentemente, com o Katrina, por exemplo, mas ainda assim é um dos mais resistentes a mudar suas políticas no campo ambiental. Como explica essa postura? E em que momento acha que o cristianismo deixou de ver o ser humano como mordomo da Criação?
Os cristãos norte-americanos estão se mostrando muito lentos em responder à crise ambiental. Como crentes em um Deus Criador, nós deveríamos ser ainda mais preocupados com o futuro do planeta do que um não crente. Os cristãos precisam responder mais rapidamente às questões ecológicas da atualidade.

Para finalizar, qual sua impressão sobre o encontro com os capixabas na Missão Evangélica Praia da Costa? O senhor tem algo de especial para dizer ao povo do Espírito Santo?
A visita excedeu minhas expectativas. Sua região do país é bela além do que as palavras podem expressar e as pessoas são amigáveis e hospitaleiras.

 

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