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sexta-feira, 19 abril 2024

Juvep promove evangelização de Ciganos

Quinze missionários do projeto Juvep fazem trabalhos de evangelização com o povo cigano no município de Sousa (PB). Presos a um sistema de crença milenar, os ciganos são conformados com a situação em que vivem e são certos de que a sua crença básica garante salvação a todos. Com muitas dificuldades e vistos com preconceito, o grupo da Juvep, que atua há dois meses no lugar, quer implantar o evangelismo e coordenar o projeto ‘Mandala’, desenvolvido pelo Sebrae.

Tudo começou quando o pastor da Juvep, Cesário de Paula dava aula de Teologia Bíblica de Missões aos alunos do Seminário Teológico Sertanejo de Sousa da Missão Juvep.

“Sabia da existência deles na região, quando fomos fazer uma pesquisa antropológica e descobrimos uma realidade social, econômica e espiritual sem precedentes na história do sertão. Lembro que falei pra turma que todos os povos deviam ser alcançados, inclusive os ciganos. Naquele momento um aluno disse que se dependesse dele todos os ciganos iriam para o inferno. Aquilo me chocou e resolvi levar os alunos para fazer pesquisa no meio do povo cigano”, conta Cesário.

No total, são três comunidades ciganas, com aproximadamente mil membros liderados por ciganos-chefes. Existe certa rivalidade entre elas, sendo mais um dos muitos problemas enfrentados na comunidade alternativa. O povo cigano é dividido em duas etnias, a Calon (nordeste) e a Rom (sul). As duas tem uma cultura muito diferenciada e peculiar em relação a qualquer outra, baseado na crença e prática mística de adivinhação, com profundo sincretismo e crenças pagãs. Entre eles existem alguns que são Testemunhas de Jeová.

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Para dar início ao trabalho os missionários foram até os chefes do grupo, que deram plena autorização para ter acesso aos demais, mas ainda desconhecem quais os recebem de boa vontade de acordo com Cesário. “Eles são bem atenciosos e hospitaleiros, mas nem todos. Há uma dificuldade em saber quando eles estão sendo íntegros de fato ou só estão interessados em alguma coisa, afinal, eles não têm compromissos com nada, somente interesses pessoais e somente com a convivência saberemos dizer”.

O pastor Cesário conta que a evangelização é feita debaixo de árvores e no Centro de Desenvolvimento Calon, espaço construído pelo governo federal. De acordo com depoimento da maioria dos ciganos dado ao pastor Cesário, nada foi feito após a construção do espaço, mesmo com muitas promessas.

No Brasil o trabalho com ciganos é bem restrito por enquanto, mas o interesse em evangelizar esse povo é grande. No sul a Missão Amigos dos Ciganos (Maci), sob coordenação do pastor Igor Shimura, convida outras igrejas a desenvolverem pequenos ministérios para apoiar o desafio. Um desses núcleos é a Igreja Batista Aliança no bairro Vila Sandra, em Curitiba (PR). De acordo com o pastor Igor, os cultos são as terças-feiras, realizado na tenda do líder do acampamento. Além de ministrarem a Palavra de Deus, os missionários oferecem assistência médica.

No mês de fevereiro os pastores Igor Shimura e Valdir, ambos da Missão Amigos dos Ciganos, deram treinamento aos missionários da Juvep para que esses se aproximassem e ganhassem a confiança de um povo que não vota, não tem residência fixa e não se curva diante de nenhuma autoridade, sendo assim, um povo sem prestígio de qualquer governo. O pastor Valdir que é da etnia Calon, colaborou muito abrindo portas para a missão e gerando boas amizades entre missionários e ciganos.

Por se sentirem discriminados e mal vistos para a sociedade, eles criam uma barreira e discriminam quem não pertence ao grupo, dificultando relacionamento e a aproximação de quem quer falar de Jesus. “Há um estigma muito forte, podemos dizer preconceito em relação aos ciganos. São vistos como um povo preguiçoso e trapaceiro, que aproveita a boa vontade das pessoas para pedir dinheiro. Essa falta de confiança e preconceito faz com que a sociedade e até mesmo a igreja isole essa comunidade alternativa”, acrescenta Cesário.Cesário informou que no momento, nessa fase de relacionamento, o trabalho está direcionado na arrecadação de doações, desde roupas e calçados até alimentos. “Eles se tornaram sedentários e moram em casas de alvenaria ou de taipá. Não tem nenhuma estrutura digna, o esgoto corre a céu aberto, num grau absoluto de pobreza”.

O projeto Mandala, em paralelo com o evangelismo, visa o bem-estar social da comunidade cigana. Com informações de Cesário na região têm muitos casos de produção agrícola com bons resultados e o ‘Mandala’, nome do projeto piloto do Sebrae, visa implantar e ensinar as famílias ciganas a lidar com horta pelo exercício de Horticultura, além de tirar da terra o próprio sustento. “Os ciganos não tem capacitação industrial, dificultando a qualidade de vida deles. É uma tentativa, pois não sabemos, de fato, se existe vocação agrícola deste povo e eles têm pedido muito este projeto. Esperamos que com isso, a qualidade de vida deles prospere se é que existe alguma qualidade”, conta Cesário.

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