Brasil tem peculiaridades compreendidas com perfeição por homens e mulheres de Deus no cenário da literatura cristã
O Brasil não é por tradição um país de leitores. E um bom nível de leitura é imprescindível à formação intelectual da sociedade, pois colabora para a melhora da escrita, da fala e do uso adequado da linguagem e auxilia no desenvolvimento do senso crítico, entre outras coisas.
Mas nações em desenvolvimento sempre sofreram no quesito educação, no qual investimentos insuficientes geram baixa qualidade no setor. O incentivo educacional por parte do Estado não é satisfatório como desejamos e precisamos. Assim como as políticas governamentais, as crises financeiras mundiais, a corrupção e vários outros fatores têm dificultado o acesso ao livro.
Governos anteriores tomaram a iniciativa de desenvolver o Vale Cultura, o que momentaneamente até ajudou para que parte da população tivesse maior acesso à literatura. Contudo, o restante do cenário brasileiro não cooperou para a efetivação da medida. O valor médio do benefício não cresceu e foi rapidamente degradado pela inflação e recorrentes altas do dólar. Consequentemente, o preço do papel subiu e chegou aos livros, o que afastou o consumidor dos produtos literários.
Diante de todas essas condições, fica fácil entender o impacto catastrófico. Por todo o Brasil, parques gráficos, redes gigantes e livrarias menores foram diretamente atingidos, muitos deles fechados, inclusive distribuidoras de literatura cristã.
Contudo, a minha intenção aqui é mencionar que, apesar de toda essa adversidade, as perspectivas são otimistas. Há um número crescente de cristãos, igrejas e ministérios despontando país afora. Em termos de Evangelho, tudo o que se planta nesta terra fértil dá frutos.
As igrejas têm investido em áreas de confraternização para seus membros e visitantes. Espaços que outrora eram destinados apenas a bate-papo, como lounges, áreas de café, restaurantes e pequenas lojas de roupas e acessórios, hoje são utilizados para recepcionar visitantes. Conscientes da necessidade do cristão de crescer na fé, as lideranças também têm disponibilizado livrarias conjugadas a esses espaços.
Da mesma forma, as editoras trabalham para enriquecer seus catálogos com obras cada vez mais interessantes. Isso tem fortalecido o cenário literário cristão brasileiro nos últimos anos. E se antes via-se a palavra “best-seller” apenas no mercado secular, hoje encontramos com maior frequência sucessos de venda em nosso meio.
Outro fator que tem transformado a maneira de ler é o reconhecimento do autor nacional. O brasileiro compreende que, apesar de termos grandes teóricos e nomes de referência que auxiliam os ministérios de todo o mundo a se tornarem cada vez mais relevantes em suas comunidades, nosso país tem peculiaridades que são compreendidas com perfeição por homens e mulheres de Deus. Autores que despontam para mostrar ao mundo o avivamento que estamos prestes a presenciar.
Assim, as editoras buscam auxiliar o desenvolvimento da literatura cristã nacional de alta qualidade. Investimentos diários em novos autores surgem com parcerias para dar visibilidade àquilo que o Senhor tem feito por meio de nossos pastores e líderes.
A literatura também se adapta a um número crescente de leitores digitais. Os e-books estão em plena expansão e, ao contrário do que muitos afirmavam, não atrapalham em nada a venda de livros físicos, podendo até mesmo potencializá-la. Outra forma de chegar ao consumidor de literatura são os audiolivros, obras que podem ser ouvidas enquanto se realizam outras atividades, como dirigir, andar de transporte público ou cuidar de afazeres domésticos. Mais uma opção que desperta o interesse de muita gente.
Temos muito a fazer até nos recuperarmos das crises econômicas e políticas que o Brasil enfrentou nos últimos tempos e ainda enfrenta. Mas é preciso crer que estamos prestes a viver um novo tempo de crescimento e expansão do Evangelho, com a sabedoria que temos pedido para que o Senhor nos provenha.
Sérgio Henrique de Lima é diretor executivo da Editora Vida
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