Andreia Bolzan, que já acompanha mulheres há 15 anos, relatou que a violência psicológica e a moral são as mais comuns no meio evangélico
Por Michelli de Souza
A situação de mulheres cristãs que vivenciam algum tipo de violência dentro de seus lares é uma realidade. Segundo a líder ministerial Andreia Bolzan, que já acompanha esses casos há 15 anos, as vítimas se sentem desencorajadas a se abrirem por terem aprendido que precisam exercitar o perdão. E muitas vezes há o agravante de o agressor também ser membro da igreja e ocupar alguma posição de autoridade, o que pode inibir ainda mais a mulher e tornar o caso mais difícil de ser identificado.
“Na maioria das vezes, existe uma falsa sensação de que nada vai lhe acontecer por estarem no âmbito evangélico. Existe no imaginário a ideia de que o perdão, sobre o qual essa mulher é sempre ensinada, vai permitir que o agressor não sofra nenhum tipo de consequência. Então, no ambiente cristão, isso se apresenta de uma forma muito sutil, fazendo com que as mulheres acabem não tendo liberdade para expor a situação”, contou.

Bolzan ressaltou que há diversos outros tipos de violência contra a mulher, além da física. São elas a psicológica, a moral, a sexual e a patrimonial. De acordo com ela, as violências psicológica e moral são as que mais atingem mulheres que são membros de igrejas.
“Na violência psicológica, a mulher acaba se submetendo e acreditando nas palavras negativas que são ditas a seu respeito. E, ainda assim, ela continua a se relacionar com essa pessoa. Aí entram também todas as questões que envolvem o amor que foi jurado no altar perante Deus”.
Culpa
Bolzan destacou que é comum algumas vítimas se sentirem culpadas pela violência sofrida. Nesse contexto, a líder ministerial acredita que essas mulheres precisam ser encorajadas a falar para que, assim, possam ser ajudadas. Quanto ao papel da Igreja, as lideranças precisam abordar o assunto e esclarecer às vítimas que violência doméstica é crime e deve ser denunciada.
“Nós precisamos estar preparados para lidar com cada situação, trazendo, sim, os ensinamentos de Cristo e a cura que o Espirito Santo pode fazer. Mas informando também sobre as consequências legais previstas para atos violentos cometidos por qualquer cidadão”, salientou.