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quinta-feira, 18 abril 2024

João Mordomo: O desafio de evangelizar e plantar igrejas

Co-fundador da Crossover Global, movimento missionário de plantação de igrejas no mundo fala do desafio de pregar o evangelho entre os povos não alcançados

Por Priscilla Cerqueira 

Você estaria disposto a sair da sua zona de conforto, que é pastorear uma igreja, com salário e casa organizada, para ir a uma terra inóspita, em um lugar desconhecido e perigoso para ser missionário?

Foi o que fez o pastor João Mordomo, que, junto com Bill Jones, fundou há 33 anos, a Crossover Global, que é um movimento global missionário, que já plantou mais de duas mil igrejas entre grupos não alcançados em alguns dos países mais difíceis do mundo para o evangelho.

Formado em Sociologia com mestrado em Teologia Aplicada, e doutorado em Estudos Interculturais, João entendeu de Deus um chamado para missões transculturais. “Meu foco é enviar o evangelho para o povo não alcançado através de plantações de igrejas, pois assim trazemos transformação espiritual, ambiental e econômica”, afirma.

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Nesta entrevista à Comunhão, João discute a estratégia que têm usado para o plantio de igrejas através da organização.

No Brasil há 25 anos, ele viaja o mundo despertando a liderança evangélica para a ‘grande comissão’ de fazer discípulos e alcançar povos não alcançados pelo evangelho, através da liderança e ‘business as mission’ (missão empresarial).

E ainda traz uma dica do que os líderes mais jovens de hoje podem fazer se tiverem grandes sonhos para o reino. Confira!

Estamos enfrentando tempos bastante turbulentos para a igreja evangélica mundial desencadeado pela pandemia de covid-19. Quais os maiores desafios da liderança hoje? Como enfrentar essas dificuldades cumprindo o Ide?

Esses momentos turbulentos são grandes oportunidades para a igreja demonstrar o poder do evangelho. Devemos pregar a palavra, o amor e o poder de Deus, que é a verdade, e também, viver de acordo com tudo que entendemos como sendo princípios bíblicos. Vamos poder impactar o mundo pela qualidade das nossas vidas, pela forma inteiro foi impactado pela pandemia e isso nos trouxe uma necessidade de repensar nossos modelos de ser igreja. Em menos de um ano, fomos forçados a repensar sobre o uso da tecnologia. A igreja pode agir e se manifestar de forma diferente.

Nunca vamos abrir mão dos encontros presenciais, porém, não teremos cultos grandes aos domingos, e sim, pequenos grupos reunidos. Mas, temos que perceber o poder da virtualidade e da tecnologia para promover e propagar o evangelho. Podemos usar os aplicativos como o JFA, que dispõe de várias traduções e versões diferentes da Bíblia e ferramentas para alcançar e evangelizar pessoas no mundo inteiro.

João Mordomo: O desafio de evangelizar e plantar igrejas

Um dos maiores desafios da liderança evangélica hoje é adaptar-se ao novo, aproveitando os recursos tecnológicos avançados, para equipar a igreja e evangelizar pessoas, sem desvalorizar modelos antigos. Mesmo com as dificuldades, temos que encontrar formas criativas e relevantes de irmos até as pessoas. Em todo o mundo são sete mil povos não alcançados pela graça, então, é um desafio para a igreja na terra.

Você é co-fundador da “Crossover Global”, que atua na plantação de igrejas multiplicadoras no mundo. Em 8 anos, foram implantadas mais de duas mil entre povos não-alcançados. Quais estratégias missionárias usadas para se chegar a esse resultado?

Nós usamos uma estratégia que chamamos de Ciclo de Multiplicação do Ministério (MMC), baseada em quatro táticas, que foram usadas por Jesus e aqueles que Ele treinou e que eles subsequentemente treinaram. Passamos dois anos estudando o ministério de Jesus e descobrimos uma enorme ênfase na multiplicação e mobilização.

A medida que Jesus transformava pessoas em novos crentes, através da evangelização, os novos convertidos se tornavam seguidores comprometidos. Outra estratégia na Crossover Global é que a ‘Grande Comissão’ não é algo que acontece do Ocidente para o resto do mundo, mas do alcançado para o não-alcançado. Somos uma organização norte-americana que trabalha verdadeiramente global.

Nos últimos 10 anos a população evangélica no Brasil cresceu 61%, segundo o IBGE. No entanto há uma boa parcela de pessoas que não conhece a Cristo. Conhecendo outros povos no mundo e estando no Brasil há 25 anos, qual análise que faz de ‘missões’ no Brasil?

Temos tido um movimento forte de crescimento da igreja evangélica nos últimos 50 anos. Em 1970, apenas 5% dos brasileiros eram evangélicos. Esse crescimento é fenomenal, rápido, abrangente, mas relativo, comparando com outros lugares do mundo.

A igreja brasileira não tem raízes e nesse sentido não há uma seriedade para com missões entre povos não alcançados. Uma igreja plantada, se não nascer com uma visão missionária entre as esferas da sociedade e também entre os povos não alcançados, não será uma igreja saudável.

João Mordomo: O desafio de evangelizar e plantar igrejas

Em termos de desafios, estamos enfrentando vários no Brasil, um deles é a falta de visão. São cerca de 10 mil missionários enviados, número extremamente baixo. Para cumprirmos a ‘grande comissão’, temos que ser obedientes como igreja, enviar missionários e investir no que for necessário. Muitas igrejas não têm essa visão.

O missionário é uma pessoa que foi chamada para fazer o que muitos não querem fazer. Falta dinheiro para missionário porque falta visão das igrejas para missões. Necessidades espirituais existem no mundo inteiro, inclusive em países alcançados, mas o nosso chamado é proporcionar acesso ao evangelho para todos os povos. Temos igrejas locais no Brasil, e quem não foi chamado para um ministério transcultural, tem chamado para impactar a vizinhança, a comunidade e a sociedade brasileira. Os cristãos que estão no Brasil têm que continuar atendendo as necessidades espirituais dos crentes. E isso não é desculpa para não enviar missionários para os povos não alcançados porque a ordem é proporcionar acesso a Jesus Cristo para todas as criaturas de todos os povos. Quando um povo não é alcançado, alguém tem que sair de um lugar ir para outro para evangelizar e plantar igrejas

Qual ao poder dos negócios como missões? Como podemos usá-las para levar o evangelho e quais resultados tem sido possível alcançar através do empreendedorismo?

Todos os crentes, através de suas atividades profissionais ou empregos de forma geral, tem que ser capacitados para impactar a sociedade, a comunidade e as nações. Temos que alinhar a nossa visão com a da Bíblia. Todo o corpo de Cristo tem o privilégio e o chamado para engajar na missão de Deus de alguma forma, especificamente os profissionais de negócios, empreendedores e empresários.

João Mordomo: O desafio de evangelizar e plantar igrejas

O que nós temos que fazer no Brasil hoje é incentivar crentes a serem missionários como empreendedores. Temos que oferecer treinamentos, com uma visão bíblica e missiológica, para que eles entendam que empreendedorismo missionário existe. Pela primeira vez na nossa história, nos últimos três anos, temos uma incubadora de empresários que querem ser ‘empresas do reino’, com o objetivo de fazer missão empresarial. Também temos um fundo de investimentos na América Latina, que existe especificamente focado nesse tipo de empresa. O empresário cristão já estabelecido tem que ver como ele pode mentorear jovens empreendedores para abrir empresas missionárias.

Dentre os milhares de povos não alcançadas pelo evangelho no mundo estão os muçulmanos, hindus, budistas e ciganos, no caso do Brasil. Qual o maior desafio de alcançá-los para Cristo?

O maior desafio que temos hoje é que temos que alcançar povos grandes. Precisamos pensar em uma comunidade grande de fé, corpo de Cristo, família de Deus, com cada um na sua função, que pode ser trabalhada em equipe, superando grandes desafios. Esses grupos, muçulmanos e budistas, por exemplo, não são necessariamente resistentes ao evangelho, o problema são os governos, que são contra o cristianismo por saberem que Deus tem poder e que as pessoas vão mudar, na medida em que encontrarem Cristo. No Irã, existe um movimento muito grande de cristãos que estão se tornando crentes e missionários porque estão encontrando o poder do evangelho.

Mesmo correndo risco de vida, abandonam o islamismo, pois não atendem suas necessidades. O cristianismo é a única religião de graça, onde a graça, misericórdia, amor, perdão e redenção de Deus é estendido através da pessoa Jesus Cristo. Por isso, encontrar o evangelho, muitas vezes, é um alívio, um presente, uma oportunidade que muitas pessoas vão abraçar. Mas precisamos mandar o evangelho, através de tecnologia antiga, como imprimir bíblias, folhetos, rádio, internet, balões como é o caso da Coreia do Norte, para que as pessoas aceitem Jesus.

Que conselhos daria aos líderes mais jovens de hoje que sonham em começar algo grande para Deus sem perder o foco e tendo resultados?

Quando pensamos fazer grandes coisas para Deus, devemos primeiro perguntar: ‘Senhor, como eu posso ser melhor para Sua glória?’ Podemos dialogar com Deus sobre como Ele pode estar nos chamando para fazer algo grande por Ele.

Também temos sempre trabalhar com integridade, custe o que custar. Se olharmos as pessoas de destaque ao longo da história da redenção, elas perceberam que sem caráter, sem integridade, sem uma base e princípios bíblicos e sem um agir coerente com esses princípios não seriam capazes de fazer coisas grandes para Deus. Nosso chamado é sermos obedientes, fiéis e frutíferos. Nosso compromisso com Deus e nossas ações feitas pela fé e na fé, irão trazer frutos para Deus, é isso que queremos.

Se você acha que Deus está lhe chamando para sonhar e depois fazer algo grande, isso é fantástico. Só não faça isso sozinho! Junte uma equipe e então comecem um grande projeto juntos. Conseguimos ir mais longe e melhor, quando vamos juntos.

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