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quarta-feira, 11 DE setembro DE 2024

Justiça de SP suspende implementação de escolas cívico-militares

Foto: Divulgação/PM São Joaquim

O desembargador Figueiredo Gonçalves estabeleceu que a proposta ficará suspensa até julgamento do STF em ação por inconstitucionalidade  

Por Patricia Scott

A Justiça de São Paulo determinou a suspensão da implementação do programa Escola Cívico-Militar, após um pedido de liminar do Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo (Apeoesp). A decisão do desembargador Figueiredo Gonçalves estabelece que o programa ficará suspenso até que o Supremo Tribunal Federal (STF) decida sobre a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) relacionada ao assunto.

O programa, uma iniciativa do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), começou a tomar forma depois de ser aprovado pela Assembleia Legislativa (Alesp) em maio. Com esse projeto, as escolas que adotarem o modelo terão pelo menos um policial militar da reserva atuando como monitor, com a finalidade de promover atividades extracurriculares além das disciplinas tradicionais.

O objetivo do governo estadual é melhorar os índices escolares em São Paulo. No entanto, especialistas em educação têm criticado o modelo, alegando que não há evidências de que o sistema cívico-militar melhore o desempenho acadêmico.

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Segundo o governo de SP, com o programa, há mais uma opção para que as famílias possam escolher a melhor escola para os filhos. Foi divulgado ainda que o processo passará por consulta escolar para garantir uma relação harmoniosa.

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De um total de mais de 5 mil escolas na rede estadual, 304 expressaram interesse no novo modelo. A Apeoesp argumenta que a lei que criou o programa apresenta “vício formal” devido à falta de “competência legislativa”.

Sem abuso de autoridade 

A pedagoga Elvira Muniz, do Lar Batista da Criança, em São Paulo, apoia a implementação de escolas cívico-militares, desde que não haja abusos de autoridade que possam causar danos irreparáveis aos estudantes. Ela observa que muitas crianças atualmente vivem em famílias desestruturadas e sem limites claros, o que resulta em dificuldades emocionais significativas e uma necessidade urgente de regras e limites.

Justiça de SP suspende implementação de escolas cívico-militares
Elvira Muniz é favor das escolas cívico-militares desde que não haja autoritarismo – Foto: Arquivo Pessoal

Elvira destaca que a segurança nas escolas é um fator crucial, especialmente diante dos crescentes casos de violência e tragédias em ambientes educacionais. Ela acredita que a presença de uma abordagem cívico-militar pode promover um maior respeito entre os alunos e para com os professores, valorizando o trabalho desses profissionais. A educadora também considera que as escolas se beneficiariam de uma melhor conservação e que os funcionários seriam tratados com mais respeito, desde que os militares atuem com sensatez e não com autoritarismo.

No entanto, Elvira aponta que a resistência ao modelo cívico-militar se origina, em parte, da falta de profissionalismo entre alguns militares, que comprometem a imagem da corporação com comportamentos inadequados e abusos de autoridade. Ela argumenta que a inclusão de militares nas escolas deve ser cuidadosamente planejada, com uma abordagem de apoio e colaboração, e não imposta de maneira autoritária.

Disciplina e respeito

O pastor Wagner Escatamburgo é favorável ao modelo de escola cívico-militar. Isto porque a violência que há nas escolas é uma realidade vista pela sociedade, contra os professores e entre alunos, além do consumo de drogas e a presença do tráfico nas escolas que tem aumentado, consideravelmente.

Justiça de SP suspende implementação de escolas cívico-militares
O Pr. Wagner Escatamburgo destaca o foco da disciplina nas escolas cívico-militares – Foto: Arquivo Pessoal

Assim, “não há registros de indicadores que desfavoreçam esse tipo de modelo escolar. Muito pelo contrário, os pais dos alunos que frequentam essas escolas dizem que a disciplina é louvável e notável”, destaca pastor da Assembleia de Deus – Ministério Vale das Virtudes, em São Paulo, e acrescenta: “Em Provérbios (96.23; 10.17) está registrado sobre a importância da disciplina no processo educacional”.

Outro ponto destacado pelo pastor é a segurança oferecida à comunidade escolar. “A presença do militar traz segurança para os alunos, professores e para os próprios pais, porque há inibição da violência, seno ressaltada a disciplina, o respeito e o limite”, comenta o pastor Wagner.

Em contrapartida, o líder religioso admite que inúmeras pessoas são contrárias a essas escolas. Algumas afirmam que os estudantes são reprimidos, o que coíbe a individualidade do jovem, já que a educação é autoritária. No entanto, os resultados e indicadores dos alunos mostram totalmente ao contrário a esta negativa, às escolas cívico-militares têm proporcionado melhores empenhos e desenvolvimento para família e sociedade”

Competência da União

O desembargador Figueiredo Gonçalves considera que o programa pode estar invadindo a competência da União, ao legislar sobre diretrizes da educação escolar e impor um modelo pedagógico específico. Ele também destaca que a seleção de policiais militares da reserva como monitores escolares pode violar a Constituição Federal, que define funções específicas para esses profissionais e estabelece que a carreira educacional deve ser acessada por meio de concurso público e planos de carreira.

Figueiredo Gonçalves observa que, embora não se imponha uma interpretação definitiva sobre a inconstitucionalidade da lei estadual, há controvérsias significativas que justificam a suspensão cautelar do programa até uma decisão final sobre o tema.

Militares e educadores

O secretário da Educação, Renato Feder, esclareceu em defesa da proposta que a adesão ao programa será opcional para as comunidades escolares e que as escolas localizadas em áreas com alta incidência de criminalidade serão priorizadas. Os policiais militares envolvidos serão aposentados e atuarão desarmados.

O modelo propõe uma combinação de militares, responsáveis pela disciplina dos alunos, e profissionais da educação, encarregados do conteúdo acadêmico. Feder enfatizou que cada escola participante terá pelo menos um militar da reserva subordinado ao Diretor Pedagógico, com a atuação restrita ao projeto do programa.

De acordo com o projeto de lei, as atividades extracurriculares serão formuladas em colaboração entre a Secretaria da Educação (Seduc) e a Secretaria da Segurança Pública (SSP), baseadas em diretrizes como “valores cidadãos”, “civismo, dedicação, excelência, honestidade e respeito” e habilidades para um exercício consciente da cidadania.

Critérios para adesão ao programa de SP

Os colégios municipais e estaduais de ensino fundamental, médio e educação profissional podem participar voluntariamente. O programa é destinado exclusivamente às escolas públicas.

Para seleção das instituições de ensino incluem:

  • Aprovação da comunidade escolar
  • Índice de vulnerabilidade social
  • Índices de fluxo escolar
  • Índices de rendimento escolar

Além disso, a escola interessada não pode:

  • Oferecer aulas no período noturno
  • Ser uma instituição rural, indígena, quilombola ou conveniada
  • Ter gestão compartilhada entre Estado e municípios
  • Oferecer exclusivamente ensino para jovens e adultos
  • Ser a única unidade escolar da rede pública de ensino que oferece ensino fundamental e médio regular na zona urbana do respectivo município

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