Não apenas mais estressados, como também mais ansiosos e depressivos, de acordo com uma recente pesquisa. Mundo digital seria fator determinante
Por Cristiano Stefenoni
Foi o tempo em que estresse, ansiedade e depressão eram coisas de gente mais velha. Os novos estudos revelam exatamente o contrário. Uma pesquisa recente da consultoria em saúde Vittude – realizada com 24 mil pessoas – revelou que mais de 27% da Geração Z (nascidos entre 1998 e 2010) afirmaram ter ansiedade, enquanto que 36,48% deles têm estresse e 27,49% depressão.
Para efeito de comparação, no caso dos Baby Boomers (nascidos entre 1943 e 1962) esses percentuais são bem menores, sendo a ansiedade (5%) e o estresse (7,5%). De acordo com Tatiana Pimenta, CEO da Vittude, uma análise dos números mostra que esses transtornos estão diretamente ligados ao uso em excesso da tecnologia.
“É preocupante ver que as novas gerações são as mais afetadas emocionalmente e mentalmente hoje em dia. Quando olhamos para os números, podemos traçar um paralelo entre o aumento do desenvolvimento de transtornos mentais com o aumento de contato com a tecnologia. A geração que registrou maiores índices de transtornos é também a primeira geração nativa digital, ou seja, que já nasceu em um ambiente completamente digital; diferente das outras que passaram a ter esse contato no decorrer da vida”, avalia Pimenta.
Além disso, a CEO afirma que a busca frenética pelo sucesso profissional também tem contribuído para todo esse desgaste emocional dos jovens, principalmente, porque o mercado de trabalho caminha cada vez mais para a digitalização e a adoção de novos canais digitais de comunicação.
“A sobrecarga das plataformas digitais, ferramentas tecnológicas e a exposição excessiva dos colaboradores às informações e demandas constantes contribuem para o aumento de casos de burnout, ansiedade e depressão”, afirma.
Ela lembra ainda da importância das empresas olharem com muita atenção para a saúde mental dos jovens profissionais, de modo que toda uma geração não tenha sua produtividade comprometida.
“Por isso, não cabe mais olhar a saúde mental como um pilar de benefício oferecido aos colaboradores. O cuidado emocional precisa ser integrado e consistente, e exige atenção e dedicação através da promoção de programas estratégicos para os colaboradores. Afinal, isso impacta o bem-estar, motivação, desempenho e produtividade das equipes”, acrescenta Tatiana.