A ofensiva do governo chinês atinge igrejas domésticas e grupos de estudo bíblico, com detenções, interrogatórios e multas a fiéis
Por Patricia Scott
Autoridades chinesas realizaram uma grande operação policial contra comunidades cristãs no leste do país, resultando na prisão e interrogatório de mais de 70 pessoas, entre pastores e fiéis. As detenções ocorreram em igrejas, residências e locais de trabalho, como parte de uma ação iniciada há dois meses.
Segundo relatos, cerca de 400 policiais e 200 veículos foram mobilizados. O foco foram cristãos que participavam de grupos de estudo bíblico, considerados ilegais pelo regime. Durante os interrogatórios, os detidos foram questionados sobre finanças e vínculos com igrejas não registradas. Mais de 20 deles receberam multas que variam de alguns milhares a dezenas de milhares de yuan, valor que as autoridades associaram a doações religiosas.
De acordo com a organização Portas Abertas, as penalidades e prisões visam intimidar cristãos que se reúnem fora das instituições religiosas controladas pelo Estado. Outro grupo cristão da mesma região também foi submetido a interrogatórios e advertências.
Jason*, parceiro local da missão, relatou que a repressão desestruturou a comunidade: “Nossa igreja praticamente parou. Muitos deixaram a congregação ou estão perdendo a fé. Dos seis obreiros em tempo integral, apenas um permanece. Mais de 80 grupos domésticos encerraram suas reuniões”, disse.
As causas da operação permanecem incertas. Jason acredita que denúncias internas, suspeitas de vínculos com estrangeiros ou acusações de heresia possam estar por trás da ação. Outro missionário acrescentou: “Nunca vimos tamanha mobilização policial para tratar de assuntos ligados à igreja. É algo alarmante.”
Fé sob vigilância
A China ocupa o 15º lugar na Lista Mundial da Perseguição, onde o cristianismo é visto pelo Partido Comunista Chinês (PCC) como uma ameaça à estabilidade ideológica. Igrejas oficialmente reconhecidas, como o Movimento Patriótico das Três Autonomias e a Associação Patriótica Católica, são obrigadas a se alinhar ao discurso do governo. Muitas delas já foram fechadas.
Como resultado, cresce o número de fiéis que se reúnem em igrejas domésticas — agora alvo frequente de acusações de “fraude”, “negócios ilegais” e “organização de reuniões não autorizadas”.
Líder desaparecido
Entre os casos mais graves está o desaparecimento de Ming*, cristão monitorado há anos pelas autoridades. “Não tenho notícias dele há dias. Quando isso acontece, normalmente é porque foi detido”, contou Hollace*, parceiro da Porta Abertas.
Segundo ele, Ming havia sido preso recentemente por liderar uma pequena reunião evangélica. Durante a detenção, sofreu agressões e foi ameaçado para abandonar as atividades religiosas. A Portas Abertas pediu orações por Ming e pelos cristãos chineses que enfrentam perseguição crescente. Com informações Open Doors UK
*Nomes alterados por razões de segurança.
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