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sexta-feira, 29 março 2024

Louvor que salva vidas

Foto: Reprodução/Hillsong

Diferente de louvor, que é exaltação, é proclamação, é elogio, divulgação, anunciação.

Adoração é rendição, reconhecimento da grandeza de Deus, é prostrar-se, estar com o rosto em terra, reconhecer a soberania do ser a ser adorado, é dependência total e completa de Deus.

Todos podem louvar, mas adorar só aquele que é comprometido com Deus, que se rende aos pés de Cristo. Quando canta, você está louvando ou adorando? Será que a adoração pode substituir a oração, ou são equivalentes?

“Render a ti adoração e derramar meu ser. É o que meu coração deseja toda manhã. Te imaginar é me inspirar pra Te dizer: estou apaixonado cada vez mais por Ti. Senhor, Tu és incomparável, Seu nome é maravilhoso. Leva-me além, leva-me a um nível mais profundo de intimidade contigo, ó Senhor.” Foi cantando essa música que o ministro de Louvor da Primeira Igreja Batista da Praia da Costa, em Vila Velha (ES), Adair Tadeu Alves do Nascimento, recebeu a revista Comunhão em seu gabinete.

Ele entende que adoração é um “a sós” com Deus, e defende que o louvor não se aplica necessariamente aos cânticos. Ministro há mais 22 anos, Adair define louvor como proclamação dos feitos do Senhor. Da mesma forma, adoração não se restringe a cânticos. No que se refere à oração, o ministro é enfático ao afirmar que esta não deve ser substituída. “Uma oração pode ser de louvor ou de adoração”, explica.

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Louvor, adoração e oração são pontos muito próximos e podem até ser confundidos. “Por tudo o que tens feito, por tudo o que vais fazer, quero Te agradecer com todo o meu ser” é um exemplo de cântico em forma de oração.

Ministro de louvor da Igreja do Evangelho Pleno em Jardim Camburi em Vitória (ES), que também é policial militar há duas décadas, vem se aperfeiçoando em seu ministério, participando de cursos e eventos. Ele conceitua adoração como o ato de estar prostrado diante de Deus. Já no que se refere ao louvor, salienta que tudo o que tem fôlego louva ao Senhor. Ele também cita João 4, quando Deus está à procura de verdadeiros adoradores, em espírito e em verdade. Como na música “Em espírito, em verdade, Te adoramos…”. Adoração é pelo que o Senhor é, e louvor é pelo que o Senhor tem feito, define o ministro.

Para que o louvor seja adequado, Geciel ressalta que as pessoas devem estar preparadas em três áreas: bíblica, espiritual e musical. “Não podemos deixar nenhuma dessas áreas fora do ministério de louvor”, diz.

Quando comparados com a oração, o louvor e a adoração não podem substituí-la, do ponto de vista de Geciel. “Um está associado ao outro”, explica. Seguindo o mesmo raciocínio, o ministro de louvor lembra que muitos ministérios trabalham com o intuito de não serem comerciais. Por outro lado, há despesas com gravação de CDs, seja em produção ou equipamentos, que precisam ser custeadas. “Nós gastamos mais de 30 mil reais para gravar um CD ao vivo e acredito que outros ministérios gastem até mais, mas isso não pode, de maneira alguma, estar em primeiro plano”, destaca.

Todos os cristãos devem louvar a Deus. Isso é bíblico e está mais em evidência agora em novembro, que é o Mês da Música. Muitas vezes, para louvar, é necessário ouvir um CD para aprender determinada música. Aí vem a questão que não quer calar: louvar ou gravar CDs?

Indagado sobre a associação do louvor e da adoração com a questão comercial, Adair responde que há pessoas que recebem um chamado para trabalhar na obra e vivem para isso, por isso e disso. Por outro lado, o ministro enfatiza que há pessoas que são gospel porque hoje esse rótulo virou moda. “Foi-se o tempo em que ser crente era coisa de careta ou de deixar para mais tarde, quando as pessoas estivessem mais velhas”, diz.

Muitas vezes as pessoas fracassam na vida como cantores seculares e vão para a vida gospel, mas, segundo Adair, para esses casos há um momento em que a própria Bíblia responde sobre a separação de joio e trigo. A Palavra manda deixar crescerem juntos e, quando chegar a época da colheita (do arrebatamento da igreja), é quando o Senhor da Seara vai separar o trigo do joio. “O espírito de Deus testifica à igreja, e é muito difícil saber quem é o trigo e quem é o joio. O Senhor da Seara vai separar, porque a Bíblia diz que Ele não se permite escarnecer, e aqueles que se aproveitam das oportunidades para ganhar dinheiro e se fazer na vida, como se fosse uma profissão, a tudo trará o Senhor a juízo”, enfatiza.

O crescimento do mercado gospel, na avaliação de Adair do Nascimento, tem o mover de Deus. “Hoje não se tem mais vergonha de cantar músicas sacras, evangélicas, cristãs, chamadas de gospel”, exemplifica. Do ponto de vista humano, o retorno financeiro é rápido, mas, do ponto de vista espiritual, o ministro crê que a igreja vai triunfar e avançar com esse boom.

Um exemplo de sucesso, citado pelo ministro de louvor, é o Congresso de Adoração Adorares, promovido pela PIB da Praia da Costa, que tem como objetivo buscar a excelência na adoração. “O evento é uma oportunidade de tratar, ensinar e transformar vidas”, ressalta.

Segundo Adair, o Adorares foi consolidado para que as mentes fossem transformadas pelo poder de Deus. “Hoje está tudo muito igual, todo mundo quer cantar louvor, dizer que adora, e a palavra diz que até os escolhidos serão enganados”.

Neste ano, foi instalada uma capelania dentro do congresso, para atender às pessoas que queriam estudar música, se reciclar e se atualizar. “Atendemos adoradores de 4 a 80 anos”, destaca Adair.

Olhos espirituais atentos

A pastora Kátia Gomes Rosa, do Ministério Aliança do Tabernáculo, de São Mateus, acaba de lançar o CD Mover Sobrenatural, e associa o crescimento do mercado gospel ao aumento da população evangélica. “Hoje somos mais de um milhão só no Espírito Santo”, lembra. Por outro lado, a pastora alerta que quem está no mercado da música gospel deve tomar cuidado para não misturar o que é de Deus com a parte comercial pura e simples. “Devemos trabalhar para o Reino de Deus, e não visando aos lucros. Nossos olhos espirituais devem estar sempre atentos para não se corromperem”, enfatiza.

Em Romanos 12:1-2, Paulo faz um apelo íntimo à igreja: “Portanto, irmãos, rogo-lhes, pelas misericórdias de Deus, que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês. Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.”

Geciel ressalta que “o louvor deve alcançar locais aonde não se pode chegar, mas os ministérios não podem visar aos lucros, pois isso é abominável aos olhos de Deus. Existe muita exploração nesse sentido no mercado hoje, mas temos que trabalhar sempre segundo a vontade de Deus”, diz. Ele também associa o crescimento do número de evangélicos ao boom do mercado de música gospel. “Acredito que os ministérios estão mais conscientes sobre o que Deus quer para a nação. Ou seja, o avivamento”, salienta.

A voz das gravadoras

Segundo a gerente de Marketing e Vendas da gravadora Top Gospel, Cláudia Fonte, a empresa vem passando por um período de reformulação há cerca de um ano. Essa reestruturação tem atuado, principalmente, para harmonizar a parte financeira com a missão cristã de ser, realmente, uma gravadora usada por Deus na propagação do reino. Como? Evangelizando de fato e de verdade. “Em nosso programa de TV, veiculado pela CNT aos sábados, temos clipes, atrações musicais e, ao final, um apelo evangelístico, direcionado, principalmente, aos que se desviaram do caminho. Já recebemos inúmeros e-mails e cartas de pessoas agradecendo pelo programa, pois voltaram para Jesus após a mensagem. Também já está em nosso planejamento para o ano que vem partir campo afora com os cantores em eventos de rua puramente evangelísticos, anunciando o Evangelho aos quatro cantos, usando a música como ‘isca’ para as pregações, que serão ministradas por pastores locais”, explica a gerente.

Apesar de ter lucros com os produtos comercializados, Cláudia destaca que a visão da gravadora não está focada apenas em números de vendas. “Trabalhamos com pessoas, fazemos os CDs para que as pessoas sejam tocadas pelo Espírito através de uma, duas, dez ou 12 músicas de um disco. Pensamos assim e cremos que os nossos cantores também transmitam essa idéia, esse conceito”, ressalta.

Em se tratando de números, a gerente de Marketing diz que a Top Gospel vende, em média, por ano, 400 mil discos, o que dá, aproximadamente, R$ 4 milhões.

As perspectivas de expansão são otimistas para o mercado fonográfico gospel. Mauro Macedo, gerente administrativo da gravadora Line Records, uma das principais do setor, arrisca dizer que o mercado gospel só perde em crescimento para o de celulares. A Line tem mantido uma média de crescimento de 10% ao ano.

“Estamos programando seis lançamentos de DVDs para 2006. Dos nossos 30 artistas contratados, cinco ou seis vendem mais de 100 mil cópias. O número é alto para um segmento restrito”, garante Macedo. As gravadoras explicam que a grande força motora são os fiéis das igrejas pentecostais. “Eles são líderes de consumo.

Como o louvor da igreja tem bandas e hinos, isso impulsiona a venda de CDs e DVDs”, diz o gerente da Line.

A verdadeira forma de louvar

Interessada em contribuir positivamente para a questão, a Associação dos Músicos Batistas do Estado do Espírito Santo (Ambees) está promovendo um trabalho permanente de conscientização nas igrejas, para que não haja exploração comercial em nome da adoração.

A presidente da associação, Mére Márcia Prado Bello, que também é ministra de Música da Igreja Batista em Itacibá, explica que o trabalho está sendo feito em todo o Estado, durante treinamentos oferecidos pela entidade. “Estamos visitando as regiões mais carentes, onde ainda existem igrejas sem ministérios de música, e procurando suprir as necessidades”, explica, acrescentando: “Acho que o obreiro é digno de seu sustento, mas sou completamente contra a exploração que alguns fazem em nome da adoração. Ajudamos na conscientização, sem interferir, pois com isso sairíamos de nossos objetivos.”

Mére Márcia diz ainda que procura orientar líderes musicais em reuniões, congressos e até mesmo em conversas informais, falando sobre louvor e adoração. Para ela, o crescimento visível do mercado gospel está associado ao “vazio em que se encontram as pessoas e à necessidade de o ser humano viver o sobrenatural.”

É essa ânsia de louvar e buscar a excelência na adoração que preenche o vazio de muitos cristãos, fazendo-os viver o sobrenatural. Se essa procura cessar, não haverá como suprir a necessidade, e o espaço em branco que possa existir aumentará. Por isso, faz parte da vida cristã estar se renovando constantemente, amadurecendo com a Palavra de Deus e se edificando, para que os verdadeiros cristãos se derramem aos pés de Jesus em espírito e em verdade.


Tire suas dúvidas sobre o louvor

Qual o significado de louvor?

O louvor no Antigo Testamento é basicamente definido por três palavras:
BARAK (bendizer)
YADAH (dar graças)
BALAL (aleluia – louvai ao Senhor)

A quem se deve louvar?
Somente a Deus
Não devemos louvar-nos a nós mesmos (2 Coríntios 10:12)

Por que devemos louvar?
Porque Deus é bom (1 Crônicas 16:34)
Para exaltar o poder de Deus (Salmo 21:13; Salmo 103:1-5)
Para que os demônios saiam (1 Samuel 16:22-23)
Para se fazerem conhecidas as obras de Deus (Salmo 105:1-3)
Para nos apresentarmos ao Senhor (Salmo 100:4)
Porque Deus habita nos louvores (Salmo 22:3)

O que acontece quando se louva?
O inferno estremece e os demônios se abalam (1Samuel 16:22-23)
O coração se enche de alegria (Salmo 100:1-2)

Como se deve louvar?
Voluntariamente (Juízes 5:2)
Com instrumentos e cânticos (Salmo 33)
Com palmas e voz de triunfo (Salmo 47:1)
Louvai com danças (Salmo 150:4)
Em Ações de Graças (Salmo 147:7)
Com sacrifícios, que é o fruto dos lábios que confessam o seu nome (Hebreus 13:15)
No santuário (Salmo 150)
De todo o coração (Salmo 9:1-2)

Quando se deve louvar?
A todo tempo (Salmo 34:1)

Quem deve louvar?
Eu e você (Salmo 71:22)
Os anjos (Salmo 148:2)
Os astros celestes (Salmo 148:3)
Tudo o que vive (Salmo 150:6)

E se eu e você não quisermos louvar?
As pedras clamarão em nosso lugar (Lucas 19:36-40)


A matéria acima é uma republicação da Revista Comunhão (Edição nº111 de novembro/2006. Fatos, comentários e opiniões contidos no texto se referem à época em que a matéria foi escrita.

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