Em nossa cultura, orar é falar com Deus sem a necessidade de música; e louvar é falar para Deus com música
Por Erasmo Vieira
Nossa tendência natural é separar o louvor da oração. Como coisas diferentes. Num certo sentido, achamos que louvar é cantar. E que orar é ter uma lista de pedidos e chegar com eles diante do Pai. Bem, isso é perfeitamente compreensível na medida em que Jesus mesmo nos estimula a pedir. Veja Lucas 11:9; Marcos 11:24; Mateus 7:7; João 14:13,14.
De qualquer modo, as duas ações têm os mesmos objetivos: triunfar sobre as circunstâncias; ultrapassar as barreiras da vida; vencer as batalhas; ser zeloso para com as coisas de Deus; realçar a grandeza do Criador; confiar no Poder de Deus.
Em nossa cultura, orar é falar com Deus sem a necessidade de música; e louvar é falar para Deus com música. E as duas coisas ficam separadas. E se juntarmos? Isaías, focando a triste situação do exílio judeu, mas exaltando a libertação, fala de Deus dando ao povo “louvores festivos em vez de desespero” (61:3 NVT). A Bíblia diz que Deus recebe as duas formas. Louvor e oração: Salmo 22:2,3 (NTLH). Louvar em oração ou orar em louvor é um exercício de ação de graças. Agradecemos a Deus pelo que Ele diz ou faz e o louvamos pelo que Ele é.
Certa feita uma professora de EBD ensinava seus alunos a orarem desse jeito. E pediu para que eles fizessem uma oração numa frase que fosse de agradecimento e pedido. Várias orações foram feitas. Mas um dos alunos saiu-se com esta: “Deus, obrigado porque eu pedi e o senhor não me curou na sexta-feira passada. Porque assim eu não precisei ir à escola!”
Sabemos que os Salmos são cânticos de oração. Ou orações com notas musicais. Acho marcantes as repetições dos Salmos 42 e 43. O salmista estava num momento cruel de sua vida. Desanimado e sem esperança. E conversa em oração consigo mesmo e diante de Deus. Nos versos 42:11 e 43:5 explode, orando e cantando com algumas revelações: “Por que estou tão triste? Por que estou tão aflito? Eu porei minha esperança em Deus e ainda o louvarei. Ele é o meu salvador e o meu Deus” (NTLH)
Quando no coral do Seminário do Norte, em Recife, cantamos pela primeira vez o Salmo 100, uma frase ficou se repetindo em minha memória: “Entrai pelas portas dele com louvor e em seus átrios com hinos; louvai e bendizei o seu nome”. (ARC)
Fiquei pensando o que seria isso na prática. E concluí que seria estar na presença de Deus orando e cantando. E a imagem forte da Bíblia que me veio à mente foi a passagem épica de 2 Crônicas 20:21, quando Josafá pede aos músicos para marcharem na frente do exército diante da batalha contra os três exércitos inimigos. Como você imaginaria que estavam, emocionalmente falando, aqueles cantores diante do perigo iminente de morte?
Naquela situação, sua canção se tornou oração. Oração de proteção e livramento e, ao mesmo tempo, o louvor que dizia: “Deem graças ao SENHOR, seu amor dura para sempre!”
Há alguns versículos bíblicos que parecem “soltos”, mas, quando os juntamos com as ideias do todo, fazem sentido. Um deles é Tiago 5:13(NVT): Algum de vocês está passando por dificuldade? Então ore. Alguém está feliz? Cante louvores…” São duas ações que se juntam numa só. Assim, temos: ORAR + LOUVAR = ADORAR
Esse é o jeito de ser um cristão verdadeiro. Porque louvar é muito mais do que cantar uma melodia, é cantar as palavras, seu significado e aplicação, para a honra e provisão de Deus.
Erasmo Vieira é pastor e psicólogo.