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quinta-feira, 28 março 2024

A lição dos camelos: na porta estreita, só de joelhos

 “É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus” (Mateus 19: 24).

No tempo de Cristo, as cidades de Jerusalém e Jope eram cercadas por muralhas. Durante o dia, a entrada e a saída davam-se por meio de grandes portões que, porém, eram fechados às l9 horas.  Examinando as muralhas que ainda cercam a velha cidade de Jerusalém, pude ver embutido no grande portão principal,  um outro bem pequeno que, até o dia de hoje, os judeus o denominam “fundo de agulha”.

O pequeno portão tem em torno de um metro de altura e o camelo possui quase dois metros. Aí está a dificuldade de se ultrapassar o “fundo de agulha” tão pequeno. Os viajantes que chegavam com seus camelos à noite passavam; mas, com muita dificuldade, e sob certas condições, a saber:

─ Os camelos não conseguiam passar carregados, porque o “fundo de agulha” é estreito.

─ Os camelos só o faziam de joelhos, porque “fundo de agulha” é mais baixo do que eles.

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Carregados, era impossível ajoelharem-se, nem tampouco podiam pretender passar pelo minúsculo portão. O animal tinha de confiar que alguém tiraria as coisas materiais de seus lombos. Além disso, era necessária uma atitude de obediência, capaz de produzir mudança de postura, porque, a seguir, era indispensável ficar de joelhos. E, para um camelo, imagino ser extremamente difícil. Eis a síntese da lição: desapego, confiança e submissão.

O texto de Mateus 19:24 não sugere que é impossível a um rico ir para o Céu. Para Deus nada é impossível. Ademais, o Senhor olha para o nosso coração, e não nos vê pela conta bancária. Mas contém um alerta para o risco do apego obsessivo às coisas materiais que pode conduzir à inversão de valores ─ a raiz de todos os males (1 Timóteo 6:10) ─ que consiste em amar as coisas que deveriam ser usadas; e usar as pessoas que deveriam ser amadas.

Realmente, não é fácil para todo homem opulento quebrantar-se diante de Deus, submetendo-o confiantemente à Sua vontade, pois o fascínio mundano é contagioso e sedutor. Extasiados e autossuficientes, não poucos trilham pelo caminho perigoso de inanição espiritual. Parafraseando Êxodo 32:9, podemos dizer que, nestas condições, com dura cerviz e cépticos, muitos deles dominados pela arrogância e prepotência se corrompem, embora alguns, no fim, percebem que abraçaram sombras e correram atrás do vento.

Todavia, para que sejam contabilizados os dividendos celestiais, ao curvarmos, a nossa postura corporal deve estar em sintonia com a espiritual, quebrantada e submissa ante a vontade soberana do Altíssimo, porque aquela é um simbolismo desta quando tomada pela fé, conscientemente, em nosso coração.

Assim, a cruz marcará as nossas vidas de tal forma que o nosso EU será destronizado, e Jesus Cristo entronizado, glorificado e honrado como Senhor e Salvador.

Sem dúvida, há um significado especial e transcendente em ficar de joelhos que vai além da postura física. Ficar de joelhos não é somente mudança corporal momentânea. Deve preceder há uma atitude de desapego ao material, confiança e obediência ao Pai Celestial. Envolve sinceridade, comprometimento e comportamento diferenciado, sinalizador de nova vida, sem a qual é impossível passar pela porta estreita.

A porta que conduz à Vida Eterna é estreita (Mateus 7: 13 e 14). Somente é possível passar por ela de joelhos, com pensamento, sentimento e ação sintonizados com os valores do Reino. Caso contrário, realmente, será mais fácil a um camelo passar por aquele “fundo de agulha”.

Clovis Rosa Nery. Psicólogo, autor de 11 livros e membro da PIB Vitória


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