Diante de tragédias como a que aconteceu em 18 de junho na cidade Charleston, no estado norte-americano da Carolina do Sul – onde um jovem branco matou a tiros nove membros de uma igreja metodista – as reações naturais são de indignação, choque e tristeza. O ódio racial, a lamentável motivação para esse crime, nasceu do preconceito de cor. Mas o preconceito não ocorre só lá, nem discrimina apenas a cor.
Questões como o gênero, a orientação sexual, o grau de instrução, a classe social,
a aparência física e a crença religiosa, entre outras, também representam, com frequência, estopins capazes de deflagrar a intolerância dentro de nós. Neste mesmo mês de junho, por exemplo, a imprensa nacional divulgou o fato lamentável de uma menina de 11 anos que foi apedrejada no Rio de Janeiro porque estava saindo de um centro espírita.
E se o preconceito e a intolerância são atitudes condenáveis em qualquer pessoa, num cristão elas são inadmissíveis. Devemos amar de maneira incondicional. Amar o próximo, independentemente de qualquer uma de suas características, é um mandamento de Deus. Nosso amor precisa ser um espelho do amor divino, que não faz acepção de pessoas. “O mandamento que Cristo nos deu é este: quem ama a Deus, que ame também o seu irmão”, ensina João (1 João, 4:21 NTLH).
No Brasil, crescemos ouvindo que este é o país da miscigenação, quase um paraíso na Terra, onde não há discriminação de cor e onde a tão cantada cordialidade do povo acolhe a todos de braços abertos. No entanto, basta um olhar apenas um pouco mais atento para vermos que a realidade não é bem assim.
Todos conhecemos pessoas que têm amigos negros, mas que não querem que seus filhos namorem um negro. Que se dizem abertos às diferenças, mas se afastam quando veem um sem-teto ou um travesti. Que não tomam partido para impedir atos discriminatórios ou violentos. Todos esses tristes fatos, e muitos outros, que diariamente chegam a nós pela mídia, revelam os mais diversos tipos de preconceito, e deveriam provocar profundas reflexões em cada igreja e em cada cristão. Precisamos buscar invariavelmente a prática dos valores bíblicos em todas as esferas de nossas vidas, e o amor ao próximo – que se opõe ao preconceito – não pode ficar de fora desse processo, sob pena de pecarmos por desobediência. “Ame os outros como você ama a você mesmo. Quem ama os outros não faz mal a eles. Portanto, amar é obedecer a toda a lei.” (Romanos 13:10 NTLH).
É tempo de amarmos mais e discriminarmos menos. Sermos mais solidários e manifestar nosso amor ao próximo com a mesma veemência com que nos proclamamos cristãos. E isso começa dentro da Igreja, inclusive na comunhão com nossos irmãos.
Pensem nisso. Boa leitura!
Mário Fernando Souza
Editor Executivo