“Como cristãos que aguardam o retorno de Cristo, sabemos que até lá temos o papel de exercermos os mandatos cultural, social e espiritual”
Por Patricia Scott
Durante o mês de março, a organização missionária JOCUM (Jovens com uma Missão) promove uma campanha de oração pelas mulheres em situação de vulnerabilidade. Para cada dia, há um motivo específico para intercessão.
Nas redes sociais, a JOCUM está convidando os cristãos brasileiros a aderir a iniciativa, inclusive disponibilizou uma cartilha com os pedidos de oração. No guia são divulgadas ainda as diversas formas de violência contra a mulher: mutilação genital, estupro, violência doméstica e sexual, tráfico humano, racismo, abuso moral, feticídio, infaticídio.
- Como ter o coração de Maria no mundo de Marta
- Não existe oração forte ou fraca, afirma o pastor Luciano Subirá
“Escrever a cartilha foi sem dúvida nenhuma perceber que Deus cuida da mulher em toda a História”, revela Mariana Ventura, obreira da Jocum Casa, que atua na área de treinamento e discipulado em Cosmovisão e Sexualidade.
Mariana justifica a necessidade da oração, já que as Escrituras enfatizam que homem e mulher são Imagem e Semelhança de Deus (Gênesis 1.27). “Esta afirmação já deveria ser o suficiente para olharmos para nossas irmãs com dignidade, zelo e amor. Ao final do decálogo (Mateus 22.37–39) Jesus afirma que o grande mandamento da Lei é amar a Deus acima de todas as coisas e ao nosso próximo como a nós mesmos”.
Na visão de Mariana, é responsabilidade da igreja orar, amparar e cuidar de mulheres que têm sofrido. “Como cristãos que aguardam o retorno de Cristo, sabemos que até lá temos o papel de exercermos os mandatos cultural, social e espiritual. Enquanto essas mulheres ainda sofrem o risco de não conhecer o seu Senhor, precisamos lembrar que os campos já estão brancos e cumprir com o Ide”.
A missionária da JOCUM salienta também que as mulheres são violentadas e discriminadas ao longo do tempo. Isso ocorre, segundo Mariana, como o resultado da queda da humanidade. “Após a queda, relatada em Gênesis 3, a mulher tem sido atacada fisicamente, emocional e espiritualmente, chegando até mesmo a duvidar de sua característica de filha de Deus. Uma crise de identidade ‘domina’ e no meio cria-se espaço para falácias que se encaixam em dores e traumas”.
Dados estatísticos
Cerca de 17 milhões de mulheres sofreram violência física, psicológica ou sexual no Brasil em 2020, segundo pesquisa do Instituto Datafolha, encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). O levantamento considera o período compreendido pela pandemia da Covid-19, iniciada em março de 2020.
Durante o período pandêmico, houve aumento nos casos de violência doméstica. De acordo com outra pesquisa do Instituto Datafolha, este tipo de violência sofrida por mulheres representa 48,8%.