Deputados não concordam com verbas destinadas a grupos de estudos LGBT e propõem cortes no orçamento universitário em nome dos valores conservadores
Por Patrícia Esteves
O debate sobre o financiamento público para estudos LGBT em universidades do Texas tem gerado grande controvérsia, especialmente com a recente proposta de alguns legisladores do estado de cortar orçamentos das instituições que promovem esses programas. O movimento, liderado pelo deputado estadual Brian Harrison, reflete um confronto entre os valores conservadores e o que ele considera uma “doutrinação esquerdista” nas universidades. De acordo com Harrison, os recursos dos contribuintes do Texas não devem ser usados para subsidiar currículos que contrariem os princípios de muitos cidadãos, incluindo aqueles que se opõem às ideologias de gênero e aos estudos de sexualidade em ambientes acadêmicos.
Em uma carta de 21 de novembro, Harrison, junto com outros legisladores, se opôs à expansão de programas que isentam a mensalidade de estudantes de famílias com renda abaixo de US$ 100.000, que inclui instituições da Universidade do Texas. Eles argumentam que, ao financiar estudos LGBT, o estado estaria patrocinando algo que muitos consideram uma ideologia contrária aos seus valores mais profundos. “Estou farto dos dólares dos impostos dos meus impostos sendo usados como armas contra eles, seus valores e seus filhos”, afirmou Harrison, criticando o uso de recursos públicos para tais programas.
A resposta dos opositores foi clara: a deputada estadual democrata Donna Howard refutou as acusações, explicando que “não há dinheiro de impostos envolvidos” nos custos relacionados aos estudos LGBT. Segundo Howard, as universidades públicas, por meio de suas doações e ações filantrópicas, estão apenas cumprindo metas de acessibilidade, sem desvirtuar o uso dos recursos públicos. Ela argumenta que a nova política visa ampliar as oportunidades educacionais para famílias de baixa renda, sem comprometer a neutralidade política das instituições.
Apesar das defesas dos programas de apoio ao financiamento educacional, o discurso de Harrison ressoou com outros legisladores republicanos, que insistem que a questão vai além do simples financiamento educacional, tratando-se de uma resistência à promoção de valores que consideram progressistas e incompatíveis com os princípios da liberdade individual e da liberdade religiosa. A postura de Harrison também reflete uma crescente desconfiança nas políticas de diversidade, equidade e inclusão (DEI) que têm sido implementadas em várias universidades, políticas essas que ele acredita estarem conduzindo as instituições públicas a um “sistema de doutrinação”.
O futuro dessa proposta legislativa ainda é incerto, mas o cenário no Texas está longe de ser resolvido, pois a disputa sobre os rumos da educação superior e sobre como os valores culturais devem ser incorporados nas políticas públicas está longe de ser resolvida. Como destaca Harrison, “o Texas deve se tornar o bastião da liberdade que todos fora do Texas pensam que somos”. Assim, o estado continua a ser palco de intensos debates sobre o papel da educação pública e a questão de como as ideologias são, ou não, promovidas com o apoio de recursos públicos. Com informações de Christian Post